Resumo das noticias dos Jornais de hoje 6/11/2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O Estado de S.Paulo

Governo Lula quer dar poder de polícia às Forças Armadas

As Forças Armadas deverão ganhar mais poder de polícia e proteção legal para realizar operações típicas de manutenção e garantia da lei e da ordem. Essas mudanças fazem parte da proposta de novo texto para a Lei Complementar 97 - a que o Estado teve acesso. Em operações de vigilância na fronteira e demais ações ordenadas pelos poderes constituídos, Exército, Marinha e Aeronáutica podem revistar pessoas, veículos e instalações e fazer prisões em flagrante delito.

O projeto de lei - em fase final de formatação na Casa Civil, após aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do parecer favorável do Ministério da Justiça e da Advocacia-Geral da União - fortalece de maneira explícita o cargo de ministro da Defesa. Ele passa a ter comando operacional sobre as três Forças, que ficam efetivamente subordinadas ao poder civil. Na prática, o texto acaba com a concentração de poder nos comandos.

Meta é afastar Aeronáutica de atividades da aviação civil

A proposta de nova legislação da Estratégia Nacional de Defesa traça uma progressão nas tarefas da Aeronáutica que deixa o comando cada vez mais distante da aviação civil e da administração de tudo que não seja relativo a operações e infraestrutura militar. Pelo novo texto da Lei Complementar 97, o comando da Força Aérea Brasileira deixa de ser chamado genericamente de "autoridade aeronáutica" e passa a ser considerado "autoridade aeronáutica militar".

A Aeronáutica não terá mais entre suas atividades subsidiárias "orientar, coordenar e controlar a aviação civil". Também deixa de ser atribuição subsidiária da FAB "operar a infraestrutura aeronáutica" em geral. Ela será responsável apenas pela infraestrutura aeronáutica militar. A proposta mantém sob coordenação da FAB, no entanto, as atividades ligadas ao setor aeroespacial.

Para petista, Caetano é preconceituoso

O PT reagiu às declarações do cantor Caetano Veloso contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicadas ontem pelo Estado. E não foram só os ataques desferidos contra Lula por um ex-eleitor ilustre que incomodaram os petistas, mas seu apoio à candidatura presidencial da senadora Marina Silva (PV-AC), recém-desfiliada do PT e rival da ministra Dilma Rousseff na corrida presidencial de 2010.

Em entrevista à jornalista Sonia Racy, Caetano anunciou sua opção pela candidatura de Marina. "Não posso deixar de votar nela", disse o cantor. "Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é uma cabocla. É inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro."

Ministro vê FHC como Salieri

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenta "suprir a deficiência da oposição", numa referência às críticas feitas por ele ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. "Como é uma pessoa brilhante, de grande talento, e a oposição está numa mediocridade imensa, colossal, ele está tentando suprir isso."

O ministro também citou o caso do maestro Antonio Salieri, desafeto de Wolfgang Amadeus Mozart. "Agora, o risco que corre é ele ficar parecendo o Salieri, que ficava criticando o talento de Mozart porque ele não conseguia ter o mesmo talento, não conseguia ter o mesmo reconhecimento", disse.

Tucanos defendem fala de ex-presidente

Um dia após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ter falado em "inércia" da oposição, a cúpula do PSDB buscou desassociar as críticas do tucano de um bate-boca eleitoral com o PT. A cúpula do partido admite, no entanto, que as declarações de FHC e seu artigo publicado domingo no Estado, no qual atacou o governo federal e o PT, preenchem um vazio no momento em que o PSDB encontra dificuldade de afinar o discurso oposicionista.

"Ele falou fundo para formadores de opinião e setores empresariais, e a sociedade entendeu. Disse o que a sociedade pensa. Não tem a ver com oposição. Ele colocou a discussão política em outro patamar", defendeu o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, em referência ao artigo em que o ex-presidente afirma que o governo flerta com o "autoritarismo popular".

