O Estado de S. Paulo
PT evita engrossar coro por renúncia e fortalece Sarney
O PT reforçou ontem o apoio para a permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidência da Casa ao manter a posição pela licença temporária e não aceitar um convite de outros quatro partidos (DEM, PSDB, PDT e PSB) para pedir a renúncia do senador ao cargo. A decisão do PT acabou fortalecendo Sarney e deixando isolados os senadores que defendiam a renúncia - ao fim do dia, todos os partidos optaram por manter só o pedido de afastamento de Sarney. Se o PT tivesse concordado com a renúncia, os demais partidos fariam o mesmo tornando inviável a permanência de Sarney no comando do Senado. Em um plenário de 81 senadores, os 5 partidos somam 46 votos - 14 do DEM, 13 do PSDB, 12 do PT, 5 do PDT e 2 do PSB. Mesmo com as dissidências (senadores francamente favoráveis a Sarney), a situação do presidente do Senado ficaria mais frágil com o pedido formal dos partidos para que renunciasse.
Para Planalto, tática do confronto deu certo
O governo avalia que os aliados venceram o primeiro tempo da luta para salvar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), quando apostaram na estratégia do confronto com a oposição. Ontem à noite, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e o senador Fernando Collor (PTB-AL) conversaram com presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aliado de Sarney, Collor foi o principal personagem no enfrentamento com a oposição na véspera. Bateu boca com Pedro Simon (PMDB-RS), em plenário, e mandou o colega "engolir" suas palavras. Agora a ordem da tropa de choque sarneyzista é construir uma saída negociada com adversários ameaçados por dossiês para engavetar a maioria das representações contra Sarney no Conselho de Ética. Pelo jogo de cena que está sendo ensaiado, o conselho fará "triagem" nas representações e aceitará pelo menos uma, mas também pretende arquivá-la por "falta de provas".
Tropa de choque vasculha despesas de senadores
A tropa de choque do presidente José Sarney (PMDB-AP) manteve ontem a tática iniciada na segunda-feira de fazer ameaças aos que pedem a renúncia do senador. A estratégia é levantar as despesas dos senadores e buscar antigas denúncias e novas informações que possam intimidar adversários. Na mira estão tucanos, peemedebistas que não fazem parte da tropa e até petistas que defendem a saída de Sarney da cadeira de presidente do Senado. Um dos comandantes do grupo, Wellington Salgado (PMDB-MG), anunciou que deve finalizar hoje o pente-fino que mandou fazer nas centenas de atos secretos editados nos últimos anos. Aos jornalistas, avisou que os ex-presidentes Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Tião Viana (PT-AC) são os campeões de boletins sigilosos nos últimos anos. "Meus assessores ainda encontraram muita coisa anunciada de maneira errada", afirmou. Salgado quer apresentar o resultado na reunião de hoje do Conselho de Ética.
Aliados do peemedebista têm histórico turbulento
Parlamentares que no passado estiveram em situações semelhantes ou até mais graves que a vivida pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), assumiram a linha de frente para manter o peemedebista no cargo. Dentro da tropa de choque de Sarney, não faltam parlamentares com currículos recheados de escândalos de corrupção, denúncias e ações na Justiça. À frente do time, o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL), teve ele próprio de abandonar a presidência do Senado em dezembro de 2007. A queda teve início diante da suspeita de que a construtora Mendes Júnior pagava a pensão de sua filha com a jornalista Mônica Veloso. Alvo de inquérito no STF, Renan alega que a investigação ocorreu a seu pedido.
Sarney faz hoje ''apelo pragmático''
Um discurso de cerca de meia hora com respostas a todas as 11 denúncias protocoladas no Conselho de Ética. Na abertura do pronunciamento, um pequeno histórico da vida política e, por fim, um "apelo humildemente pragmático" para que o Senado volte a ter serenidade para discutir política e aprovar as matérias que estão na fila de votação. Em resumo, essa é a linha do discurso que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) faz hoje no plenário da Casa. Explicações e justificativas à parte, o objetivo político do senador é desarmar a oposição e os dissidentes da base aliada. "Como ele vai fazer o apelo à serenidade, é aceitável que os líderes do PMDB também desistam da ideia de processar no Conselho de Ética o líder dos tucanos, Arthur Virgílio (AM)", concluiu ao Estado um assessor especial de Sarney que ajudou a preparar o discurso.
