Folha de S. Paulo
Governo amplia o seguro-desemprego a afetados pela crise
O Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador) aprovou ontem as regras para ampliação em duas parcelas do seguro-desemprego a setores da economia e Estados em que haja desemprego em massa. O FAT dispõe de até R$ 2,2 bilhões neste ano para fazer o pagamento das mensalidades adicionais. O ministro Carlos Lupi (Trabalho) afirmou que, caso haja agravamento da crise, sua pasta poderá recomendar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a edição de nova medida provisória para ampliar o seguro-desemprego para até dez parcelas, como já pediram as centrais sindicais. "Se a gente perceber uma piora, podemos aumentar para até dez parcelas por medida provisória. Mas acho que não será preciso", declarou Lupi. As duas parcelas extras só começarão a ser pagas em abril e poderão beneficiar, inicialmente, demitidos na siderurgia (aço), extração de minério e exportação de frutas, de couro e de calçados em algumas regiões do país.
STF exclui Dilma da lista de investigados no caso dossiê
Os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Tarso Genro (Justiça) foram excluídos da lista de possíveis investigados do inquérito da Polícia Federal que apura a produção e o vazamento do dossiê sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A decisão foi tomada anteontem pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal. "Não há até este momento fatos que justifiquem a investigação de autoridades em instância superior", disse à Folha Lewandowski, relator do caso. Apesar de isentar por ora Dilma e Tarso, Lewandowski determinou que as apurações prossigam -os ministros podem voltar a ser alvos de investigação futuramente. O STF devolveu o inquérito sigiloso à primeira instância da Justiça Federal por não existirem mais entre os investigados autoridades com foro privilegiado. A Folha revelou em abril do ano passado que o dossiê contendo gastos pessoais de FHC e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso foi produzido dentro da Casa Civil, por ordem da secretária-executiva Erenice Guerra, braço direito de Dilma. Mas, segundo Lewandowski, não há nas investigações da PF evidências de que a ordem tenha partido da ministra.
Serra minimiza erro de Lula sobre taxa de analfabetismo em SP
Apesar de contrariado, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), poupou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao comentar o discurso em que o petista superfaturou o índice de analfabetismo de São Paulo. Na véspera, Lula havia afirmado que essa taxa chegava a 10% no Estado. É de 4,6%.
Em conversas, Serra se queixou de Lula, com quem evita confrontos. Mas, publicamente, responsabilizou o Ministério da Educação pelo erro. Segundo o governador, foi "uma falha do Ministério da Educação". "Não acho que o presidente tenha tido qualquer espécie de má-fé ou agressividade com relação a São Paulo. Foi uma menção a um número. Só que o número está errado. O Ministério da Educação que errou, dando a ele um número de 18 anos atrás", minimizou.
Réus no caso do mensalão pedem depoimentos
Os réus do mensalão vão insistir que o STF (Supremo Tribunal Federal) colha depoimentos de testemunhas de defesa residentes no exterior, apesar de o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso, ter exigido a comprovação de que os relatos são imprescindíveis. A exigência de Barbosa se baseia na mais recente legislação contra o retardamento de processos, a lei 11.900/2009. Foi mais uma medida do ministro para acelerar o andamento da ação, na tentativa de evitar a prescrição dos crimes.
Sindicato acusa Yeda em outdoor contra corrupção
Outdoors espalhados pelo Rio Grande do Sul foram utilizados por sindicatos de servidores para fustigar a governadora Yeda Crusius (PSDB).
No início, 300 outdoors veicularam apenas a imagem de um rosto coberto e a frase "Dia 12/02, descubra a face da corrupção". A partir de hoje à tarde, os sindicatos fazem ato público e os outdoors deverão começar a exibir a imagem da governadora ao lado de palavras como "corrupção", "autoritarismo" e "mentira".
Primeiras-damas fazem fila para conhecer o Alvorada e recebem mimos de Marisa
Mais de 300 primeiras-damas de municípios fizeram ontem fila para conhecer o Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Marisa Letícia. Sem um aceno sequer de dona Marisa, como é chamada, as mulheres tiveram que se contentar em ganhar um "kit Carnaval".
