Coca-Cola é processada por propaganda enganosa nos EUA

Grupo de consumidores apresentou ação contra bebida Enviga, anunciada como um produto que queima calorias, mas que não causa esse efeito.
Um grupo de consumidores dos Estados Unidos apresentou uma ação judicial contra a Coca-Cola por considerar que a bebida Enviga, anunciada como um produto que queima calorias, não causa esse efeito no organismo.

A demanda foi apresentada em Nova Jersey, um dos três estados onde a bebida é vendida - os outros são Nova York e Filadélfia. No entanto, hoje o produto começou a ser distribuído no resto dos EUA.

No texto da ação, o "Grupo pela Ciência de Interesse Público", com sede em Washington, alega que a multinacional cometeu propaganda enganosa ao defender, com argumentos científicos, que a bebida queima calorias.

A Coca-Cola anunciou em novembro o lançamento do seu novo produto, carbonatado e com cafeína, além de um antioxidante presente no chá verde, o EGCC (epigallocatechin gallate), que acelera o metabolismo e, supostamente, o consumo de energia.
A companhia afirma que o consumo de três latas de Enviga (de cerca de 300 ml cada) faria que um indivíduo normal, sem estar acima do peso, queimasse entre 60 e 100 calorias.
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Mas o grupo de consumidores, que submeteu o produto a um teste entre usuários de Nova Jersey, afirma exatamente o contrário. Eles apontam que a bebida provoca um resfriamento do metabolismo e, portanto, a queima de menos calorias.

"Uma pessoa precisa queimar 3.500 calorias para perder uma libra (454 gramas)", explica a ação.

Ou seja, no melhor dos casos, e de acordo com a teoria de Coca-Cola, "uma pessoa deveria ingerir 100 latas de Enviga durante 35 dias, com um custo de US$ 146, para conseguir perder uma libra".

"Tudo isso levando em conta que esta pessoa não ingira 100 calorias adicionais em outros alimentos", completa a ação.

O grupo de consumidores, do qual fazem parte cerca de 900 mil membros, acusa a Coca-Cola de ter cometido práticas comerciais "pouco escrupulosas", ao anunciar de maneira insistente o efeito "queima-calorias" da bebida.

A multinacional também é acusada de ter cometido "engano e fraude conscientemente", tudo com o objetivo de promover seu produto.

Quando a Coca-Cola lançou a bebida, no final de 2006, vários meios de comunicação responderam com um certo ceticismo, entre eles o jornal "The Wall Street Journal", que culpou a empresa de concentrar seu estudo em pessoas jovens que não precisam perder peso, e não em pessoas com excesso.

Além disso, perguntava se valia à pena tomar três latas da bebida, a um preço de entre US$ 1,29 e US$ 1,49 cada uma, para queimar entre 60 e 100 calorias, que é o que se perde normalmente em uma caminhada de 15 minutos.

Com esse raciocínio, apontava o jornal, seria preciso tomar 2,6 latas para queimar as calorias ingeridas com um biscoito simples, 7,3 latas para compensar o consumo de um refrigerante, ou 28 latas para eliminar as calorias de um hambúrguer.