''Renan é a faixa mais negra da história deste Congresso''
Depois do embate com Fernando Collor (PTB-AL) em plenário anteontem, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou que não reagiu porque ficou preocupado com o olhar do colega fixo nele o tempo todo. Collor disse a Simon para "engolir" as palavras. Em entrevista ao Estado, Simon voltou a criticar o presidente José Sarney (PMDB-AP). Afirmou ainda que ele deu um "golpe" para assumir a Presidência da República em 1985. E provocou Renan Calheiros (PMDB-AL). "Renan é a faixa mais negra da história deste Congresso."
General de Collor desfila pelo Senado
Bastou o senador Fernando Collor (PTB-AL) reforçar publicamente a defesa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para que seus velhos aliados começassem a reaparecer no plenário da Casa. Aos 82 anos, o ex-senador pernambucano Ney Maranhão desfilou ontem pelo Senado tentando reviver o tempo em que foi um dos generais da tropa de choque de Collor, durante a tentativa de resistência ao processo de impeachment que o afastou da Presidência em 1992. Até mesmo o fato de Collor ter revivido o antigo estilo do "bateu, levou", ao atacar duramente o senador Pedro Simon (PMDB-RS) na sessão de segunda-feira, arrancou elogios de Maranhão. "Collor sempre foi firme desse jeito. Sempre seguro nas suas posições", afirmou.
Por carta, Ustra diz que se tornou ''bode expiatório''
O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra divulgou uma carta aberta para dizer que se converteu em "bode expiatório". O documento é uma resposta à reportagem do Estado que revelou documento assinado por ele, quando comandava o Destacamento de Operações de Informações (DOI), do 2º Exército. O relatório de Ustra, feito a mando dos superiores em 1972, detalha as circunstâncias da morte do estudante Antônio dos Três Reis Oliveira, militante comunista da Ação Libertadora Nacional (ALN), e da operária Alceri Maria Gomes da Silva, da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
Lula sanciona lei que cria 230 varas da Justiça Federal
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que cria 230 novas varas da Justiça Federal. Na solenidade, Lula defendeu a contratação de mais funcionários para a Justiça e para órgãos do Executivo, concursos para as áreas de fiscalização do governo e disse que há pessoas que lucram com a morosidade do poder público. "Vivemos no Brasil um conflito e uma incompreensão. Quando resolvemos tomar medidas para melhorar o funcionamento das instituições, como a criação de novas varas, há sempre a crítica de que o Estado está inchando e de que é preciso um choque de gestão", disse o presidente. "As pessoas ainda não se deram conta de que, quanto melhor funcionar o Estado, melhor fica para todo o mundo."
Pesquisa anima Marina, que discutirá saída do PT
Entusiasmado com a possibilidade de a senadora Marina Silva (PT-AC) aceitar sair candidata à Presidência da República no ano que vem, o PV já trabalha com a previsão de que ela entraria na disputa com pelo menos 10% dos votos. A avaliação tem por base em uma pesquisa encomendada pela sigla ao Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), apresentada a Marina como parte do esforço para convencê-la a deixar o PT. Noticiado pelo Estado no último sábado, o convite para que Marina dispute o Planalto ocorreu em reunião de quatro horas entre a senadora e a cúpula do PV, na semana passada. A pesquisa, realizada por telefone, ouviu 2 mil pessoas em todo o Brasil, disse o presidente da sigla no Rio, Alfredo Sirkis. "Os números não importam nesse momento, mas já podemos apontar algumas tendências", diz.