O Globo

Relator quer juntar escândalos

O ministro Joaquim Barbosa, relator no Supremo Tribunal Federal (STF) do inquérito do mensalão mineiro, votou ontem pela abertura de ação penal contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) por mais um crime: lavagem de dinheiro. Anteontem, Joaquim já havia defendido a abertura do processo por peculato (apropriação de bens públicos). Após o voto do relator, o ministro José Antonio Toffoli pediu vista e interrompeu o julgamento.

Além de Toffoli, nove ministros ainda vão votar. Não há previsão de quando a votação será retomada.

Diante do pedido de vista, Barbosa disse ser necessário dar celeridade ao julgamento e enfatizou a semelhança entre o valerioduto do PSDB de Minas e o mensalão do PT e do governo Lula.

Azeredo reivindica tratamento dado a Lula

Por causa da polêmica em torno do recibo, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) acusou ontem o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), de ter usado uma prova falsa para sustentar seu voto sobre o processo do mensalão mineiro. Acompanhado por dois colegas tucanos, Tasso Jereissati (CE) e Flexa Ribeiro (PA), para mostrar que tem o respaldo de seu partido, Azeredo disse ainda ter estranhado o fato de ter recebido um tratamento diferente do oferecido ao presidente Lula, que foi inocentado de qualquer participação no mensalão nacional.

— Acho estranho. Não vou entrar no mérito da outra questão, mas a situação é muito semelhante. Eu era governador, uma campanha descentralizada, com delegações de poderes.

E o presidente Lula também concorreu em situações semelhantes. E ele não recebeu nenhum inquérito a esse respeito — reclamou Azeredo.

'Presidente diz que não sabia, e o Azeredo tinha que saber?'

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse ontem estar confiante na defesa do senador Eduardo Azeredo e acreditar que o Supremo Tribunal Federal acabará decidindo pelo arquivamento dos processos por peculato e lavagem de dinheiro contra o tucano.

— Ele é uma pessoa honrada. Respeito o ministro (Joaquim) Barbosa, mas a denúncia tem tudo para não ser confirmada. Vamos aguardar os outros ministros do STF. Levando em conta a dureza com que o ministro Barbosa se dirigiu a Azeredo, estou morrendo de pena antecipada dos réus do mensalão. Ela vai propor, no mínimo, a pena de morte — brincou.

Empresas suspeitas de fraude

Três membros da família do recém-empossado senador Acir Gurgacz (PDT-RO) foram condenados mês passado, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por fraude contra o governo federal e desvio de R$ 1,6 milhão destinado a um projeto de inclusão digital no Paraná. A auditoria constatou envolvimento de Assis Gurgacz, pai e suplente do novo senador, no esquema de direcionamento, superfaturamento e desvio de recursos, que utilizava laranjas e empresas da família, além da Fundação Gurgacz. O senador não foi incluído no processo porque, embora seja sócio das empresas e conselheiro da fundação, não é gestor. O tribunal decretou a indisponibilidade de bens dos três da família.

O advogado da Fundação Gurgacz, Ramiro Dias, negou a fraude e disse que tudo não passa de um mal-entendido. Ele não quis receber do GLOBO cópia do acórdão do TCU, não permitiu contato com Assis Gurgacz e informou que Acir Gurgacz é conselheiro da fundação. Todos os envolvidos — inclusive dois irmãos do senador — receberam multas de R$ 20 mil. Terão que devolver cerca de R$ 2 milhões.

Após acordo pró-Dilma, PMDB consegue mais verbas

No mesmo mês em que, num jantar em Brasília, fechou aliança para apoiar a candidatura presidencial da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o PMDB foi o partido mais contemplado em relação às liberações de emendas feitas pelo Planalto.

Segundo dados do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal), o PMDB teve em outubro R$ 35,8 milhões em emendas parlamentares empenhadas — quase três vezes o obtido pelo PT (R$ 13,6 milhões) e pelo PSB (R$ 13,3 milhões).

O empenho é o compromisso assumido pelo governo de que haverá o pagamento dos recursos destinados a obras e projetos em seus estados.

