sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Nos jornais: Lula lamenta prisão e recomenda cautela à PF
O Estado de S. Paulo
Lula lamenta situação e recomenda cautela à PF
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi comunicado pelo diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Correa, sobre as circunstâncias em que ocorreu a prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Segundo auxiliares do presidente, Lula quis saber como foi o processo de prisão e pediu para que tudo fosse feito com muito cuidado. Correa informou, então, ao presidente Lula que Arruda foi preso com a dignidade que todo preso merece. A PF foi muito criticada no passado pela forma "espetacular" como cumpria as ordens judiciais de suspeitos. Essas críticas chegaram ao auge em 2007, quando o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunitty, foi detido no âmbito da Operação Satiagraha. De acordo com auxiliares do governo, a avaliação do presidente é de que esse tipo de "tragédia" não ajuda no processo democrático e que "ninguém é sádico, ninguém está feliz" com a prisão de Arruda. No entanto, acrescentam as fontes, se o governador cometeu erros e a Justiça quer que ele pague, é assim que tem que ser.
Arruda é preso e procurador pede intervenção federal no DF
O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem-partido, ex-DEM), foi preso ontem, acusado de tentar subornar testemunhas no inquérito da Operação Caixa de Pandora - em que é acusado de comandar "organização criminosa" - e de obstrução à Justiça. Segundo despacho do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Fernando Gonçalves, que preside o caso, Arruda e seu grupo valem-se "do poder econômico e político para atrapalhar as investigações e garantir a impunidade". O vice Paulo Octávio (DEM) assumiu o governo.
STF decidirá sobre intervenção
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, deu ontem um prazo de cinco dias para que o governo do Distrito Federal se manifeste sobre o pedido de intervenção federal no DF. O pedido de intervenção foi feito ontem pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ter determinado a prisão do governador José Roberto Arruda (sem partido). O prazo de cinco dias deverá começar a contar a partir do momento que a procuradoria do Distrito Federal for comunicada oficialmente sobre o pedido de intervenção. Como amanhã começa o carnaval, esse prazo deverá acabar apenas na semana posterior ao feriado.
Governador se apresenta à Polícia Federal
Preso na Polícia Federal, o governador José Roberto Arruda (sem-partido) foi acomodado num espaço com cama, banheiro privativo, sem grades, apelidada de "sala de Estado-Maior". Segundo informou a Polícia Federal, ele seria mantido isolado, sob a vigília de um segurança, em uma sala da Diretoria Técnico-Científica, localizada no prédio do Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Brasília. Depois de ser informado da decisão do STJ, por volta das 17h25, Arruda saiu da residência oficial em Águas Claras. Chegou ao prédio da PF 15 minutos depois, em um Honda Accord, seguido de outros três veículos de um comboio. Vestia calça e camisa sociais e aparentava estar tranquilo. Apresentou-se às autoridades antes de a PF receber o pedido de prisão preventiva do STJ.
Precedente do Supremo garante decreto de prisão
A prisão de José Roberto Arruda é consequência direta da representação feita pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) junto ao Ministério Público Federal na terça-feira passada, mas só foi decretada depois de muita negociação dentro do próprio Superior Tribunal de Justiça (STJ) para vencer dúvidas jurídicas que envolvem a Constituição do DF e do País. Na terça-feira, o novo presidente da OAB, Ophir Cavalcante, decidiu encaminhar ao Ministério Público o pedido de prisão do governador. Diante das manobras para obstruir a Justiça, a cúpula do STJ também já discutia nos bastidores o que fazer para enfrentar o que parecia inevitável: a necessidade de afastar Arruda pela tentativa de subornar testemunhas e eliminar provas.
'É um pecado que vamos ter de pagar'
"É um pecado que vamos ter de pagar. Não tem outro jeito", desabafou ontem o vice-presidente do DEM e senador Heráclito Fortes (PI), ao tomar conhecimento do pedido de prisão de José Roberto Arruda. Diante do escândalo nacional que abateu o único governador eleito pelo DEM, Heráclito ainda tentou dividir o prejuízo político com o PT. Destacou que, diferentemente de outras legendas, o DEM não pode ser acusado de omissão. "Nós não fizemos como outros partidos, que, além de protegerem os acusados de corrupção, agora os reabilitam, colocando-os na direção nacional", atacou o senador, referindo-se à reintegração do ex-ministro José Dirceu ao Diretório Nacional do PT, depois do escândalo do mensalão do governo Lula.