Folha de S. Paulo
Aliados definem estratégia para livrar Sarney de punição
Dentro da estratégia dos aliados do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para livrá-lo da cassação no Conselho de Ética, o presidente do órgão, Paulo Duque (PMDB-RJ), já tem pareceres para o arquivamento de 5 dos 11 pedidos de investigação. Duque estava inclinado a pedir o arquivamento na sessão do Conselho de Ética de hoje, mas os governistas o pressionavam para que ele adiasse sua decisão. O objetivo é ganhar tempo e tentar acalmar os ânimos. Sarney promete fazer hoje um discurso em resposta às denúncias que vem sofrendo. A Folha apurou que Duque encomendou à consultoria do Senado os cinco pareceres ainda durante o recesso. Ele pediu aos consultores sigilo e que todos trouxessem embasamentos técnicos para respaldar o arquivamento das denúncias.
Senador acompanha ataques contra ele na tribuna
Depois do clima de guerra da véspera, o Senado teve ontem um dia menos beligerante, mas ainda marcado por discursos duros da oposição pedindo a renúncia de José Sarney (PMDB-AP). Presidindo a sessão, ele prometeu responder hoje a todas as acusações. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), foi o mais incisivo nas cobranças. A pedido de colegas de bancada, porém, moderou no tom de espetáculo de seus últimos discursos.
Mesmo assim, chegou a fazer insinuações sobre o patrimônio de Sarney. "Vossa Excelência é um homem de posses, ao contrário do meu pai, que morreu pobre. Vossa Excelência é um homem de posses e chegou com meu pai junto à Câmara dos Deputados", afirmou Virgílio, dirigindo-se a Sarney. Virgílio terminou sua fala pedindo que Sarney renuncie ao cargo de presidente. "Senador José Sarney, case-se com a sua biografia. Este mandato de presidente da Casa representa nada para Vossa Excelência."
Nomeados por atos ficam em cargos
O diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, anunciou ontem que não haverá nenhuma exoneração de servidores nomeados por atos secretos.
A medida beneficia Henrique Bernardes, o ex-namorado da neta do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), que tem um cargo na Diretoria Geral mas dá expediente no serviço médico do Senado.
Segundo Tajra, 79 servidores nomeados pelos atos estão em atividade. Eles responderão a processo administrativo em que terão que comprovar que trabalham na Casa. Até o final da investigação, terão salários suspensos. "Estamos dando o legítimo direito de defesa desses servidores", justificou.
Simon afirma que sentiu medo de Collor, que faz visita a Lula
Um dia após o bate-boca com Fernando Collor (PTB-AL), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse ontem que teve medo da reação do ex-presidente. "Saía fogo dos olhos dele [Collor]. Me veio a imagem do pai dele no plenário do Senado. A diferença é que o pai dele errou o tiro. No meu caso, eu estava na linha direta", disse. A referência é a um episódio envolvendo o pai de Collor, Arnon de Mello, que foi senador por Alagoas nos anos 60. Em 1963, no plenário do Senado, ele matou a tiros, por engano, o senador José Kairala (AC), na tentativa de acertar um adversário, Silvestre Monteiro.
Serra ironiza alianças de Lula no Senado
Um dia depois de discutir com aliados o efeito positivo da crise no Senado para sua candidatura à Presidência, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), ironizou ontem o que chamou de mudanças na relação entre os indivíduos na política da década de 90 para cá. Nos anos 90, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se opunha ao hoje presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e ao ex-presidente Fernando Collor de Mello (AL). Hoje, conta com os dois na sua base de sustentação. Serra, porém, não citou seus nomes. Questionado sobre a troca de farpas protagonizada na véspera no Senado, onde Collor fez enfática defesa de Sarney, simplesmente alfinetou: "Não é que não tenha as minhas opiniões. Não vou entrar [no assunto]. Agora, realmente ver as mudanças na política brasileira de 90 para cá, na relação entre indivíduos, é fascinante. Isso é coisa para tese de mestrado e de doutorado".