Caetano chama Lula de analfabeto e irrita o PT

As críticas de Caetano Veloso ao presidente Lula e o apoio declarado à pré-candidatura da senadora Marina Silva (PV-AC) à Presidência irritaram petistas e foram recebidos com cautela até pela oposição. Os verdes gostaram dos elogios a Marina, mas evitaram comentar os ataques a Lula. Artistas, como Caetano, se dividiram, e leitores do GLOBO enviaram mais de 1.300 comentários para o site do jornal ontem. Em entrevista ao “Estado de S.Paulo”, Caetano disse que Marina é uma mistura do presidente brasileiro com o americano, Barack Obama, mas melhor, porque não é analfabeta como Lula.

— Não posso deixar de votar nela. É por demais forte, simbolicamente, para eu não me abalar. Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é cabocla, é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro. Ela fala bem — disse Caetano.

Anistia dará R$ 13 mil a ex-sindicalista petista

A Comissão de Anistia confirmou ontem concessão de anistia ao economista Vladimir Poleto. Ex-assessor do deputado Antônio Palocci (PT-SP) na prefeitura de Ribeirão Preto, Poleto vai receber indenização de R$ 13.950 (30 salários mínimos), em único pagamento, além da condição de anistiado político. Ele queria receber prestação mensal no valor de R$ 2,6 mil, mas o pedido foi negado.

A anistia não tem relação com perseguição pelo regime militar.

Trata-se de indenização por questão grevista. Poleto, de 53 anos, argumentou no processo que foi obrigado a pedir demissão em novembro de 1986 do Banco do Brasil por ter liderado uma greve. Graças a um documento sigiloso que anexou ao processo, que o apontava como um “concitador de movimento subversivo”, a comissão concedeulhe a indenização, equivalente a um ano de perseguição.

Funcionária protesta contra Petrobras

Cansada de aguardar decisão da Justiça sobre uma ação civil pública contra a Petrobras por suposto assédio moral a um grupo de funcionários, Edilene Farias de Oliveira, que há 22 anos trabalha numa refinaria da empresa na Bahia, acorrentou-se ontem em frente à sede da estatal, no Rio. Na ação, Edilene e mais 17 funcionários alegam estar sendo vítimas de boicote da Petrobras por terem denunciado corrupção e desvios financeiros da estatal naquele estado.

— Esse é o único jeito de motivar alguma solução mais rápida para que interrompam os abusos — disse ela, argumentando que a Petrobras suspendeu o seu tratamento médico.

Outros cinco trabalhadores ocupam sala no 15ºandar do edifício. Em nota, a estatal negou o assédio moral e informou que Edilene pede maior tempo de afastamento médico. Ela se afastou pelo INSS em 2005 e teve de voltar em agosto passado, quando a licença acabou. Trabalhou 12 dias e não compareceu ao trabalho. Segundo a nota, ela já “se acorrentou outras duas vezes em Salvador

A 'vingança' dos gays

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB-PR), que provocou uma polêmica com homossexuais semana passada, ontem caiu de um palanque de três metros de altura, no interior do estado, durante solenidade de entrega de ônibus escolares. O governador sofreu uma luxação no pé esquerdo e foi transferido de helicóptero para Curitiba, onde foi medicado.

Outras 25 pessoas ficaram levemente feridas. A causa provável do acidente é que o palco, superlotado, não resistiu ao excesso de peso.

Folha de S.Paulo

Contra Lula, PSDB treina cabos eleitorais no Nordeste

Numa tentativa de mitigar a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na região, o PSDB dá início, na semana que vem, a uma série de cursos para formação de 4.500 "multiplicadores" no Nordeste. Com a previsão de gasto R$ 450 mil, o programa tem como meta o recrutamento e qualificação de mão-de-obra -voluntária ou contratada- para a campanha presidencial de 2010.

Sob a coordenação de um cientista político e um consultor de marketing, os futuros cabos eleitorais serão submetidos até a treinamento de técnica de abordagem e persuasão.

Governo Serra prepara venda de seguradora

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), enviou em outubro à Assembleia Legislativa projeto de lei pedindo autorização para negociar a Cosesp (companhia de seguros).

Segundo ofício que justifica a proposta, há "decisão política" em não mais atuar no ramo de seguros. Se a Assembleia aprovar o projeto, a companhia pode ser vendida para uma empresa privada ou extinta.

