Supermercados de SP vão oferecer sacolas biodegradáveis por R$ 0,19
SÃO PAULO – Dia 9 de maio. Essa é a provável data em que o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria do Meio Ambiente, vai firmar um convênio com a Apas (Associação Paulista de Supermercados) para extinguir as sacolinhas plásticas desses estabelecimentos.
Eles pretendem conscientizar os consumidores a utilizarem as famosas ecobags. Por isso, os supermercados vão oferecer uma grande variedade para os clientes. "Terá uma sacola retornável básica com a logomarca da campanha, mas cada empresa vai ter outros tipos, mais estilizadas e com cores diferentes", explica o Diretor de Sustentabilidade da Apas, João Sanzovo.
A ideia é que exista variedade pelo menor preço possível. "Inclusive, a Apas está buscando fazer convênio com empresas para elas oferecerem preços bastante baixos para o supermercadista repassar para o consumidor", diz. Na experiência de Jundiaí, cidade do interior paulista pioneira na eliminação das sacolinhas, as ecobags são vendidas por R$ 1,85. Tudo isso visa facilitar a mudança de comportamento do consumidor.
"Para aquele cliente que é de outra cidade, que está viajando ou em trânsito e que não se programou para fazer a compra, haverá a opção da sacolinha biodegradável vendida pelo preço de custo de R$ 0,19", tranquiliza Sanzovo. Os estabelecimentos também vão disponibilizar gratuitamente caixas de papelão das mercadorias que eles revendem.
Fim da zona de conforto
"Na verdade, o que vamos fazer é pedir para todo mundo sair da zona de conforto", diz Sanzovo. Ele lembra que as gerações mais velhas usavam sacolas retornáveis no passado – "que é a antiga sacola de feira, feita de lona".
Porém, o advento da sacolinha plástica trouxe a comodidade, a praticidade e a facilidade. "Nós estamos destruindo a natureza para o nosso comodismo", instiga.
Ainda não foi definido um prazo para o início da exclusão das sacolinhas, mas o diretor da Apas aposta no dia 12 de novembro deste ano, data em que é comemorado o Dia do Supermercadista. "A Secretaria fará campanhas de esclarecimento em escolas públicas e utilizaremos nossa rede de educação ambiental para conscientizar principalmente os jovens nas escolas", explica o Secretário Estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas.
"Até lá, o setor vai fazer campanha nas lojas, colocar cartazes, conscientizar clientes e colocar sacolas retornáveis à venda a um preço bastante convidativo, assim como foi feito em Jundiaí", acrescenta Sanzovo.
Estendendo horizontes
Localizada a 60 quilômetros da capital paulista, a cidade de Jundiaí iniciou, em agosto de 2010, a campanha "Vamos tirar o planeta do sufoco", uma parceria entre a Apas e a prefeitura do município.
Com seis meses completados em fevereiro, a cidade havia retirado de circulação 480 toneladas de plástico e 132 milhões de sacolas distribuídas em supermercados, o que representa uma redução de 95% de sacolinhas. Anteriormente, Jundiaí produzia 22 milhões de sacolas por mês.
"A coisa mais surpreendente e legal desse caso foi perceber a maturidade e o nível de consicência que o consumidor já se encontra em relação à sacola plástica", ressaltou Sanzovo. "Eles só estão esperando alguém fazer algum movimento que os ajude a parar de usar as sacolas". Por conta dessa experiência pioneira tão positiva, ele acredita que a adesão no resto do estado será semelhante.
"A orientação é a melhor estratégia para que a iniciativa tenha sucesso", afirmou Covas.
Lixos do banheiro e da pia da cozinha
Muitas pessoas ainda têm receio em banir as sacolinhas plásticas, porque as utilizam nos lixos do banheiro e da pia da cozinha. Mas Sanzovo avisa: "A empresa que está fazendo a sacolinha biodegradável já está produzindo saco de lixo biodegradável. Daqui a pouco ele estará disponível para o consumidor".
Ele ainda lembra que não usar as sacolinhas representa um maior aproveitamento do saco de lixo. "Antes, você jogava a sacolinha de supermercado com lixo dentro de um sacão", alerta.
De acordo com o Instituto Akatu, existem outras alternativas menos impactantes para o meio ambiente como, por exemplo, uma dobradura feita com folha de jornal. No site www.institutoakatu.org.br eles ensinam como fazer esse saquinho.
"O plástico é feito de petróleo, portanto, aumenta o aquecimento global, leva centenas de anos para se degradar na natureza e, descartado errado, vai entupir bueiros e tubulações de esgoto, provocando enchentes. No lixão ou aterro sanitário, por impedir a circulação de gases, também atrapalha a degradação de outros materiais", destaca o Akatu.
Os pontos positivos das sacolinhas!
A Abief (Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis) defende que as sacolinhas têm, sim, benefícios. "Os plásticos são 100% recicláveis. Além de não emitir resíduos tóxicos, este tipo de material pode gerar energia para abastecer residências e indústrias", aponta a entidade.
O presidente da associação, Alfredo Schmitt, defende a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Essa legislação tem o objetivo de promover o uso racional e responsável das sacolinhas, mas não eliminá-las.
Seguindo essa mesma ideia, a Plastivida Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos recebeu a notícia sobre o acordo entre Apas e Governo Estadual com surpresa. "A preocupação da Plastivida é que esse tipo de acordo possa penalizar o consumidor, quando existem alternativas concretas de redução do consumo que presevam o meio ambiente, sem ferir o direito de escolha", informou a entidade.
O Instituto defende que as ações de preservação ambiental sejam equacionadas para que, além de eficazes, não gerem prejuízo ao consumidor.