"Foi a primeira-dama da presidência da República que fez questão de presentear as senhoras", avisou a guia, enquanto distribuía uma sacola de pano com um cartaz, dois leques de papel, um lenço e um DVD da campanha do governo contra exploração sexual de crianças e adolescentes.
Após escândalo, ACM Neto é eleito o novo corregedor da Câmara
O deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) foi eleito ontem segundo-vice-presidente e corregedor da Câmara, cargo em que será o responsável por apurar denúncias contra seus colegas. No mesmo momento da sessão que elegeu o deputado baiano, o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), convocou reunião extraordinária da Mesa Diretora para anunciar que, a partir de agora, dará transparência às notas fiscais utilizadas pelos deputados com gastos da verba indenizatória.
Eros Grau se diz impedido e deixa caso do ex-corregedor
Depois de atuar por um ano e sete meses como relator do inquérito que investiga o ex-corregedor-geral da Câmara, deputado Edmar Moreira (DEM-MG), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Eros Grau retirou-se ontem do caso alegando-se impedido por uma "questão de foro íntimo". Ele determinou que a investigação seja redistribuída para outro colega da Corte. Grau não revelou as razões que o levaram a deixar o inquérito, que investiga se Moreira apropriou-se ilegalmente de contribuições ao INSS feitas por seus empregados. Disse apenas que foram razões particulares: "Posso ser amigo (de Moreira) ou posso não ser". Sobre o fato de ter permanecido tanto tempo relatando o inquérito, afastando-se só depois de vir à tona a história do castelo construído pelo congressista no interior de Minas Gerais, o ministro respondeu: "Só agora me debrucei sobre isso. Tenho milhares de processos para cuidar".
Funai pede à PF que investigue canibalismo
A Funai vai pedir à Polícia Federal que assuma as investigações sobre o assassinato de um jovem não-índio de 21 anos em uma aldeia da etnia culina, em Envira (AM). O procurador da Funai em Manaus já está elaborando o pedido à PF. A polícia afirma que ao menos cinco índios culinas são suspeitos de matar o jovem e de comer seus órgãos. Outros dois índios disseram à polícia que testemunharam o crime. O delegado de Envira disse que pedirá a prisão preventiva dos suspeitos até o final da semana. No último dia 3, a vítima, Océlio de Carvalho, conduzia um boi quando foi convidado pelos índios para ir até a aldeia Cacau, a 5 km do centro de Envira, de acordo com relato de testemunhas ao sargento da PM José Carlos da Silva, que exerce a função de delegado.
Justiça condena Exército por tortura a militar
A União foi condenada pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte a pagar indenização de R$ 93 mil a um ex-cabo que foi torturado em um quartel do Exército no interior do Estado. A decisão, que ainda cabe recurso, foi expedida anteontem pelo juiz Antônio José de Carvalho.
Procurado, o Exército disse que não iria se manifestar pois vai recorrer -a Advocacia Geral da União entrará com recurso no TRF (Tribunal Regional Federal) da 5ª região.
Stephanes diz ter projeto para reduzir a zero danos da pecuária
O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) afirmou ontem, no encontro de prefeitos, que tem um projeto para reduzir a zero o desmatamento causado pela pecuária na Amazônia. "Estou até tornando público isso. É um projeto muito restrito. Poucas pessoas sabem." No evento, Stephanes esteve ao lado de seu colega Carlos Minc (Meio Ambiente), com quem tem divergências sobre mudanças no Código Florestal. Os dois fizeram palestras para cerca de 50 prefeitos, mas não falaram sobre o código.
O Estado de S. Paulo
Trabalhadores demitidos na crise têm seguro-desemprego ampliado
Os trabalhadores dos setores produtivos mais atingidos pela crise financeira que foram demitidos a partir de dezembro do ano passado terão direito por mais tempo ao seguro-desemprego. Uma medida aprovada ontem pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) permite que as parcelas do seguro-desemprego, que até agora variavam de três a cinco meses, possam ser ampliadas para um período de cinco a sete meses. O seguro-desemprego ampliado não valerá para todos que foram demitidos recentemente. Segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o ministério vai definir, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os segmentos que serão beneficiados. A prioridade, segundo Lupi, será para trabalhadores dos setores que mais sentiram os reflexos da crise, e consequentemente os que mais demitiram. Entre eles, de acordo com o ministro, podem estar os setores de siderurgia, extração mineral e exportação de frutas.