Serra já monta palanque nos Estados
Discretamente, e cedendo a pressões do próprio partido, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), aumentou as articulações para montagem dos palanques tucanos que darão sustentação à candidatura à Presidência. Numa espécie de sabatina, recebeu nos últimos dias quatro pré-candidatos tucanos aos governos estaduais. Somente nesta semana, reuniu-se com os prefeitos de Curitiba e de Teresina para tratar dos palanques no Paraná e no Piauí. Na semana passada, encontrou as principais lideranças tucanas em Alagoas e no Pará.
Candidatos 'desfilam' no carnaval
A menos de cinco meses do início da campanha eleitoral, os principais pré-candidatos ao Palácio do Planalto vão transformar o carnaval deste ano em seu primeiro teste de popularidade. A ordem é intensificar a agenda de folia e garantir exposição nas maiores e mais tradicionais festas do País. Na lista de destinos, estão Recife, Pernambuco e Rio. Decidida a herdar os votos do eleitorado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), tinha até ontem a agenda mais intensa entre os pré-candidatos. Ela abrirá a maratona no sábado, no Recife, aceitando convite do governador Eduardo Campos (PSB) para participar do Galo da Madrugada, maior bloco carnavalesco do mundo. De lá, segue para Salvador, no camarote com o governador Jaques Wagner (PT). Por fim, irá ao Rio, na companhia do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB).
Oposição recorre ao TSE pela terceira vez este ano
PSDB, DEM e PPS entraram ontem com nova representação contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, por campanha eleitoral antecipada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desta vez, a causa foi o discurso feito por Lula esta semana em Minas, em que ele disse: "Vamos fazer a sucessão neste país para dar continuidade ao que nós estamos fazendo. Este país não pode voltar pra trás como se fosse caranguejo."
Morre, aos 90 anos, Armando Falcão
O ex-ministro da Justiça Armando Ribeiro Falcão morreu na noite de quarta-feira, aos 90 anos, em decorrência de complicações de uma pneumonia. Falcão já apresentava fragilidade de saúde havia um ano, por causa da idade avançada. Por algumas semanas, enfrentou uma forte pneumonia. Segundo seu filho, o advogado José Armando Bezerra Falcão, o ex-ministro morreu em casa, em Botafogo, na zona sul do Rio. O ex-ministro, que ocupou cargos nos governos Juscelino Kubitschek e Ernesto Geisel, foi enterrado ontem, no Cemitério São João Batista, no mesmo bairro. A cerimônia foi acompanhada apenas por parentes e amigos.
O Globo
Arruda é preso, perde cargo e DF pode sofrer intervenção
ACorte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou do cargo e mandou para a cadeia o governador José Roberto Arruda (ex-DEM), acusado de comandar tentativa de suborno para atrapalhar a operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que investiga o mensalão do DEM no Distrito Federal. Por 12 votos a 2, os ministros decretaram a prisão preventiva de Arruda e de outros cinco suspeitos de oferecer dinheiro para calar uma testemunha do escândalo. Além disso, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a abertura de ação penal contra o governador por corrupção de testemunha e falsificação ideológica de documento privado. Ele ainda deve ser denunciado futuramente por outros crimes, como formação de quadrilha e corrupção. Gurgel também requereu ao Supremo Tribunal Federal (STF) intervenção federal no DF.
Lula lamenta que tenha chegado a este ponto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou abatido, segundo palavras de um assessor, ao saber que o ministro Fernando Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), havia decretado a prisão do governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), acusado de comandar um esquema de corrupção no Distrito Federal. Segundo assessores, o presidente lamentou que o escândalo no Distrito Federal “tenha chegado a este ponto” — a prisão de um governador —, um desfecho que não é bom para o país nem para a política brasileira. Segundo assessores, Lula não contestou a decisão da Justiça nem considerou que o STJ tenha cometido uma injustiça contra Arruda, mas avaliou que a prisão do governador do Distrito Federal não contribui em nada para o desenvolvimento da “consciência política nacional”.
Um fato inédito e simbólico
Na História da democracia brasileira, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), acusado de comandar a “organização criminosa” do mensalão do DEM no Distrito Federal e de tentar subornar testemunhas, é o primeiro governador a ser preso no exercício do cargo.
