ANJ critica ações da Igreja Universal e presta solidariedade a jornalistas

ANJ critica ações da Igreja Universal e presta solidariedade a jornalistas

O Globo

BRASÍLIA - A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) voltou nesta terça-feira a divulgar nota sobre a estratégia da Igreja Universal do Reino de Deus de usar seus fiéis e sua estrutura para ir à Justiça e pressionar a imprensa a não divulgar notícias críticas à organização religiosa. No texto, a ANJ afirma que vê com preocupação as recentes ações judiciais movidas por fiéis e pastores da Universal contra jornais do país.

"As ações judiciais alegam pretensos danos morais sofridos pelas fiéis da Universal, mas não escondem o claro propósito de intimidar o livre exercício do jornalismo. São obviamente resultado de um planejamento, com argumentações, estratégias e objetivos idênticos. Mover as ações em grande número, com origem em diversos pontos do país, é uma tática que evidencia o verdadeiro intuito de causar transtornos aos jornais e jornalistas, que se vêem obrigados a comparecerem e constituírem defesa em dezenas de cidades e a multiplicarem, conseqüentemente, os custos de sua defesa. Na medida que criam essas dificuldades, os autores das ações e seus mentores, a rigor, pretendem induzir jornais e jornalistas a silenciarem informações a respeito da Universal. É uma iniciativa capciosamente grosseira e que afronta o Poder Judiciário, já que pretende usá-lo com interesses não declarados", afirma a nota.

Em seguida, a ANJ afirma que diversos juízes tomaram decisões contrárias às ações, acrescentando palavras de solidariedade aos jornais e jornalistas alvos da estratégia.

"A ANJ renova sua solidariedade aos jornais e jornalistas alvos dessas ardilosas ações judiciais e se coloca à disposição desses e de outros veículos e profissionais que venham a sofrer igual violência. A ANJ chama a atenção da sociedade brasileira para o caráter autoritário dessa ação orquestrada, que usa fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus contra os valores da liberdade em nosso país, se baseia na intolerância e indica a preocupante pretensão de impor um pensamento único, incompatível com a convivência democrática. É preciso impedir, desde já, o avanço dessa escalada obscurantista", finaliza o texto assinado pelo vice-presidente da ANJ, Júlio César Mesquita.


Em nota, Igreja Universal cobra responsabilidade da imprensa

A Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) divulgou nesta terça-feira (19) uma nota em que nega as acusações de má-fé que vem sofrendo de setores da sociedade civil e da grande mídia. Na nota, diz não orquestrar as ações movidas por fiéis e pastores contra jornais e jornalistas que escreveram reportagens contra a igreja comandada pelo bispo Edir Macedo.

"A Iurd já ingressou com suas ações judiciais e não tem qualquer interesse de orquestrar e incentivar processos individuais por parte de seus fiéis", diz o texto, ao comentar as ações na Justiça de fiéis contra os jornais Extra, O Globo, A Tarde e, sobretudo, Folha de S.Paulo. Nos processos movidos contra a Folha, eles se dizem ofendidos pelo teor de uma reportagem da jornalista Elvira Lobato, publicada em dezembro sobre o patrimônio da igreja.


Na nota, a Universal afirma respeitar o direito à liberdade de imprensa, jornalistas e veículos de comunicação. "Porém, não admite que reportagens sejam usadas para ofensas de outras garantias constitucionais como a dignidade da pessoa humana, o acesso à Justiça, à liberdade de crença e à inviolabilidade da honra", diz a nota. "A imprensa deve atuar com responsabilidade e não pré-julgar, manipular ou condenar precipitadamente."


Leia abaixo a íntegra do texto:

A Igreja Universal do Reino de Deus, entidade religiosa há 30 anos no Brasil, com mais de 5 milhões de fiéis e presente em 170 países, vem a público esclarecer que:


1. Fiéis de várias partes do país estão procurando a Iurd para manifestar seu repúdio em relação às notícias classificadas como lamentáveis, publicadas por veículos de comunicação, especialmente no que se refere à origem e destinação de seus dízimos;


2. O dízimo é um aspecto da liberdade de crença consagrada pela Constituição Federal;


3. A Iurd já ingressou com suas ações judiciais e não tem qualquer interesse de orquestrar e incentivar processos individuais por parte de seus fiéis;


4. A Iurd respeita a liberdade de Imprensa, os jornalistas e suas entidades representativas, porém, não admite que reportagens sejam usadas para ofensas de outras garantias constitucionais como a dignidade da pessoa humana, o acesso à Justiça, à liberdade de crença e à inviolabilidade da honra;


5. A Imprensa deve atuar com responsabilidade e não pré-julgar, manipular ou condenar precipitadamente;


6. A Iurd não está à margem da sociedade. É uma entidade regularmente constituída, conforme a legislação brasileira, que deve ser respeitada como todas as outras denominações religiosas no estado democrático de direito. É inaceitável, que no uso de suas prerrogativas, a mídia utilize denominações ofensivas e preconceituosas como seita, bando e facção em referência à Iurd;


7. A Iurd apóia a posição de todas as entidades de classe quando está em questão a Democracia. A Imprensa, com responsabilidade, pode noticiar e os fiéis, da mesma forma, podem acessar a Justiça;


8. Cabe ao Judiciário, com a imparcialidade e independência que lhe são inerentes, a palavra final.


São Paulo, 19 de fevereiro de 2008.


Igreja Universal do Reino de Deus

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