Lula fere lei ao antecipar campanha, diz FHC
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem no Rio que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "está em campanha" e repetiu quatro vezes, em dez minutos de entrevista, que "a lei não permite" isso. "Nós (do PSDB) estamos seguindo a lei. Talvez, se o presidente Lula continuar forçando antecipar a eleição, vamos ter de pedir autorização ao Tribunal (Superior Eleitoral). Porque não pode, simplesmente não é o momento de lançar." Ele reconheceu, porém, que o tempo do PSDB "está encurtando". "Todo mundo sabe que os candidatos possíveis são dois, de Minas e de São Paulo. Minha posição é dar tempo ao tempo. Mas, como Lula está precipitando, nosso tempo está encurtando. Mas é preciso ver a lei. É loucura o que está acontecendo, fazer campanha neste momento."
Como parecer amigo do presidente por R$ 30
Por uma fotomontagem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, R$ 30. Caro? Não para dezenas de prefeitos, vice-prefeitos, assessores e vereadores, que viram ali o valor inestimável de um material de campanha. Tudo bem, era apenas uma montagem. Mas um assessor de prefeito deixou claro do que se tratava: "A gente escaneia e põe no jornal, como o povo vai dizer que não é?" Do lado de fora do centro de convenções que reuniu, nos dois últimos dias, milhares de pessoas de todos os cantos do País, uma pequena empresa de fotografia digital encontrou uma "mina de ouro": montou um estande oferecendo montagens de fotos com Lula de um lado e Dilma de outro. Bastava o candidato pagar, tirar uma foto com fundo branco e três minutos depois saía com o futuro material de propaganda nas mãos: sua imagem impressa entre o presidente e a ministra.
''Deixa a vida me levar'', afirma Dilma na festa do PT
"Deixa a vida me levar." Foi com essa referência ao samba de Zeca Pagodinho que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, deixou a festa de 29 anos do PT, na noite de terça-feira, desviando de perguntas sobre seu futuro político. Sorridente, Dilma foi apresentada pelo presidente do PT, Ricardo Berzoini, como a mulher que vai "liderar a luta" do projeto petista, em 2010. Petistas fizeram fila para tirar foto ao lado da ministra. Ela fez pose abraçada com militantes, distribuiu autógrafos e só protegida por dois seguranças conseguiu atravessar o salão, ao som do forró Deixa o homem trabalhar - que embalou a campanha da reeleição de Lula, em 2006. Cumprimentou José Dirceu, seu antecessor no cargo, mas não parou para conversar. Ali perto, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, tentava pechincar o preço do jantar. "Não dá para fazer um abatimento?", perguntou o responsável pelos cortes no Orçamento, ao saber que teria de desembolsar R$ 400 por dois convites, um para ele e outro para a mulher, Gleisi Hoffmann. Bernardo não conseguiu o desconto. Foram vendidos 1.200 convites, com preços de R$ 100 a R$ 1.000. O PT arrecadou R$ 140 mil, pelas contas do tesoureiro do partido, Paulo Ferreira.
Repasse a prefeitos subiu na eleição
Os repasses do governo federal aos municípios foram maiores na campanha eleitoral, ao contrário do sugerido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em discurso para prefeitos na terça-feira, quando reclamou de entraves burocráticos ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Do primeiro para o segundo semestre de 2008, os auxílios e contribuições financeiras da União praticamente dobraram, pulando de R$ 4,8 bilhões para R$ 8,5 bilhões. Na abertura do Encontro Nacional com Novos Prefeitos e Prefeitas, anteontem, Lula disse que o PAC atrasou no fim do ano passado por causa das eleições. Ele se referia à proibição de que o governo assine novos convênios com Estados e municípios nos 90 dias que antecedem o pleito. Nada na lei impede, contudo, que o governo repasse recursos para convênios já celebrados.