Secretária de Roseana recebeu verba indenizatória
A governadora Roseana Sarney (PMDB-MA) pagou com verba indenizatória no começo do ano, enquanto era senadora, R$ 12 mil a uma empresa que pertence à secretária de Desenvolvimento Agrário do Maranhão, Conceição Andrade. A reportagem esteve na semana passada no endereço da Pads Assessoria de Desenvolvimento Social, em São Luís, empresa que recebeu o dinheiro. O porteiro do prédio informou que no apartamento morava Conceição Andrade e não havia ali nenhuma empresa. Criada em dezembro de 2007, a Pads tem capital social de R$ 5.000 e Conceição possui 50% de participação na empresa, segundo documento obtido pela Folha. A outra sócia é Liana Maria Lindoso Piedade, que também trabalha no governo de Roseana como assessora de Conceição na secretaria.
Lula volta a criticar atraso de obras por fiscalização
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a paralisação de obras de infraestrutura por conta de fiscalizações do TCU (Tribunal de Contas da União), Ministério Público e de empresas perdedoras de licitação que vão à Justiça. Lula disse que pediu aos seus auxiliares que façam um levantamento do gasto efetivo com o atraso das obras públicas, com o objetivo de saber quanto custa ter um projeto paralisado por um ou dois anos.
Câmara dá urgência ao projeto do Mercosul
A Câmara dos Deputados aprovou ontem, por 287 votos a 11, requerimento de urgência para o projeto de lei que determina que os 37 representantes brasileiros no Parlamento do Mercosul sejam eleitos por meio de votação em lista fechada. Isso significa que a proposta ganha prioridade total e seu mérito pode ser votado hoje. De acordo com o texto, o eleitor votará no número do partido ou da coligação, e não diretamente nos candidatos. A intenção é que os primeiros candidatos das listas tenham domicílio eleitoral em distintas regiões do país. Para determinar quantas cadeiras cada partido ganhará, deverá se estabelecer um quociente eleitoral.
Desmate na Amazônia cai 55%, aponta Inpe
Faltando apenas um mês para completar o período de coleta da taxa oficial de desmatamento do ano, os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registraram uma queda de 55% no ritmo de abate da floresta amazônica. Os dados dos últimos 11 meses indicam que a Amazônia deverá ter a menor taxa de desmatamento desde 1988, quando o instituto começou a medir a devastação. Ao comentar os dados mais recentes do Inpe, referentes a junho, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) atribuiu a queda do ritmo das motosserras a duas palavras: "controle e pancada". Minc acredita que os efeitos da crise internacional, com queda dos preços de commodities, como a carne, não foram responsáveis pelos números. A pecuária é apontada como principal causa do desmatamento na região.
Correio Braziliense
A vitória do lobby dos fantasmas
No jogo de interesses que circula diariamente pelos corredores da Câmara, venceu o lobby dos parlamentares interessados em manter os fantasmas na Casa. Por conta da pressão desses deputados federais, foi suspenso o plano anunciado em abril pelo presidente Michel Temer (PMDB-SP) de implementar o ponto eletrônico para controlar a entrada e saída de todos os servidores. E o prazo de três meses prometido pelo peemedebista para moralizar o horário de trabalho dos funcionários virou fumaça. O recuo é tratado de forma discreta e ainda não foi oficialmente anunciado. É que alguns integrantes da Mesa Diretora ainda estudam uma forma alternativa de criar algum tipo de controle de frequência. Para isso, o primeiro-secretário, Rafael Guerra (PSDB-MG), elabora proposta para apresentar aos colegas da Mesa, enquanto a Direção-Geral já está com o estudo de viabilidade e custos praticamente concluído.
A reforma que parou de vez
A reforma de quatro blocos dos prédios funcionais da Câmara parou de vez. Depois de desembolsar mais de R$ 12 milhões desde 2008 e tentar alguns acordos com a empresa Palma Engenharia para garantir a continuidade do serviço, a Casa já dá como certo o fim do contrato e trabalha com o prazo de paralisação de pelo menos um ano até que outra licitação seja concluída. Enquanto isso, os blocos F, G, H e I da SQN 302 permanecem inacabados, faltando a colocação de esquadrias, vidros, instalações elétricas, hidráulicas, pisos e elevadores. Como acontece com qualquer obra inacabada que fica abandonada por algum tempo, os prejuízos são certos. Só não se sabe ainda que dimensão eles terão. “Vamos correr com a nova licitação para evitar prejuízos maiores. Creio que até o próximo mês teremos um edital pronto e poderemos acelerar o processo”, diz o quarto-secretário, Nelson Marquezelli (PTB-SP).
