Eles fazem sucesso com hits sensuais e têm vozes marcantes, mas garantem que são diferentes
Um tem 17 anos de carreira e faz o baile tremer quando convoca a mulherada para "nhanhar" com o hit "Vem Todo Mundo". O outro surgiu como MC há cinco meses, mas não deixa ninguém parado ao convocar quem tem disposição para dançar o "Créu".
Os donos desses currículos são, respectivamente, Wagner Domingues da Costa, 39 anos, e Sérgio Costa, 29. Não reconheceu? Mas e se falarmos em Mister Catra e MC Créu, facilita? Pois eles são os dois maiores expoentes do movimento funk do momento.
Catra é conhecido pelas letras ousadas, tanto na hora de falar sobre a vida no morro, quanto na hora de cantar o chamado "funk erótico", e pela voz rouca à la "Ja Rule".
Créu, cujo nome herdou de seu único hit "Dança do Créu", começa a ser comparado com Catra por causa da sensualidade que sua música sugere (É créu nelas/ Pra dançar créu tem que ter disposição/ Pra dançar créu tem que ter habilidade /Pois essa dança ela não é mole não / Eu venho te lembrar que são cinco velocidades), mas ele garante que sua praia é mais a do humor.
"O Créu surgiu de uma forma superinocente, com um brincadeira do meu filho, que na época tinha 3 anos, e que começou a fazer esse barulho com a boca", lembra.
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Semelhanças e diferenças à parte, os dois estão com a agenda lotada de shows. Créu faz em média 80 apresentações por mês. Catra, chega a fazer até 120, dividindo-se em várias apresentações em um mesmo dia.
Sérgio Costa trabalha como DJ e produtor desde os 13 anos. Ele conta que começou na profissão quando ganhou duas pick-ups no programa "Porta da Esperança", de Silvio Santos.
"Quem me transformou em DJ foi o Silvio Santos. Quando ganhei as pick-ups, comecei a tocar em festas profissionalmente, e depois segui como produtor de funk", diz ele, que já produziu para Tati Quebra Barraco, MC Serginho e para o próprio Catra.
Aliás, foi na falta de um ídolo que acreditasse que a "Dança do Créu" pudesse fazer sucesso que ele mesmo foi à luta e resolveu cantar o seu hit. "Sou novidade da antiga. Comecei cantando agora, mas já estou na pista há muito tempo", brinca.
Já Catra foi líder estudantil, teve uma banda de rock chamada "O Beco", na década de 80, e nos anos 90 se encontrou com o funk. Começou fazendo o funk de protesto, contando a realidade dos morros, nua e crua. Tanto que foi acusado de fazer apologia ao crime. Depois, começou a investir no funk da sensualidade, no funk erótico, sua atual e mais rentável fase.
"Sempre fui do contra. Enquanto estava todo mundo fazendo funk docinho, eu fazia funk de protesto. Depois, investiram na coisa enlatada e eu estava na fase sensualidade. Agora, estou no funk erótico, mas continuo fazendo as mesmas coisas do início da carreira. Acho que dá pra falar de sexo com classe", diz.
Catra e Créu já fizeram alguns trabalhos juntos. Créu conta que até pensou no amigo para gravar "A Dança do Créu", e que chegou a fazer uma versão mais "animada" para a música "Descobridor dos Sete Mares", de Tim Maia, para ele. "O Catra é o Catra, né?! Somos amigos, e ainda vamos gravar juntos", planeja.
Do outro lado, a gentileza é retribuída na mesma moeda. "Serginho é amante do funk, e acho que Deus presenteia quem cuida bem do funk", diz Catra.
Créu ainda curte os louros de seu sucesso, mas já prepara novas investidas com os hits "Ilariol" e "Dança do Michael Jackson". Tem também o "Passinho da Academia do Créu", uma versão para os marombeiros de plantão que vão poder malhar ao som da música.
Catra coleciona vários sucessos como "Vida na Cadeia", "O simpático" e "Adultério", uma versão nada ingênua do hit "Tédio", dos anos 80, do grupo Biquíni Cavadão. (Sabe esses dias que tu acorda de ressaca /Tua roupa tá cheia de lama /e a cachorra tá na cama).
"Acho tudo normal no baile funk", diz o mister, que tem 15 filhos, cada um com uma mulher diferente, e, pasmem, é casado há 11 anos, com Silvia.
"Minha mulher é realista. Sabe ser mulher, sabe o marido que tem e não tenta me mudar. Sempre vai ter tudo de mim", diz ele.
"Vou fazer 40 anos em novembro, e acho que estou melhor agora do que quando tinha 20. Aos 20 você tem disposição, mas não tem dinheiro. Aos 40 tem disposição, dinheiro, experiência e outras coisinhas mais", gaba-se.
"Nunca tomei viagra, não. Sigo a receita clássica do meu avô. O músculo só pára se parar de ser usado. Então, uso sempre para manter funcionando."