— A prisão do governador do Distrito Federal é um fato inédito e um momento simbólico para o Brasil em relação à impunidade da elite política. Mesmo que ele não fique muito tempo preso, sabemos que a corrupção tradicionalmente diminui quando existe punição. A prisão de Arruda é um avanço para o país — diz Marcelo Simas, cientista político da Fundação Getulio Vargas, lembrando que a Justiça ainda não foi totalmente feita: — Ele deveria ser processado e julgado, e o dinheiro deveria ser devolvido aos cofres públicos. Mas, mesmo que isso não aconteça, a prisão já mostra que a Justiça existe. Faz com que os brasileiros possam ver que nem tudo acaba em pizza.
Procurador pede intervenção e diz que organização criminosa tomou governo
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) intervenção no Distrito Federal. Na ação, Gurgel argumenta que o governador afastado José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) é o principal alvo da investigação sobre pagamento de propina a aliados locais e, por isso, não teria condições de administrar o DF. Na linha sucessória estão o vice-governador, Paulo Octávio (DEM), alvo da mesma investigação, e o presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR), da base aliada do governador. Para o procurador, nenhum dos dois teria isenção para governar e, por isso, seria necessária a nomeação de um interventor.
Em carta à população, Arruda diz ser vítima de campanha difamatória
Além da mensagem enviada à Câmara Legislativa, comunicando sua licença do cargo, o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, redigiu carta de próprio punho expressando indignação com a decisão do STJ de decretar sua prisão preventiva. Nos dois documentos, se diz vítima de campanha difamatória e anuncia a decisão de se licenciar, para proteger a cidade.
Arruda não desfila, não temos nada com isso
A prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, não vai atravessar o samba da Beija-Flor de Nilópolis, segundo seus integrantes. Última escola a desfilar no domingo de carnaval na Marquês de Sapucaí, com o enredo “Brilhante ao sol do novo mundo — Brasília, do sonho à realidade, a capital da esperança”, a agremiação, patrocinada este ano pelo governo do DF com R$ 3 milhões, diz não temer ser vaiada na avenida depois do escândalo.
— Não estamos preocupados com isso. Nossa cabeça está voltada para a correria das fantasias e para os ensaios técnicos. A gente só vai se ligar nisso (prisão de Arruda) na quarta-feira de cinzas, depois do carnaval. O enredo é sobre Brasília e não sobre o governador — disse o intérprete Neguinho da Beija-flor.
Entidades apoiam prisão e elogiam decisão da Justiça
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) divulgaram notas de apoio à prisão do governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM). O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, afirmou em nota que a prisão repõe a ordem na política do país: “A prisão do governador José Roberto Arruda pode ser o marco histórico da quebra da impunidade na política brasileira.
A Justiça agiu, como é de seu dever”. O presidente da AMB, Mozart Valadares Pires, segue no mesmo tom: “Há fortes indícios de que o governador do DF estaria tentando destruir provas do processo no qual é acusado de corrupção. Essa é uma decisão pioneira. Não me recordo de nenhuma outra com essa importância".
Raquel Dodge, subprocuradora-geral da República
Depois de acompanhar a sessão em que a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decretou a prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge rompeu o silêncio que mantinha desde o início das investigações. Numa entrevista ao GLOBO, disse que o bilhete escrito por Arruda e endereçado ao jornalista Edson Sombra, alvo de uma tentativa de suborno, foi um dos fatos decisivos que levaram o Ministério Público a pedir a prisão do governador. Ela disse que ficou impressionada com a desfaçatez com que Arruda e outros acusados agiam, mesmo sabendo que estavam sendo investigados.
Vice assume, mas também está sob suspeita
O vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), que assumiu o governo após a prisão e o afastamento de José Roberto Arruda (ex-DEM), foi citado diversas vezes como beneficiário do mensalão do DEM, revelado pela Operação Caixa de Pandora. Num dos trechos do relatório do serviço de inteligência da Polícia Federal, o exsecretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa inclui Paulo Octávio entre os favorecidos com parte dos recursos desviados pela organização que seria chefiada por Arruda. Durval fez acusações contra Paulo Octávio no dia 16 de outubro. Ele informou à polícia que tinha R$ 178 mil, originários de propina, guardados em seu gabinete. Esse valor seria dividido por um grupo de pessoas indicadas por Arruda, sendo que 30% (R$ 53,4 mil) seriam repassados a Paulo Octávio, segundo Durval.
