O aluno de 18 anos que assassinou oito pessoas nesta quarta-feira em uma escola na Finlândia antes de cometer suicídio disparou 69 vezes, aleatoriamente, e tentou incendiar o centro de ensino, informou nesta quinta-feira a polícia local em coletiva de imprensa.
"No local foram achados 69 cartuchos", disse o investigador Jan Olof Nyholm na coletiva realizada em Vantaa, localidade próxima de Tuusula, cenário da tragédia. O estudante Pekka-Eric Auvinen tinha em seu poder um total de 389 balas, incluindo as 69 disparadas.
Os investigadores divulgaram hoje as fotos dos danos causados pelos disparos no centro de ensino secundário, como vários vidros quebrados e o corredor que o aluno tentou incendiar.
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O atirador Pekka-Eric Auvinen, 18, que atirou 69 vezes e matou oito em escola |
"Foram encontrados líquidos inflamáveis no lugar. Provavelmente ele tentou incendiar o segundo andar. Espalhou líquido nas paredes e no chão", acrescentou Nyholm, que não explicou a natureza exata dos líquidos, nem o que motivou o jovem a fazer isso.
A polícia acha que Auvinen atuou sozinho. Ele também deixou uma carta de despedida para a família. Nela, expõe as mesmas reivindicações que fez em um vídeo enviado ao YouTube.
Após a ação, o site de vídeos do Google retirou a gravação do ar, lembrando que somente verifica o conteúdo do material que é enviado depois de ser alertado pelos usuários, já que é "impossível" ver todos os vídeos recebidos ao longo do dia.
Sob o pseudônimo "Sturmgeist89", Auvinen --que morreu horas depois de disparar um tiro na própria cabeça-- difundiu na véspera da chacina um vídeo intitulado "A matança em Jokela High School, 7 de novembro de 2007".
Drama
O drama aconteceu em uma pequena cidade de 30 mil habitantes às margens de um grande lago, 40 quilômetros ao norte de Helsinque, que se transformou no cenário de uma das maiores tragédias finlandesas nas últimas décadas.
Descrito por alguns como um solitário apaixonado por armas e por outros como um garoto "normal", Auvinen matou oito pessoas --sete estudantes e a diretora do centro de ensino.
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Pistola e parte da munição usada por atirador no ataque à escola no sul da Finlândia |
Às 12h04 (8h04 de Brasília), a polícia ouviu o último disparo que, segundo a primeira reconstituição dos fatos, foi o tiro que o assassino que o assassino deu na própria cabeça, e que provocou sua morte algumas horas depois em um hospital da cidade.
A escola do ensino médio --isolada pela polícia após a tragédia-- está fechada e sem previsão de reabertura até o fim da semana.
"Tuusula vai demorar uma eternidade para curar suas feridas", declarou o prefeito da cidade, Hannu Joensivu. Pelas ruas da cidade, pedestres anônimos depositam flores, cartões e acendem velas em homenagem às vítimas, diante da câmeras de TV de todo o mundo.
Autoridades finlandesas não decretaram luto oficial, mas determinaram que as bandeiras permaneçam a meio pau nos edifícios oficiais e privados. A matança desta quarta-feira é uma ação rara na Finlândia, país com 5,4 milhões de habitantes que sempre se orgulhou dos pequenos índices de criminalidade em comparação com restante da Europa.
Internet
A tragédia de Tuusula mergulhou o país em uma onda de consternação e em uma polêmica sobre a vigilância da internet e de sites populares entre os adolescentes, já que o assassino anunciou a matança um dia antes, em um vídeo divulgado no portal YouTube.
Alguns já começaram a criticar as falhas do sistema escolar finlandês --que, no entanto, é considerado exemplar em todo o mundo.
A diretora-geral do Conselho Nacional de Educação, organismo responsável pelo sistema educacional na Finlândia, lamentou a falta de recursos dedicados à ajuda e detecção de alunos com problemas.
"O drama não foi uma surpresa", disse indignada Kirsi Lindroos em uma entrevista ao canal de televisão estatal Yle. "O trabalho nas escolas é gigantesco e os recursos mínimos. Dispomos do material para fazê-lo, mas sempre aparece o problema dos recursos", afirmou.