Fraude no sistema de transplantes deve reduzir doações, afirma médico

Fraude no sistema de transplantes deve reduzir doações, afirma médico
Clica Brasilia

O presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o médico Valter Garcia, afirma que a notícia de fraude no Sistema Nacional de Transplantes deve reduzir o número de doações pela metade. Ele se refere à Operação Fura-Fila deflagrada ontem (30), no Rio de Janeiro, pela Polícia Federal.

A operação prendeu o médico Joaquim Ribeiro Filho, integrante da equipe de transplantes de fígado do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, conhecido como Hospital do Fundão. A Central Estadual de Transplantes do Rio denunciou à PF o esquema de privilégios em Janeiro.

Em entrevista, hoje (31), ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, o presidente da ABTO (associação que reúne profissionais ligados à área de transplante), disse que havia dúvidas quanto ao respeito à seqüência da fila do sistema de transplantes, mas que achava difícil ocorrer fraudes. Garcia explica que a lista de candidatos a um órgão é feita por meio de software e segue rigorosamente os critérios de classificação.

Segundo Valter Garcia, o sistema é “muito bom”, porque mais de 90% dos transplantes são feitos em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). “O sistema hoje é baseado na gravidade que se encontra o paciente, não no tempo de espera” elogia.

Em decorrência das fraudes no Hospital do Fundão, os transplantes de fígado do Rio de Janeiro serão transferidos para o Hospital Geral de Bonsucesso, de acordo com informações do Ministério da Saúde.

Agência Brasil
Médico suspeito de furar fila de transplantes falsificava laudos
Jornal Pequeno
Foto: Bruno Gonzalez/Agência Estado
O médico Joaquim Ribeiro Filho, acusado de chefiar suposto esquema de venda de lugares na fila de transplantes de fígado no Rio, emitia laudos falsos e enganava funcionários da central de transplantes do Rio para conseguir tirar fígados de pacientes que estavam no topo da lista para recebê-los, segundo denúncia feita pelo Ministério Público Federal à Justiça contra o grupo.

O esquema foi desarticulado na manhã desta quarta-feira em operação da Polícia Federal denominada Fura-Fila. Ribeiro Filho, que tinha mandado de prisão expedido, foi preso em sua casa, em Laranjeiras (zona sul do Rio).

Para conseguir burlar a fila dos transplantes, Ribeiro Filho agia de duas formas, de acordo com o procurador Marcello Miller, autor da denúncia. Em uma delas, dava falso atestado de que um órgão humano era marginal —ou inadequado— quando, na verdade, estava apto a ser transplantado. Dessa forma, desviava esse órgão para pacientes que pagavam taxas.

“Quando ele foi coordenador da central de transplantes do Rio, adotou entendimento que o órgão marginal podia ser destinado pela própria equipe, e isso não existe”, disse.

Em outra frente, segundo Miller, o médico monitorava fígados que chegavam ao Rio e dizia aos funcionários da Central de Transplante que levaria o órgão para o primeiro paciente da fila. A própria equipe de Miller envolvida no esquema pegava o órgão e o transplantava para os pacientes que haviam furado fila. “Ele induzia a central a acreditar que estava pedindo o órgão na qualidade de chefe do hospital da UFRJ para um paciente que era o primeira da lista”.

Durante as investigações, escutas telefônicas autorizadas pela Justiça monitoraram conversas de médicos que diziam saber da prática criminosa mas não podiam fazer nada para desarticular o esquema, segundo Miller.

Com documentos apreendidos ontem em nove mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal, Miller disse que vai agora procura mais casos de transplantes feitos através da suposta fraude e outros médicos que podem ter participado do esquema.

Esquema – Ribeiro Filho, que era credenciado ao sistema nacional de transplantes, colocava na frente de pessoas que estavam no topo da lista de doações pacientes que pagavam a ele taxas que variavam entre R$ 200 mil e R$ 250 mil, conforme as investigações. Ele e outros quatro médicos suspeitos de participar do esquema foram denunciados à Justiça por peculato - apropriação ilegal de recursos.