Segundo ofício que justifica a proposta, há "decisão política" em não mais atuar no ramo de seguros. Se a Assembleia aprovar o projeto, a companhia pode ser vendida para uma empresa privada ou extinta.

"Efeito Ciro" implode grupo de Marta em SP

O grupo político ligado à ex-prefeita Marta Suplicy, hegemônico no PT paulista há pelo menos seis anos, está próximo da dissolução por conta da disputa envolvendo a candidatura da sigla ao governo do Estado e dos planos da ex-prefeita de concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados em 2010.

Parte dos principais "martistas", como são chamados internamente os apoiadores da ex-prefeita, se empenhou em pavimentar o caminho para que Ciro Gomes (PSB-CE) tenha o apoio do PT na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.

Por reservas, Minc aceita tirar multa de ruralistas

Na reunião que terá na segunda com o presidente Lula e Reinhold Stephanes (Agricultura) para definir mudanças na legislação ambiental, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) levará uma proposta que livra proprietários rurais de multa diária acumulada entre o flagrante da fiscalização e a averbação com a reserva legal.

A proposta será colocada na mesa de Lula, diante da eventual sinalização do presidente de atender à pressão dos ruralistas para prorrogar a entrada em vigor, prevista para 11 de dezembro, do decreto que obriga os produtores rurais a registrarem um plano de recuperação da reserva legal (parte de cada terreno destinada à preservação florestal).

Yeda nomeia desembargador após lobby, diz PF

Conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal indicam que políticos investigados por suspeita de integrar um esquema de corrupção no Rio Grande do Sul fizeram lobby para que a governadora Yeda Crusius (PSDB) nomeasse um desembargador para o TJ-RS (Tribunal de Justiça).

A nomeação acabou ocorrendo, mas o governo gaúcho diz que não houve irregularidade e nega influência do lobby.

Em telefonema em 2007, o então prefeito de Canoas (região metropolitana de Porto Alegre), Marcos Ronchetti (PSDB), pediu à governadora que nomeasse o advogado Gelson Stocker para uma vaga de desembargador. O prefeito disse que ele possuía "altíssima competência" e era fundador do PSDB.

Correio Brazilense

Empurrando com a barriga

A operação deflagrada pelo governo esta semana para barrar a votação da proposta que estende a política de reajuste do salário mínimo às aposentadorias que ultrapassam o piso da Previdência não foi a primeira manobra para impedir o sucesso de propostas que preveem vantagens para aposentados. Pelo contrário. Há anos, a base aliada obedece às orientações do Planalto e cria obstáculos à tramitação de pelo menos seis projetos que propõem mudanças, como fim do fator previdenciário, o fim da cobrança de contribuição sobre os proventos dos servidores públicos aposentados e até a garantia de que os que se aposentarem por invalidez permanente tenham direito aos salários integrais. As propostas são publicamente defendidas por integrantes do governo e da oposição. Mas, nos bastidores, a história é diferente. A resistência aos projetos é conhecida e, com as manobras, os parlamentares tentam confundir a análise imediata com as dificuldades do processo legislativo.

Uma demonstração de morosidade forçada pelos próprios integrantes do Congresso tem ocorrido com a Proposta de Emenda Constitucional 555/2006(1). A matéria propõe o fim da cobrança de contribuição previdenciária sobre os proventos dos servidores públicos aposentados, a contribuição de inativos. Como em ano pré-eleitoral ninguém pretende se declarar contrário a qualquer proposta que envolva o universo de 26 milhões de pessoas que vivem hoje do que é pago pelo INSS, os líderes já indicaram os nomes para compor a Comissão Especial que até hoje não foi instalada. Este ano, nove deputados apresentaram requerimentos ao presidente Michel Temer (PMDB-SP) pedindo que o grupo seja instalado. Nada aconteceu.

