Resultados parciais do laboratório inglês levam PJ a reforçar tese da morte de Maddie Os resultados parciais das amostras recolhidas no apartamento de onde desapareceu há quatro meses Madeleine McCann chegaram ontem e reforçam a tese em que a Polícia Judiciária tem vindo a trabalhar: a de que a menina estará morta.
Os cientistas do laboratório forense de Birmingham, no Reino Unido, ainda não comunicaram oficialmente as conclusões sobre os testes aos resíduos biológicos pedidos pela PJ para saber se pertenciam à menina britânica desaparecida da praia da Luz, no Algarve. Mas os responsáveis pela investigação foram ontem informados, por e-mail, de partes do relatório consideradas relevantes. A PJ deu-se por satisfeita com aquilo que lhe foi dado a conhecer: "Estamos satisfeitos com os resultados", disse fonte ligada ao processo.
A polícia acredita dispor agora de elementos que reforçam a tese em que tem apostado nos últimos tempos, a da morte da menina Os investigadores, nos últimos tempos, começaram a defender a tese de que a descoberta do caso se encontra num "conjunto de elementos" recolhidos, e não apenas no resultado das amostras de fibras, sangue e cabelos, enviadas para Birmingham para "extracção do ADN".
O resultado "satisfatório" das conclusões obtidas pelos cientistas forenses ingleses, diz a PJ, "vai permitir avançar noutros domínios", quando for conhecido, oficialmente, todo o relatório dos testes laboratoriais.
A investigação tem sido conduzida no sentido de encontrar provas que conduzam à responsabilidade criminal pelo desaparecimento da criança junto do ciclo de amigos próximos da casal McCann, que passavam férias com eles na praia da Luz e já se encontram em Inglaterra.
A habitual reunião que Gerry e Kate mantinham todas as semanas no Departamento de Investigação Criminal da PJ de Portimão, para serem informados, dentro dos limites legais, sobre as diligências que estavam a ser efectuadas, deixou de se realizar. Ontem o jornal inglês Daily Mail criticava mesmo o facto de os pais terem ficado a saber pelo imprensa (a notícia foi dada pela televisão Sky News, que falou numa viragem no caso) do envio dos resultados do laboratório.
Desde que alguns jornais portugueses começaram a referir a possibilidade de o pais estarem implicados na eventual morte de Maddie que o casal admitiu regressar a casa, no Reino Unido, com o peso da dor pela perda da filha. A partida chegou a ser anunciada para 15 de Setembro.
Sangue e cheiro a cadáver
Os dois cães britânicos especialmente treinados para detectar odores de cadáver e de sangue marcaram sinais de morte no mesmo local do quarto do apartamento onde os McCann passavam férias, no Ocean Club da praia da Luz. Foi a partir desta "coincidência" que a investigação tomou nova direcção. Os responsáveis da PJ por este caso, ontem, ao analisarem os testes, mostraram-se confiantes no avanço da investigação. A tese inicial de rapto parece ter sido abandonada de vez.
A demora na divulgação dos resultados laboratoriais não surpreendeu a polícia: "Sabíamos, desde o início, que um resultado conclusivo demoraria semanas".
Nos próximos dias a PJ deverá proceder a novas diligências, mas mostra-se prudente quanto aos alvos a atingir. Para já, Robert Murat continua a ser único arguido do processo, e o seu estatuto não deverá ser alterado proximamente.
Para já, os investigadores, contactados pelo PÚBLICO, mostram-se cautelosos: "Vamos esperar pela totalidade da informação". É que, ao longo de quatro meses, foram muitas as pistas falsas e o processo sofreu vários reveses.
O casal McCann já não habita o apartamento do Ocean Club, mas durante todo o Verão o local tem sido alvo de romaria - com inúmeros turistas, principalmente portugueses, a tirar fotografias ao local. A imagem de Maddie, desaparecida a 3 de Maio do quarto onde dormiria com os dois irmãos enquanto os pais jantavam num restaurante próximo, continua afixada em locais públicos. Mas as notícias contraditórias sobre o caso avolumaram dúvidas na opinião pública. Gerry e Kate McCann, agastados com algumas notícias, têm evitado os jornalistas. A porta-voz do casal, citada ontem pelo Daily Mail on-line, dizia que tudo o que os pais querem é saber o que aconteceu.