Duas crianças morreram à espera de fígados desviados para esquema, diz PF

Ex-chefe da equipe de transplantes da UFRJ é preso
Foto: estadao.com
O suposto esquema de venda de lugares na fila de transplantes de fígado no Rio, desarticulado na manhã desta quarta-feira na operação Fura Fila, ocasionou a morte de duas crianças que esperavam para receber órgãos, segundo as investigações da PF (Polícia Federal).

As crianças aguardavam por transplantes de fígado que foram desviados para o esquema. O caso foi citado em relatório do Ministério Público Federal entregue à Justiça com a denúncia dos médicos acusados de integrar o esquema, de acordo com a PF.

O ex-chefe de transplantes hepáticos do hospital da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e ex-coordenador do Rio Transplantes, do governo estadual do Rio, Joaquim Ribeiro Filho, é apontado como o chefe do grupo. Ele foi preso em casa, em Laranjeiras (zona sul do Rio).

A Folha Online ainda não localizou os advogados dos denunciados.

A PF afirma que Ribeiro Filho desviava fígados que iriam a pacientes no topo da lista de doações e destinava os órgãos a pessoas que pagavam taxas que variavam entre R$ 200 mil e R$ 250 mil.

Nesta tarde desta quarta, a clínica São Vicente, na Gávea (zona sul), onde, segundo a polícia, eram feitos os transplantes irregulares, divulgou nota na qual nega qualquer envolvimento com o caso. O superintendente da PF no Rio, Valdinho Caetano, confirmou que as investigações não encontraram qualquer irregularidade por parte da clínica, que é a única unidade de saúde particular credenciada ao sistema nacional de transplantes.

"A clínica São Vicente apenas participa do processo oferecendo suas instalações hospitalares sempre que solicitada pelas equipes médicas credenciadas ao sistema nacional de transplantes. O doutor Joaquim Ribeiro nunca chefiou equipe de médicos da clínica", diz a nota.

Fonte: Folha Online
Rio vai adotar sistema de transplantes de São Paulo para evitar fraudes
Diário de Taubaté

O Rio de Janeiro vai adotar, dentro de três meses, o sistema de transplantes utilizado pelo estado de São Paulo. O objetivo é aumentar o controle sobre a fila de pacientes que aguardam por um órgão, evitando fraudes como a descoberta pela Polícia Federal (PF) na Operação Fura-Fila, deflagrada ontem, dia 30.

A superintendente de Atenção Especializada da Secretaria de Estado de Saúde, responsável pela Central de Transplantes, Hellen Miyamoto, considera que o novo sistema é mais transparente e seguro que o atual, desenvolvido pelo Ministério da Saúde.

"O novo software permite a visualização de informações que são extremamente importantes para a gente poder fazer a distribuição correta dos órgãos e evitar qualquer procedimento que não seja o da legislação atual, como a inclusão de pacientes que não têm os critérios estabelecidos no momento da inscrição e a utilização de órgãos que não foram selecionados pela central", disse a médica.

A operação Fura-Fila foi deflagrada nas primeiras horas da manhã e resultou na prisão do médico Joaquim Ribeiro Filho, ligado à equipe de transplante de fígado do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, conhecido como Hospital do Fundão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os médicos Eduardo de Souza Martins Fernandes, Samanta Basto, Giuliano Ancelmo Bento e João Ricardo Ribas também foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo crime de peculato, que é a apropriação indevida exercida por servidor público.

Segundo o superintendente da PF no Rio, delegado Valdinho Jacinto Caetano, as investigações comprovaram o recebimento de dinheiro para facilitar o esquema. "Nós constatamos, em uma situação, o pagamento de R$ 250 mil para a feitura de um transplante", disse o delegado.

O superintendente da PF explicou a dinâmica do golpe, que privilegiava pacientes que necessitavam de transplante com a concessão de órgãos antes de outros que estavam há mais tempo na fila.

"O órgão era utilizado de acordo com o interesse dessa equipe. Pegava-se alguém que estivesse muito atrás na fila, ele era levado para uma clínican particular e esse órgão era implantado nessa pessoa, de acordo com o interesse dessa pessoa e da equipe médica, por meio de vantagens oferecidas à equipe", detalhou Caetano.