Regulamentações travadas

O embate entre aposentados e governo gira em torno de números que passam longe das discussões do Congresso e das manifestações dos interessados na aprovação da proposta que reajusta todos os benefícios pelo mesmo índice do salário mínimo. Para pensionistas que serão beneficiados pelo Projeto de Lei 01/2007, a necessidade da aprovação da matéria está na evolução das diferenças entre os reajustes (confira quadro). Do outro lado, o Executivo considera que o impacto do projeto nos cofres públicos é mais do que suficiente para segurar a medida. Cada ponto percentual representa, segundo o Ministério da Previdência, uma despesa extra de R$ 1,2 bilhão nas contas do governo, que resultaria em R$ 18,5 bilhões de prejuízo.

O economista Amir Khair, especialista em finanças públicas, defende o amplo debate sobre a proposta antes da aprovação. “A Previdência se encontra equilibrada no longo prazo. Qualquer despesa permanente que for incluída, precisa de uma nova receita ou um corte de despesa”, explica ele, que é ex-secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo. “Dinheiro não brota em árvore. Quem vai pagar a conta não é esse governo. São os próximos. Os deficits vão voltar a crescer”, reclama Khair, sugerindo a regulamentação de novas fontes de receitas, como os impostos sobre grandes fortunas previsto na Constituição que está parado no Legislativo, para a implementação do novo índice. Segundo Khair, caso o Congresso considere necessário o reajuste, é responsabilidade dos deputados e senadores apontarem de onde virá o dinheiro ou quais ações serão cortadas.

Acir, a mulher, o pai e a quebra de protocolo

Ele já chegou quebrando o protocolo. Colocou a esposa, Ana Maria Gurgacz, na primeira fila de cadeiras do plenário para assistir o discurso de posse. Mesmo com 200 processos espalhados pelo Judiciário da região Norte do país, disse, na tribuna, que faria política com “responsabilidade e respeito às leis”. Acir Gurgacz (PDT-RO) — que tomou posse ontem no lugar de Expedito Júnior (PSDB-RO), cassado por compra de votos e abuso de poder econômico — também chega ao Parlamento com pendências no Tribunal Regional Eleitoral (TRE)(1) do estado que representa, onde é investigado por ter usado um jornal que possui para alavancar a campanha ao Senado em 2006.

Minutos antes da posse, os assessores de Gurgacz estavam em polvorosa. Afinal, tal dia era esperado desde meados de 2008, quando saiu a sentença sobre a cassação de registro de Expedito Júnior. Na última semana, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) deu um ultimado ordenando o afastamento do tucano e a posse de Gurgacz, a ansiedade aumentou. Ontem, quando Expedito decidiu abrir mão do recurso que impetrou no Senado para se segurar no cargo por mais uma semana, eles finalmente puderam comemorar.

Estados produtores dão sinais de guerra

A votação do relatório mais polêmico do marco regulatório do pré-sal já está contaminada pelo processo eleitoral. A um ano do pleito, deputados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo não querem correr o risco de deixar para aqueles que desejam conquistar um primeiro mandato o discurso de que não defenderam os interesses de seus estados. Por isso, o clima da votação do texto que institui o sistema de partilha da produção na comissão especial, prevista para segunda-feira, será de guerra. Muitos congressistas já avisaram aos líderes dos respectivos partidos que, se o governo não der um extra aos estados produtores, será difícil manter o apoio ao texto do relator, o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN).

O texto de Eduardo Alves reduziu os valores dos royalties que cabem aos estados produtores e distribuiu esses recursos entre todas as unidades da federação (veja quadro). Na noite de quarta-feira, parte da bancada do PMDB e do PSC do Rio de Janeiro e do Espírito Santo tiveram uma dura reunião com Henrique, onde citaram os reflexos eleitorais a que estão submetidos caso votem a favor do relatório dele. Prometeram “morrer atirando”, segundo relato de alguns dos presentes. O relator disse que não poderia mudar o parecer, mas aceitou adiar a votação para o dia 9, na esperança de que a volta do presidente Lula ao Brasil ajude a chegar a um acordo que permita a aprovação do relatório sem dissidências nem a necessidade de troca de parlamentares da base do governo na comissão especial.