General se nega a mostrar carta de desculpas
A novela da polêmica indicação do general de Exército Raymundo Nonato de Cerqueira Filho, para uma vaga de ministro do Superior Tribunal Militar (STM), continua no Senado. Ontem ele se negou a atender ao pedido do senador Eduardo Suplicy (PT-DF) para divulgar o teor da carta enviada ao relator do processo, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), para negar que tenha dado declarações homofóbicas durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Depois da polêmica provocada pela declaração de que há incompatibilidade entre homossexuais assumidos e a atividade militar, na carta não divulgada por Azeredo, ele ataca a imprensa e diz que não se pode afirmar que Alexandre o Grande, o mais célebre conquistador do mundo antigo, e o imperador romano Júlio Cesar, eram gays.
Planalto tenta evitar que ministra deponha no Senado sobre programa
O Palácio do Planalto vai agir para evitar que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, tenha de prestar depoimento no Senado sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), lançado em dezembro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo vai argumentar que a matéria não diz respeito à pasta de Dilma, e tentará substituir a convocação da presidenciável pela dos ministros Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) e Luiz Paulo Barreto (Justiça).
A manobra será conduzida pelos líderes aliados no Senado.
FH volta ao ataque
Depois de provocar um debate sobre a comparação entre seu governo e o do presidente Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso mirou diretamente na ministra e presidenciável Dilma Rousseff, chamando-a de autoritária e dogmática, com tendência a fazer um eventual governo mais próximo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. As declarações de FH foram dadas ao colunista Andres Oppenheimer e publicadas ontem no site do jornal americano “The Miami Herald”.
— Não acho que Dilma seria assim (como Lula), porque ela é mais, talvez isso seja um pouco duro, dogmática. Ela tem uma visão ultrapassada, a favor de uma maior interferência do Estado (na economia) — disse.
Comissão do Senado aprova validade de dez anos para visto americano
Acordo de reciprocidade deve entrar em vigor a partir de março
A Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado aprovou ontem acordo entre o governo brasileiro e o governo americano ampliando a validade do visto para os EUA de cinco para dez anos. O acordo de reciprocidade, que amplia também o prazo para o visto de americanos no Brasil, já tinha sido aprovado pela Câmara dos Deputados e agora só depende de deliberação do plenário do Senado, depois do Carnaval.
Segundo a assessoria da Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, o Departamento de Estado americano aguarda apenas a conclusão do processo no Brasil para comunicar ao Congresso a homologação do acordo. A previsão do presidente da CRE, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), é que a mudança já esteja em vigor a partir de março.
Folha de S. Paulo
Governador do DF é preso, acusado de tentar suborno
Após dois meses de uma aguda crise política, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), foi preso e afastado de suas funções ontem por determinação do Superior Tribunal de Justiça. É a primeira vez que um governador tem a prisão decretada em decorrência de um escândalo de corrupção após a redemocratização do país. Ao mesmo tempo, a Procuradoria-Geral da República requisitou a intervenção da União no DF.
STJ decide prisão por risco à ordem pública
Ao mandar prender o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), por suposta tentativa de suborno a testemunha do mensalão do DEM, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) entendeu que, se ele ficasse livre, a "ordem pública" e a "instrução do processo" estariam em "risco". Assim que a decisão inédita foi proferida, por 12 votos a 2, Arruda se entregou à Polícia Federal, em Brasília. Ele ficará detido em regime especial. Os ministros do STJ também o afastaram temporariamente do cargo, já que não poderá exercer a função na cadeia.
Prisão foi negociada durante toda a noite
A inédita prisão de José Roberto Arruda (sem partido) foi negociada durante toda a tarde de ontem entre assessores pessoais do governador e a cúpula da Polícia Federal. Assim que saiu a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Arruda pediu a seu secretário de Segurança Pública, Valmir Lemos, um policial federal licenciado, que intermediasse com a PF a sua chegada ao órgão. Lemos contatou então o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, que designou a Diretoria Técnico-Científica do INC (Instituto Nacional de Criminalística) como local indicado. Corrêa também ofereceu como local para Arruda se apresentar a sede da PF -ele recusou.
Procurador pede intervenção federal no DF
Após conseguir autorização no STJ (Superior Tribunal de Justiça) para prender o governador José Roberto Arruda (sem partido), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, entrou no STF (Supremo Tribunal Federal) com um pedido de intervenção federal no governo do Distrito Federal. O ministro Gilmar Mendes pediu ao governo do DF que se defenda da possível intervenção num prazo de cinco dias.