Um dia após críticas, Lula faz afagos à imprensa
Depois de criticar, em discurso inflamado, o noticiário que tratou o Encontro Nacional com Novos Prefeitos e Prefeitas como um ato político-eleitoral que beneficiaria a pré-candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu ontem, em conversa informal com os jornalistas, que a imprensa escreveu a verdade. "Vocês não escreveram maldade... Nem bondade nem maldade. Foi a verdade", afirmou. Contrastando com o a irritação do dia anterior - "Tem dia que a gente acorda virado e, se cair um pingo de suor no copo, vira limonada", dissera ele, na terça-feira -, Lula ontem negou que estivesse irritado. "Apenas comentei fatos relevantes", disse. "Então a raiva passou?", insistiu um repórter. "Faz muito anos que não tenho raiva. Aprendi que quando a gente tem raiva só a gente sofre. Porque a pessoa de quem a gente tem raiva não fica nem sabendo que a gente tem raiva", respondeu o presidente.
Políticos aproveitam vida noturna na capital
Nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Depois de passar a tarde de anteontem ouvindo o longo discurso do presidente com promessas de benesses para seus municípios, os 3,5 mil prefeitos deixaram de lado o terno e a gravata e voltaram suas atenções, na madrugada de ontem, para as festas partidárias que se espalharam pela capital. Alguns mais animados acabaram a noite em boates e pubs, embalados ao som de rock and roll e muita bebida. Organizado pela Presidência da República, o Encontro Nacional de Novos Prefeitos e Prefeitas terminou ontem e deixou Brasília superlotada e os prefeitos seduzidos pelo poder da capital. A maioria deles preferiu vir desacompanhada, sem a mulher, ignorando o convite extensivo às esposas feito pela Presidência. Apenas 700 primeiras-damas acompanharam seus maridos no encontro, que durou dois dias.
Vereadores fazem lobby contra limite de gastos
Reunidos em Brasília desde a noite de terça-feira, vereadores de quase cem municípios de 13 Estados mostraram disposição para deixar senadores e deputados em paz até que seja resolvido o impasse da emenda constitucional 333, que cria mais 7.343 vagas nas câmaras municipais e fixa novas regras para o repasse de receita aos legislativos. O risco de redução no orçamento foi o que motivou mais discursos, já que o pleito pelas novas vagas é muito mais dos suplentes - que não participam do encontro nacional - do que dos titulares. Depois da frustração pela ausência do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), convidado para a abertura do encontro, os vereadores - a maioria do interior - receberam ontem com entusiasmo dois políticos alagoanos que atuam em campos opostos: o ex-presidente da República e hoje senador Fernando Collor de Melo (PTB) e a ex-senadora e agora vereadora em Maceió Heloísa Helena (PSOL).
Impasse retém ação contra Moreira
Um insólito detalhe contribui para que o deputado Edmar Moreira (DEM-MG) se mantenha providencialmente a salvo de ação penal por crime contra a ordem tributária. Acusado de sonegar ao Fisco R$ 244,79 mil ele foi denunciado pela Procuradoria da República em São Paulo por violação ao artigo 2.º da Lei 8.137/90. A denúncia, amparada em autuação da Receita, foi recebida em dezembro pela 8.ª Vara Federal. Até aí tudo bem, não fosse o pormenor de que o caso deveria ter sido encaminhado diretamente ao Supremo Tribunal Federal, corte que detém competência para processar parlamentares. O deslocamento dos autos para o STF não ocorreu pelo curioso fato de que a procuradoria, e a Justiça, desconheciam que o Moreira denunciado é o deputado do castelo Monalisa.
Sob pressão, Temer agora promete ''transparência total'' nos gastos
Pressionado pela má repercussão de manter sob sigilo as notas fiscais apresentadas pelos deputados na prestação de contas do uso da verba indenizatória, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), decidiu acelerar a liberação dos dados. Ele reuniu extraordinariamente a Mesa ontem e determinou "transparência total" sobre o benefício mensal de R$ 15 mil. O primeiro-secretário, Rafael Guerra (PSDB-MG), foi encarregado de apresentar um modelo detalhado do sistema, para discussão com os demais integrantes da Mesa na próxima terça-feira. O recuo, no entanto, foi parcial. A divulgação dos dados não deverá ser retroativa, mas atingir as futuras prestações de contas. "Não podemos fazer levantamento de coisas passadas pelas quais não somos responsáveis", disse Guerra. Ele tenta definir como a Casa fará a divulgação dos dados - são 17 mil notas fiscais por mês. A Câmara tem 1,5 milhão de notas arquivadas nos oito anos de vigência da verba.