Teto dos cachês será de R$ 80 mil

O Ministério do Turismo baixou portaria com nova regras para a promoção de festas no interior do país patrocinadas com recursos de emendas parlamentares, como limitação de valor para cachês de artistas. A intenção é evitar fraudes na aplicação desses recursos, como as que foram denunciadas há cerca de três meses por uma série de reportagens do Correio e do Estado de Minas, que motivaram a criação de uma força-tarefa com a participação da Controladoria Geral da União (CGU) e da Procuradoria-Geral da República para auditar todos os convênios alvos de denúncias de fraudes em Minas Gerais. As investigações, segundo a CGU, ainda estão em curso. Os inquéritos abertos pelo Ministério Público também não foram concluídos. No orçamento deste ano, estão previstos cerca de 430 milhões para o patrocínio de festas e eventos em todo o pais.

As reportagens denunciaram a existência de um esquema de superfaturamento de cachês, fraude em licitação, contratação sem concorrência, participação de empresas fantasmas e transferência de recursos milionários para cidades com pouco mais de 5 mil habitantes. O esquema conta com a participação de empresas do Nordeste, região do país onde também foram identificadas fraudes parecidas com as investigadas em Minas Gerais.

Aécio justifica o ultimato

O governador Aécio Neves (PSDB) justificou ontem a pressão que exerce sobre a cúpula tucana por uma decisão mais rápida na escolha de quem será o candidato do partido à Presidência da República afirmando não se tratar “apenas de uma manobra política”, mas de “um gesto de correção para com o PSDB”. Aécio disse que, até dezembro, se considera “em condições de ampliar alianças, de apresentar um projeto novo para o Brasil falando do pós-Lula, agregando outras forças políticas”, argumentou. O governador defende que a decisão ocorra até o mês que vem. Já o governador de São Paulo, José Serra, também pré-candidato da legenda ao Palácio do Planalto, quer que a definição aconteça em março.

Aécio, que voltou a frisar ser candidato ao Senado caso a escolha do nome do partido na briga pelo governo federal não ocorra até dezembro, fez relação entre sua eventual candidatura à Presidência e o impacto em Minas, caso participe da disputa pela sucessão de Lula no ano que vem. “Tenho responsabilidade com Minas que antecede todas as outras. Construímos aqui algo novo, que precisa ter continuidade. Para o estado é fundamental que este projeto possa ter continuidade nos próximos anos e, eventualmente, uma candidatura minha à Presidência, de alguma forma, impulsiona esse projeto, dá mais visibilidade a ele”, avaliou.

A armada de Dilma

O PT mobiliza um exército de quase 1.500 pessoas espalhadas pelo país para trabalhar pela candidatura à Presidência da República da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Esse é o número de prefeitos, vice-prefeitos e lideranças regionais do partido convidados para um evento de dois dias, a partir de hoje, num centro de convenções em Guarulhos (SP). A “mãe do PAC” será a estrela.

Vendido como o maior encontro político do PT em 2009, o fórum A atual conjuntura política: os avanços do governo Lula e as eleições de 2010 foi pensado para afinar as posições dos participantes. A intenção é que eles concentrem esforços nas negociações sobre a aliança político-partidária em torno da candidata petista. A meta maior é usar o poder de influência dos 560 prefeitos, 423 vices e cerca de 500 dirigentes e lideranças da legenda como cabos eleitorais no ano que vem.

Pedido de vista adia votação

O Supremo Tribunal Federal (STF) interrompeu ontem análise da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). O Ministério Público acusa o senador de envolvimento com suposto esquema de caixa dois na campanha à reeleição para o governo de Minas Gerais, em 1998. No pleito, Azeredo acabou derrotado por Itamar Franco. O parlamentar nega as acusações.

Azeredo foi denunciado por peculato (uso do cargo público em benefício próprio) e lavagem de dinheiro. Relator do inquérito, Joaquim Barbosa defendeu a abertura de ação penal contra o parlamentar pelos dois crimes. “Considero haver indícios suficientes da prática de lavagem de dinheiro”, disse ele, ao concluir seu voto, na sessão de ontem. Entretanto, a discussão foi interrompida pelo ministro Dias Toffoli. Ele pediu vista do caso. “Me sinto na necessidade de aclarar o tema”, disse.