Lula lamenta episódio e pede "cuidado" à PF
Antes mesmo de a Justiça decretar a prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), o presidente Lula lamentou o episódio. Ao saber, pela internet, que o ministro do Superior Tribunal de Justiça Fernando Gonçalves havia aceito o pedido de prisão, disse a auxiliares que a notícia não era algo "bom para o país, nem bom para a política". Ainda segundo interlocutores, Lula mostrou-se "abatido" com o caso, quando os ministros do STJ ainda tomavam a decisão final.
Depois de confirmada a ordem de prisão, Lula comentou com assessores considerar "horrível" um episódio como o por que Brasília está passando e que decisão da Justiça tem de ser cumprida.
Filiados do DEM deixam governo; vice é poupado
Minutos depois de a Justiça determinar a prisão do governador José Roberto Arruda, a Executiva Nacional do DEM determinou que todos os seus filiados deixassem os cargos no governo do Distrito Federal. O partido, porém, poupou o vice-governador Paulo Octávio. De acordo com o presidente nacional da legenda, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), a situação do vice é diferente porque ele foi eleito pela população e não indicado por Arruda. "Com o que apareceu até agora avaliamos que não temos nada contra; se tiver daqui para frente, é outra circunstância."
Governador é o 1º preso por ordem judicial
José Roberto Arruda (sem partido) é o primeiro governador preso por ordem da Justiça após a redemocratização. Em 1993, o então governador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima (PMDB), foi preso em flagrante pela Polícia Federal, em Campina Grande, depois de ter dado dois tiros à queima-roupa no ex-governador Tarcísio de Miranda Burity (PFL), 55, após uma discussão. Em 2007, o STJ -encarregado de julgar governadores- recusou pedido de prisão contra o então governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT). Investigado pela Operação Navalha, da PF, Lago foi acusado de envolvimento em esquema de fraude em licitações. Ele nega.
"Prisão é abusiva e ilegal", diz advogado
"A prisão é abusiva, ilegal e desnecessária", afirmou ontem o advogado Nélio Roberto Machado, que defende o governador afastado José Roberto Arruda (sem partido), preso ontem por determinação do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Antes mesmo de a ordem de prisão sair, Machado já havia entrado com pedido de habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) para garantir a liberdade de Arruda. Machado afirmou que almoçou com o governador e que ele estava tranquilo. "Foi um dia normal. A prisão é surpreendente", afirmou Machado.
Arruda afirma que é vítima de "armação"
Antes de se apresentar à Polícia Federal, o governador José Roberto Arruda escreveu uma carta de seis páginas lamentando a "campanha difamatória" contra ele e mandou mensagem à Câmara do Distrito Federal se licenciando do cargo "pelo tempo que durar essa medida coercitiva".
Assim, enquanto Arruda estiver preso, assume o vice, Paulo Octávio (DEM), também investigado no esquema de corrupção. No texto escrito à mão, Arruda diz que pediu licença para que Paulo Octávio possa dar "seguimento a todas as obras".
Ministro do "nada a declarar", Armando Falcão morre aos 90
Criador da lei que limitava a propaganda eleitoral na TV a exibição de foto com narração do currículo do candidato para evitar críticas à ditadura militar, morreu anteontem Armando Ribeiro Severo Falcão, 90, ministro da Justiça nos governos de Juscelino Kubitschek (1956-1961) e de Ernesto Geisel (1974-1979). Vítima de broncopneumonia, Falcão - que tinha "nada a declarar" como expressão predileta durante o regime de exceção- morreu por volta das 23h30, em sua casa, na zona sul do Rio. Foi enterrado ontem no cemitério São João Batista, em cerimônia restrita a familiares.
Planalto pressiona, e PT altera plano de governo de Dilma
Pressionado pelo Palácio do Planalto, o PT vai fazer ajustes na sua proposta de governo da futura candidata Dilma Rousseff à sucessão de Lula, mas o tom mais à esquerda do texto preliminar foi proposital.
Nas palavras de um dirigente do partido, cabia ao PT "puxar para a esquerda" para depois negociar um programa final da ministra Dilma com os demais partidos da futura aliança, principalmente o PMDB.
Correio Braziliense
Arruda é preso. DF sob ameaça de intervenção
No fim da tarde de ontem, ao governador do Distrito Federal, que tinha uma caneta com poder de movimentar R$ 22,6 bilhões (o valor do orçamento aprovado para este ano) e de chefiar um exército com 120 mil servidores públicos, só restaram duas opções: 77 dias após a deflagração da Operação Caixa de Pandora, Arruda poderia escolher entre ficar preso na sede da Polícia Federal (PF), no Setor de Autarquias Sul, ou ser levado para uma das salas da diretoria técnico-científica do Complexo da PF, no Setor Policial Sul. Ele optou pela segunda.
