Silvana marca oposição a Dárcy Vera
MATHEUS URENHA
SILVANA RESENDE Tucana recebeu o maior número de votos e será nome forte da oposição à prefeita
A eleição que escolheu a primeira mulher para a prefeitura de Ribeirão Preto projetou outra figura feminina, mas na Câmara: Silvana Resende (PSDB), a mais votada entre os vereadores, com 6.927 votos.
A vereadora agora surge como principal nome da oposição à prefeita Dárcy Vera (DEM), que terá maioria no Legislativo (leia quadro abaixo).
A tucana, que caminha para seu terceiro mandato, fez críticas à democrata, ontem. Silvana afirmou não acreditar que a nova prefeita faça uma boa administração.
“Desejo muito sucesso e que a cidade seja bem administrada, mas creio que isso não deva acontecer”, declarou.
Os motivos são o “perfil” e as propostas de governo da democrata, diz. “Vejo que a candidata não tem perfil nem ideais que sejam modernos para uma administração arrojada”. No entanto, ela se diz “pronta para ajudar”.
Silvana afirmou que sempre fiscalizou o Executivo, independentemente do prefeito.
A vereadora não confirma se tentará conquistar a presidência da Casa. Mas comenta que a bancada tucana cresceu, de três para quatro cadeiras. “Vou lutar para o PSDB estar na mesa diretora”.
Oposição
A oposição a Dárcy deve contar, pelo menos na teoria, com seis vereadores. Quatro da bancada tucana, um petista e um comunista.
Entre os tucanos, a oposição está garantida. Miguel Mauad, presidente do partido, quer a bancada unida na fiscalização ao governo. A sigla irá aproveitar o espaço na Câmara, onde tem a maior bancada, junto com o DEM, para ampliar a penetração no eleitorado.
“Não temos restrição a aprovar coisas boas para a cidade, mas seremos uma oposição atuante”, disse.
No PCdoB e no PT, a tendência deve ser a de oposição, embora os partidos preguem atuação independente.
“Queremos que ela cumpra as promessas. Faremos uma oposição dentro da legalidade, fiscalizando e cobrando”, avalia Pedro Sampaio, presidente do PT.
Já Andre Luiz, do PCdoB, prega a moderação, embora concorde que possui ideologia oposta à da futura prefeita. Ele é diretor do Sindicato dos Servidores Municipais, que neste ano realizou movimentos contra a administração, pelo pagamento dos 28,35%, referentes ao Plano Collor.
“Nesse primeiro momento, adotarei uma postura independente, mas a tendência, porém, é apoiar medidas boas para a comunidade, mas fazer uma fiscalização efetiva do poder público municipal”, afirma o advogado.
Prefeita terá ao menos 13 vereadores a favor
Dos 20 vereadores eleitos, 13 são de partidos que apoiaram Dárcy Vera. Mas apenas seis devem permanecer como antagonistas.
A coligação elegeu quatro do DEM e três do PMDB. O PR terá duas cadeiras, assim como o bloco formado por PRB e PPS, enquanto PV e PSC, com um vereador cada, também serão da base de Dárcy.
Segundo o cientista político Fernando Azevedo, o desafio da futura prefeita será administrar as vaidades e fazer a maioria funcionar. “É uma vantagem confortável e que, se manejada com competência, garante a aprovação dos projetos de interesse da prefeita”.
O PP, que se coligou com o PSDB, já declarou que não pretende fazer oposição. “Aprovaremos o que interessar a Ribeirão. Não pensamos em ser oposição”, diz Maurílio Romano Machado, presidente do partido e vereador eleito pela legenda.
PT tem apenas um eleito
Com apenas um vereador eleito, o PT, um dos partidos mais tradicionais em Ribeirão, vive um de seus piores momentos na cidade desde a primeira eleição disputada, em 1982, quando não elegeu nenhum parlamentar.
A representação do partido, hoje, é a mesma de 1988 e 1992. Em 1996, foram três eleitos pelo partido, enquanto em 2000 o PT fez cinco vereadores. Mesmo nas eleições em 2004, desgastado por indícios de corrupção no governo federal, conseguiu eleger três representantes.
Para Pedro Sampaio, presidente do PT, o ex-ministro Antonio Palocci é o maior responsável pela queda. “Credito a fase à saída do Palocci da prefeitura para organizar a campanha do presidente Lula. Houve uma mágoa do eleitor de Ribeirão, que se reflete nas urnas”, disse Sampaio.
SIMEI MORAIS E EDUARDO SCHIAVONI
A Cidade