Correio Braziliense
Homem do castelo nas mãos de ACM Neto
O novo corregedor da Câmara, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), começa no cargo pressionado. Ele será instado a analisar a suspeita de que o antecessor e correligionário Edmar Moreira (MG) usou verba indenizatória de maneira irregular. A bancada de deputados do PSol prometeu entregar hoje pedido ao corregedor para abrir uma investigação sobre se há irregularidade no destino do dinheiro público a que Moreira tem direito mensalmente. O deputado mineiro utilizou, dos R$ 180 mil de verba indenizatória dos últimos 12 meses, R$ 144 mil (ou 80%) para serviços de segurança privada. Como ele é empresário do setor, há dúvida se os recursos foram usados de maneira irregular. O problema é que a Câmara não dá detalhes da despesa feita pelo parlamentar mineiro, como o nome da empresa contratada. Limita-se a fazer uma divulgação discricionária dos gastos.
Na mesma lista de Edmar Moreira
Nos corredores da Câmara dos Deputados a possibilidade de Edmar Moreira (DEM-MG) tornar-se alvo de uma representação no Conselho de Ética tem sido tratado com cautela pelos parlamentares. Como ninguém conseguiu provar —pelo menos por enquanto — que o democrata utilizou a verba indenizatória irregularmente para contratar empresas que lhe pertencem, as acusações que atualmente rondam a imagem pública do ex-corregedor se referem a crimes de omissão de informações à Receita Federal, dívidas com a Previdência e sonegação fiscal: todos delitos considerados brandos pela maioria dos parlamentares. Não é para menos. Crimes fiscais e tributários constam na ficha de pelo menos outros 30 parlamentares, alvos de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) e nos tribunais de primeira instância dos estados. Segundo estimativa de técnicos da Procuradoria-Geral da República, os prejuízos causados pelos parlamentares sonegadores ultrapassam R$ 600 milhões.
Auditoria do TCU aponta lentidão nas obras do PAC
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apelou aos prefeitos reunidos em Brasília para que ajudem apressar a conclusão das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A preocupação tem motivos. Auditoria do TCU aprovada em dezembro apontou baixo percentual de execução dos recursos do programa. Do total da verba disponível (R$ 26,3 bilhões), apenas 33% (R$ 8,6 bilhões) havia sido liquidada até o fim de novembro do ano passado. A execução dos “restos a pagar” de anos anteriores (R$ 10,5 bilhões) ficou em 58% (R$ 6,1 bilhões). Mas a execução dos recursos do Orçamento de 2008 (R$ 15,8 bilhões) ficou em apenas 15% (R$ 2,5 bilhões). Para o tribunal, os números “expõem falhas de planejamento relacionadas à elaboração orçamentária”.
Mabel decide acelerar reforma
O Palácio do Planalto pretende voltar à carga na reforma tributária, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera prioritária, mas para isso deseja substituir o relator da comissão, deputado Sandro Mabel (GO), que acaba de assumir a liderança da bancada do PR. Para Lula, o relator atrapalhou mais do que ajudou o governo ao elaborar seu relatório, porque fez muitas concessões aos lobbies privados e contrariou os técnicos da Receita Federal e do Ministério da Fazenda. O presidente da República queria que o relator da reforma fosse o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP), que preside a comissão e é mais afinado com a equipe econômica.
Dilma brilha em festa petista
A festa de comemoração dos 29 anos do PT serviu de palco para mais uma demonstração da atuação partidária eleitoral da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O partido, que antes a via com desconfiança por ser uma novata sem militância na legenda, a saudou como candidata e adaptou um antigo bordão antes exclusivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ministra recebeu todos os holofotes, na última terça-feira à noite, e, ao terminar o discurso de cerca de 10 minutos no começo do evento, ouviu: “Olê, olê, olê, olá... Dilma, Dilma”. Antes já tinha demonstrado um pouco de constrangimento quando ouviu do presidente petista, Ricardo Berzoini (SP): “O partido tem muitos passos ainda, pode ter prévias, tem um estatuto a ser cumprido (para escolher o candidato), mas acho que a militância já está com você”.
Vai um santinho eleitoral aí?
Aministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, teve ontem um dia de candidata. Ao encarar os 3,5 mil prefeitos que estavam em Brasília, ela fez um discurso técnico, mas com efeito político e eleitoral. Ciente de que precisará do apoio deles numa eventual campanha, Dilma disparou elogios aos presentes e fez uma revelação: a faixa de renda de quem será beneficiado pelo novo plano de habitação do governo federal. O programa, segundo ela, vai atender a quem recebe entre dois e dez salários mínimos (R$ 930 a R$ 4.650). Se a intenção era alegrar os prefeitos, Dilma conseguiu. A habitação tem sido ponto fraco dos municípios.
Sarney promete apoio
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), saiu satisfeito do almoço com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Na conversa, reservada, ouviu dele uma promessa de apoio. “Você para mim é Tancredo e não vou ficar contra Tancredo nunca”, disse o veterano senador. Sarney foi candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Tancredo Neves, avô do governador mineiro, e assumiu o cargo quando ele adoeceu. Há algumas semanas, já tinha avisado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que as relações familiares o levariam a apoiar Aécio se ele for candidato ao Palácio do Planalto, em 2010.
O Globo
Jovens da Zona Sul faziam tráfico de drogas e armas
A Polícia Federal prendeu ontem 51 pessoas, a maioria jovens de classe média alta, ligadas a duas quadrilhas que, além de traficar drogas sintéticas para abastecer frequentadores de festas e boates, vendiam armas a traficantes. Preso numa cobertura na Lagoa, Henrique Dorneles Forni, de 25 anos, é acusado de trazer fuzis do Paraguai para o Morro do Turano, no Rio Comprido. Cerca de 300 policiais participaram das operações no Rio, em Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal, Paraná e Pernambuco. As quadrilhas agiam há pelo menos seis anos, contratando "mulas" para levar cocaína para a Europa e trazer de lá ecstasy e LSD. Cada viagem dava aos traficantes um lucro de R$ 230 mil. Os processos correm em segredo de Justiça.
Coincidência de palanques para Dilma
Cerca de 150 prefeitos do PT aproveitaram a viagem para o encontro com Lula, paga com dinheiro público, para comemorar o aniversário do partido. Os eventos foram um duplo palanque para a ministra Dilma, que fez discurso de candidata e pediu prioridade para as obras do PAC. O tesoureiro petista disse que tudo foi coincidência.
Ex-presidentes defendem descriminalizar a maconha
Em documento lançado no Rio pela ONG Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Violência, os ex-presidentes Fernando Henrique, César Gaviria (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México) defenderam a descriminalização da posse de pequenas quantidades de maconha, dentro de uma nova política antidrogas. A intenção é influenciar debate que será travado na ONU em março. Os signatários consideram que a atual política de combate às drogas, formulada nos anos 60, está excessivamente calcada na repressão. Eles sugerem que os usuários sejam tratados pelo sistema de saúde e que a polícia se concentre nos traficantes. “Não estamos pedindo o fim da repressão, mas que ela possa ser direcionada aos verdadeiros criminosos", disse Fernando Henrique.
Dilma é a estrela dos eventos
Em um período de menos de 24 horas, entre a noite de terça-feira e a tarde de quarta-feira, a pré-candidata do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a eleição de 2010, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, se apresentou e discursou em dois palanques, divulgando as ações do governo e tratando de projetos políticos com companheiros de partido. Nesta quarta, foi o principal nome do governo no segundo e último dia do Encontro Nacional de Prefeitos, organizado e patrocinado pelo Palácio do Planalto. Na noite da véspera, ela foi a estrela da festa de comemoração dos 29 anos do PT.
Jornal do Brasil
Pacote dos desempregados
Três medidas foram anunciadas pelo ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, para evitar demissões e socorrer desempregados: extensão do pagamento do seguro-desemprego por cinco a sete meses, regulamentação da bolsa de qualificação profissional para trabalhadores com contrato de trabalho suspenso e linha de crédito de capital de giro no valor de R$ 200 milhões para revendedoras de carros usados.
Para políticos, ano eleitoral já chegou
A ministra Dilma Rousseff e o presidente Lula dedicaram-se a um encontro de prefeitos. Fernando Henrique os acusou de antecipar a campanha. Mas Aécio Neves declarou que já tem o apoio de 90% dos diretórios para prévias tucanas.