Três não se apresentaram
Cinco pessoas, além do governador José Roberto Arruda, tiveram a detenção decretada na histórica decisão de ontem do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro Fernando Gonçalves aceitou os pedidos de prisão preventiva do ex-secretário de Comunicação do GDF Weligton Moraes; do ex-diretor da Companhia Energética de Brasília (CEB) Haroaldo Brasil de Carvalho; do suplente de deputado distrital Geraldo Naves (DEM); do ex-secretário particular do governador Rodrigo Arantes; e do conselheiro fiscal do Metrô do DF Antonio Bento. Este já estava detido na Papuda desde 4 de fevereiro, quando foi flagrado pela Polícia Federal após entregar R$ 200 mil ao jornalista Edson Sombra.
Futuro nas mãos do STF e de Lula
Está nas mãos de autoridades dos Três Poderes da República a decisão sobre quem vai comandar a capital do país nos próximos meses. Por iniciativa do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o Supremo Tribunal Federal (STF) vai apreciar pedido de intervenção federal no DF, solução apontada pelo Ministério Público Federal como forma de tirar o poder de administrar e gerir recursos públicos das mãos de autoridades envolvidas nas denúncias investigadas pela Operação Caixa de Pandora. Caso os ministros acatem o pedido, caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabelecer quem será o interventor, por quanto tempo ele governará e qual a amplitude da medida, ou seja, se atingirá também a atuação da Câmara Legislativa. O decreto presidencial terá ainda que ser submetido ao crivo do Congresso Nacional.
Entrevista - Paulo Octávio
O vice-governador Paulo Octávio (DEM) chega amanhã aos 60 anos tendo nas mãos o que mais queria há quatro anos, quando travou uma briga interna no partido contra o então deputado José Roberto Arruda pelo direito de concorrer ao Governo do Distrito Federal (GDF) e perdeu, ficando com a vaga de vice na chapa. A realização do sonho, entretanto, vem embaçada pela crise que, espera Paulo Octávio, passe e lhe permita concluir o mandato. Para isso, pretende conclamar a todos os partidos, inclusive os de oposição. Hoje, vai procurar o presidente Lula. O carnaval será todo dedicado a conversas políticas e análise das contas que ele pretende divulgar na internet para acompanhamento de quem tiver interesse. Tanta animação, no entanto, garante ele, nada tem a ver com as eleições deste ano: “Não serei candidato à reeleição”, adianta. E, terminado este período, Paulo Octávio cogita largar a vida pública. “Parar aos 60 já está bom”, diz ele, com um ar de sobriedade. Festa mesmo, só o aniversário de 50 anos de Brasília, a qual classifica como um evento “da população”, e não do governo. Sobre as denúncias, insiste que cada um deve responder na Justiça pelas acusações que lhe cabem.
Servidores fazem boicote ao ponto
A implantação de novo modelo de ponto eletrônico no Senado deflagrou uma crise que mobiliza três pilares da Casa: servidores efetivos, comissionados e os próprios senadores. Ato baixado pelo primeiro-secretário, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), regulamentou a marcação de presença dos funcionários de toda a Casa. Mas a norma não está valendo para todos. Os servidores lotados nos gabinetes dos senadores — em Brasília, e nos escritórios políticos espalhados por estados e pelo Distrito Federal — não são obrigados a obedecer as regras impostas aos que atuam na estrutura administrativa.
Meirelles descarta governo
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, descartou ontem sua candidatura ao governo de Goiás. Em nota de próprio punho, divulgada pela assessoria do Banco Central, Meirelles deixou a porta aberta para uma saída política, que pode ser a candidatura ao Senado Federal, por Goiás, ou mesmo à Vice-Presidência na chapa do Partido dos Trabalhadores.
30 anos do PT ajudam a projetar a ministra
Veiculado ontem em todas as emissoras de rádio e televisão do país, o comercial particular em comemoração aos 30 anos do Partido dos Trabalhadores oficializou o que o presidente Lula já planejava desde 2008, quando decidiu que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, seria sua candidata ao Palácio do Planalto. Coincidentemente, a peça publicitária, com 60 segundos de duração, foi criada por João Santana, mesmo publicitário responsável pela campanha do presidente em 2006 e que também já acertou que será o autor de todo o trabalho de mídia da petista na corrida(1) pela Presidência da República.