Polícia ouve suspeito de aplicar silicone industrial em travesti
Sidnei Pereira Gomes, conhecido como 'Bianca', fez duas aplicações em Ipameri (GO).
'Tratamento estético' custou cerca de R$ 690, mas travesti morreu quatro dias depois.
Glauco Araújo Do G1, em São Paulo
Reprodução/TV Anhanguera
Sidnei morreu após segunda aplicação de silicone industrial (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
A Polícia Civil de Ipameri (GO) ouviu o depoimento do suspeito de ter aplicado silicone industrial no travesti Sidnei Pereira Gomes, 25 anos, conhecido como "Bianca", na segunda-feira (7). Ele morreu na sexta-feira (11).
As informações são mantidas sob sigilo para não atrapalhar as investigações. O delegado Vitor Margon, responsável pelo caso, ainda não definiu se vai indiciar o suspeito por homicídio culposo, sem intenção de matar.
Ele ouviu o depoimento do suspeito na noite desta segunda-feira (14) e foi liberado em seguida.
Alerta
A comerciante Luciene Borges Cortez, 39 anos, espera que a morte do travesti "Bianca" sirva de exemplo para que os homossexuais tomem mais cuidados com a aplicação de silicone no corpo.
"Eu quero fazer um alerta para que outros travestis não façam o que Bianca fez. A vaidade não pode ser desmedida a ponto de fazer isso com o próprio corpo. Ela não pensou nas conseqüências. Tinha a saúde perfeita e morreu por causa do silicone", disse Luciene, tia do rapaz.
O travesti foi sepultado neste domingo (13), em Vila Rica (MT), onde vivem os pais. "Os pais nem sabem o que fazer. Eles vivem em uma fazenda. O filho deles saiu de casa há quatro anos para trabalhar e voltou dentro de um caixão. Eles estão desolados", afirmou a comerciante.
Na lavoura
"Bianca trabalhou colhendo feijão no sábado (5), descansou no domingo (6) e fez o 'aplique' na segunda-feira. Minha sobrinha era muito esforçada. Trabalhava tanto na colheita de feijão, como de batata e de milho. Ela não se prostituía e nem exibia o corpo", disse a tia do travesti.
O Instituto de Medicina Legal (IML) da cidade ainda não concluiu o laudo com as causas da morte. "Na terça-feira (8), ela sentiu falta de ar, fadiga e febre. Na quarta-feira (9), tinha muita febre e cuspia sangue. Na quinta (10), já não falava e foi internada", disse a tia.
Vaidade
A comerciante afirmou ainda que já tinha alertado Bianca sobre os riscos de usar silicone industrial para modelar o corpo. "Esta foi a segunda vez que ela aplicou esse produto no corpo. Da primeira vez eu fiquei sabendo, mas ela não me contou sobre essa segunda cirurgia."
Luciene contou que Bianca era vaidosa e queria ter um corpo mais escultural. "Ela aplicou dois ou três copos de silicone no peito há dois meses. Quando desinchou, ela achou que ficou pequeno demais e quis colocar mais". Segundo ela, essa primeira cirurgia custou R$ 450.
"Soube que ela colocou mais dois copos de silicone na semana passada. A aplicação custou mais R$ 240", disse a comerciante. As duas aplicações feitas por Bianca foram acompanhadas por outro travesti, que também injetou o mesmo tipo de silicone em seu corpo, mas que ainda não apresentou efeito colateral.
Homossexualidade
Bianca saiu de casa há quatro anos para trabalhar perto da tia, em Ipameri. Ela cresceu em Vila Rica com os pais, que trabalham em uma fazenda na cidade mato-grossense. "O Sidney já tinha tendência para a homossexualidade desde os 9 anos, mas só foi assumir aos 19 anos. Ela se vestia como uma mulher e todos a tratavam como mulher aqui em Ipameri", disse Luciene.