Em campanha, presidenciável afirmou que aviação estava em estágio terminal
No texto, o então candidato criticou o governo FHC e propôs medidas que não seguiu depois de eleito presidente
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Apesar de dizer anteontem que estava mal informado sobre a crise aérea e que, em cinco campanhas eleitorais, nunca se falou nisso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escreveu artigo em 7 de janeiro de 2002 com o título de "Morte anunciada do transporte aéreo".
O texto, recheado de críticas ao governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi publicado pelo jornal "Gazeta Mercantil" justamente num ano eleitoral, quando Lula venceu a disputa pela Presidência da República, depois de ter perdido em 1989, 1994 e 1998.
Diante da quebra da Transbrasil, ele propunha no seu artigo "refletir se vale a pena deixar as empresas brasileiras de aviação entregues a sua própria sorte ou se é interessante para o país ter uma aviação nacional competitiva".
Intervenção
O presidenciável ainda defendia: "Vale sim uma intervenção das autoridades competentes, não para presentear as empresas com o suado dinheiro dos contribuintes, mas para dar as condições macroeconômicas de sobrevivência e de competitividade, antes que elas sejam engolidas pelas grandes companhias estrangeiras".
Ao assumir a Presidência, porém, Lula não seguiu seu próprio conselho. Se a Transbrasil quebrou no governo FHC, a Varig teve o mesmo destino no seu, sem conseguir nenhum tostão de ajuda oficial.
Depois de longa comparação da situação dos Estados Unidos com a do Brasil, Lula, que era também presidente de honra do PT, propôs: "Para o setor sair da crise, seriam necessárias medidas governamentais voltadas para assegurar a isonomia tributária e de financiamento às empresas brasileiras, compatíveis com a realidade internacional".
Acordos bilaterais
Na mesma linha, sugeriu a "urgente revisão dos acordos bilaterais vigentes", enquanto hoje o que se discute em alguns setores do seu governo é justamente o contrário: ampliar a participação estrangeira no setor aéreo nacional.
Numa coisa o então pré-candidato e o atual presidente se mantiveram iguais: no uso de uma metáfora médica para falar da aviação.
No artigo publicado em 2002, o candidato disse que "a crise da aviação brasileira, que vem se arrastando há muitos anos, atinge um estágio terminal". Na reunião de anteontem do Conselho Político do governo, ele comparou a crise do setor aéreo ao câncer.
"É como um paciente que não soubesse a gravidade da doença e aí, quando vê, está com metástase no corpo todo", disse ele a ministros e líderes partidários, conforme a Folha.
A última linha do artigo escrito por Luiz Inácio Lula da Silva foi endereçada diretamente a Fernando Henrique Cardoso: "Até quando, senhor presidente?"
COLUNISTA DA FOLHA
Apesar de dizer anteontem que estava mal informado sobre a crise aérea e que, em cinco campanhas eleitorais, nunca se falou nisso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escreveu artigo em 7 de janeiro de 2002 com o título de "Morte anunciada do transporte aéreo".
O texto, recheado de críticas ao governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi publicado pelo jornal "Gazeta Mercantil" justamente num ano eleitoral, quando Lula venceu a disputa pela Presidência da República, depois de ter perdido em 1989, 1994 e 1998.
Diante da quebra da Transbrasil, ele propunha no seu artigo "refletir se vale a pena deixar as empresas brasileiras de aviação entregues a sua própria sorte ou se é interessante para o país ter uma aviação nacional competitiva".
Intervenção
O presidenciável ainda defendia: "Vale sim uma intervenção das autoridades competentes, não para presentear as empresas com o suado dinheiro dos contribuintes, mas para dar as condições macroeconômicas de sobrevivência e de competitividade, antes que elas sejam engolidas pelas grandes companhias estrangeiras".
Ao assumir a Presidência, porém, Lula não seguiu seu próprio conselho. Se a Transbrasil quebrou no governo FHC, a Varig teve o mesmo destino no seu, sem conseguir nenhum tostão de ajuda oficial.
Depois de longa comparação da situação dos Estados Unidos com a do Brasil, Lula, que era também presidente de honra do PT, propôs: "Para o setor sair da crise, seriam necessárias medidas governamentais voltadas para assegurar a isonomia tributária e de financiamento às empresas brasileiras, compatíveis com a realidade internacional".
Acordos bilaterais
Na mesma linha, sugeriu a "urgente revisão dos acordos bilaterais vigentes", enquanto hoje o que se discute em alguns setores do seu governo é justamente o contrário: ampliar a participação estrangeira no setor aéreo nacional.
Numa coisa o então pré-candidato e o atual presidente se mantiveram iguais: no uso de uma metáfora médica para falar da aviação.
No artigo publicado em 2002, o candidato disse que "a crise da aviação brasileira, que vem se arrastando há muitos anos, atinge um estágio terminal". Na reunião de anteontem do Conselho Político do governo, ele comparou a crise do setor aéreo ao câncer.
"É como um paciente que não soubesse a gravidade da doença e aí, quando vê, está com metástase no corpo todo", disse ele a ministros e líderes partidários, conforme a Folha.
A última linha do artigo escrito por Luiz Inácio Lula da Silva foi endereçada diretamente a Fernando Henrique Cardoso: "Até quando, senhor presidente?"