Nesta segunda-feira, 18, pesquisa CNT/Sensus mostrou um aumento na avaliação positiva do governo Lula - de 46,5% para 52,7% em janeiro - e a aprovação do presidente cresceu - de 62,1% para 66,8%. Os índices são os maiores registrados desde janeiro de 2003, início do primeiro mandato. O resultado mostra que o escândalo dos cartões corporativos não afetou Lula e o governo, apesar de 48% dos entrevistados dizerem o contrário.
"O que faz que essas denúncias não colem está relacionado diretamente à situação econômica. Esse tipo de denúncia (dos cartões) até cria irritação no campo moral, mas esses resultados da economia criam uma satisfação no campo econômico. E isso acaba não influindo na avaliação negativa do governo", explica Marco Antonio Villa, historiador e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
Para ele, fatores como o lado carismático do presidente e os programas sociais do governo não surtiram efeito e não explicam o aumento de popularidade nessa pesquisa porque já foram absorvidos em outro momento. "A questão econômica é elemento determinante", voltou a afirmar.
Para Roberto Romano, professor de ética e filosofia política da Unicamp, é preciso ir além do "efeito teflon" para explicar o descolamento do governo Lula e da figura do presidente de escândalos como o do mensalão e agora o dos cartões corporativos. Segundo ele, a oposição não avança nas suas denúncias até chegar a Lula porque "tem receio de que a bomba estoure do seu lado também".
"O que me parece mais grave do ponto de vista ético-político é que ninguém na oposição ultrapassou o limite e chegou a indicar corrupção na pessoa do presidente", afirmou. E lembrou que o mensalão acabou parando "no colo" do senador tucano Eduardo Azeredo, ex-governador de Minas.
O cientista político Fábio Wanderley Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), diz que o resultado do levantamento mostra que, do ponto de vista do eleitorado popular, há um viés de artificial na tentativa da oposição de tornar as denúncias um assunto quente. "Não é suficiente para afetar a imagem do presidente", afirmou.
Ele explicou ainda que o fato de 64% dos pesquisados dizerem conhecer o escândalo não significa que essa declaração tenha conseqüências reais sobre a percepção das denúncias. "Não há razão para se esperar grande consistência de um eleitorado que é desinformado e desatento", avaliou.