Para arcebispo de São Paulo, 'é muito fácil' acusar alguém sem provas.
Ele afirma ter plena confiança na inocência do religioso
O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, afirmou nesta segunda-feira (29) ser “muito fácil” acusar alguém sem provas, em relação às afirmações contra o padre Júlio Lancelotti feitas por um homem preso por extorsão contra o religioso. “É muito fácil acusar alguém de pedofilia e depois essa pessoa ter que se explicar”, disse dom Odilo.
O ex-interno da Febem (hoje Fundação Casa) Anderson Marcos Batista, de 25 anos, foi preso na noite de sexta-feira (26), acusado de extorquir dinheiro do padre. A defesa de Batista afirma que já houve um "caso de amor" entre o religioso e Batista. Segundo Nelson Bernardo da Costa, advogado do acusado, os dois se conheceram quando o suspeito tinha cerca de 15 anos e cumpria internação na antiga Febem por roubo.
Dom Odilo defendeu o padre Júlio durante anúncio de um plano de restauração do patrimônio religioso da cidade, ocorrido na manhã desta segunda. “Tenho plena certeza de que a inocência do padre Júlio neste caso será plenamente confirmada. Nós temos confiança no trabalho da polícia e da Justiça”, disse o arcebispo de São Paulo.
Ele pediu serenidade e senso crítico na análise do caso. “As acusações levantadas são muito frágeis, precisam ser demonstradas. Isso acaba destruindo a boa imagem de um homem construída ao longo de um trabalho muito duro e difícil, que é reconhecido na cidade. De um momento para outro, [a imagem] é execrada de uma maneira muito injusta.”
Padre Júlio é ligado à Pastoral do Menor de São Paulo e conhecido por seu trabalho social com menores infratores e moradores de rua. Quatro homens foram presos acusados de extorquir o religioso. O padre procurou a polícia porque estava sendo ameaçado pelo grupo. Dom Odilo acredita que esta é outra prova da inocência dele. “É preciso lembrar que o padre Júlio foi quem apresentou a denúncia”, disse.
Em entrevista coletiva neste sábado, o delegado André Pimentel, do Setor de Investigações Gerais (SIG) da 5ª Seccional, disse que não há comprovação das acusações feitas pelo advogado do ex-interno. Pimentel disse, ainda, que Lancelotti é, até agora, a vítima.
O advogado do religioso, Luiz Eduardo Greenhalgh, afirmou ao SPTV, da TV Globo, que o cliente deve ser tratado como inocente. “O padre Júlio é vítima de um processo de extorsão. Foi o padre Júlio que denunciou à polícia este caso de extorsão (...) Ele é vítima. Eu quero que se presuma a inocência do padre, porque foi ele quem denunciou a armação", disse o advogado do padre.