Polícia quer ouvir funcionários do padre Júlio

Polícia quer ouvir funcionários do padre Júlio

Delegado pediu a lista de ex-internos da Febem que passaram pela Casa Vida 2, em 99 e 2000

Eduardo Reina

Um dia após ouvir depoimento de uma mulher que disse ter visto o padre Júlio Lancellotti em suposta ação libidinosa com um adolescente, a polícia procura provas que possam sustentar a investigação. O delegado assistente do Setor de Investigações Gerais (SIG) da 5ª Seccional, Marco Antonio Bernardino Santos, pediu informações à Casa Vida 2, onde a mulher teria visto Lancellotti com um rapaz, sobre seus funcionários. Também foi solicitado à Vara da Infância e Juventude da capital que forneça a lista de internos que receberam o benefício de liberdade assistida entre 1999 e 2000 na ex-Febem, atual Fundação Casa.

O delegado Santos disse temer que o caso se torne "uma nova Escola Base". Em 1994, donos de uma escola na Aclimação, professores e pais de um aluno foram acusados de abusar sexualmente de crianças. Ao fim do inquérito, todos os acusados foram inocentados.

"Quero saber quais eram os funcionários da Casa Vida 2 no final de 1999 e início de 2000. Também quero saber da Justiça quais eram os jovens que tinham licença para sair da Febem", disse Santos. De acordo com a polícia, a mulher afirmou ser evangélica e não reconheceu por foto Anderson Marcos Batista como o rapaz flagrado juntamente com o padre no fim de 1999 na Casa Vida 2. A identidade da ex-funcionária está sendo mantida em sigilo.

A polícia também apura extorsão contra o religioso por uma quadrilha chefiada por Batista, que em três anos teria achacado pelo menos R$ 80 mil. Batista, sua mulher Conceição Eletério e Evandro Guimarães estão foragidos. Apenas Everson Guimarães, irmão de Evandro, está detido no Centro de Detenção Provisória do Belém.

A Casa Vida 2 atende pacientes de 8 a 17 anos , portadores do vírus HIV. Na época em que teria ocorrido o suposto flagrante, segundo a polícia, a maioria dos internos era de meninas.

Ontem, chegou à 5ª Seccional ofício da Fundação Casa, pedindo cópia do inquérito que apura a extorsão contra Lancellotti. A sindicância interna foi aberta no dia 18 de outubro e teria como objetivo acompanhar as investigações, uma vez que o padre é funcionário da ex-Febem desde 1975.

CNBB

Também nesta quinta-feira, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de seu Conselho Permanente, redigiu uma carta de solidariedade ao padre. O presidente da CNBB, d. Geraldo Lyrio Rocha, disse que "a Conferência acompanha com muita tristeza as acusações feitas, de maneira leviana e irresponsável, a uma pessoa que vem há longos anos se dedicando à causa dos menores, pobres e moradores de ruas, colocando em risco sua própria vida".
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