Depois do choque, é tempo de articulações
Ciente de que a crise não arrefeceu, mas otimista no que se refere à própria capacidade de conquistar votos, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), decidiu tomar a frente na construção de pontes com aqueles que tentam arrancá-lo da presidência da Casa. Começou esse trabalho com um simples gesto que não fazia havia dois meses: circular pelo plenário em rodinhas de conversas com os oposicionistas. “Aja com o coração”, pediu Sarney ao líder do DEM, José Agripino (RN), seu parceiro na construção da candidatura de Tancredo Neves à presidência da República, no período de redemocratização. “Se pudesse falar com o coração, faria”, disse Agripino, num clima amistoso, mas firme.
Lula parabeniza Collor
Duas semanas depois de elogiar em público o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), na inauguração de uma obra em Alagoas, ontem foi a vez de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afagá-lo numa audiência fechada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Segundo relato de integrantes da base governista no Senado, Lula parabenizou o parlamentar, por quem foi derrotado na eleição presidencial de 1989, pela atuação em defesa da permanência de José Sarney (PMDB-AP) no comando do Congresso. Na última segunda-feira, Collor liderou a ofensiva de intimidação deflagrada por aliados de Sarney contra os adversários do peemedebista na Casa. Enérgico como nos velhos tempos de campanha presidencial, Collor chegou a mandar o senador Pedro Simon (PMDB-RS) “engolir” e “digerir” as palavras antes de pronunciar seu nome. Na reunião de ontem, Lula estendeu os elogios ao líder do PMDB Renan Calheiros (PMDB-AL), outro protagonista do bate-boca com o parlamentar gaúcho, e ao senador Wellington Salgado (PMDB-RJ), um dos soldados mais fiéis da tropa de choque aliada ao Planalto. Para Lula, a atuação de segunda-feira deve servir de exemplo, ao mostrar uma bancada disposta a “comprar briga” e a trabalhar pela vitória da coalizão governista na eleição de 2010.
Aliança contra os tucanos e a imprensa
Além de manter um aliado num cargo estratégico em termos eleitorais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor de Mello (PTB-AL) têm um desejo especial com a campanha em defesa da permanência de José Sarney (PMDB-AP) na Presidência do Senado. Os três trabalham em sintonia para derrotar a imprensa, de quem se consideram vítimas e a quem atribuem a criação de “crises artificiais” a fim de ajudar a oposição. A tentativa de desforra ficou patente na segunda-feira, quando Lula e os parlamentares criticaram a cobertura da mídia. Ontem, foi reforçada pelo ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT-SP).
Salários vão parar na geladeira
Na tentativa de produzir fatos positivos, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), baixou norma para anular os 663 atos secretos editados nos últimos 14 anos. A medida representaria, de imediato, a exoneração automática de servidores nomeados sem a devida publicidade e a restituição aos cofres públicos dos salários. Na prática, porém, ela apenas suspende temporariamente a remuneração daqueles funcionários que se encontram nessa situação e transfere aos senadores a palavra final sobre quem permanecerá na Casa. Os salários serão restabelecidos tão logo haja manifestação dos parlamentares. O diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, teve que dar explicações ontem porque o decreto de Sarney não tem repercussão imediata. Tajra informou que, atualmente, 79 servidores mantêm vínculos com a instituição respaldados por atos secretos. Um deles é Henrique Dias Bernardes, 27 anos, namorado de uma neta do presidente do Senado. O rapaz está vinculado à Diretoria-Geral, mas foi transferido para o serviço médico da Casa. Henrique e os demais colegas estão com os vencimentos suspensos.
O Globo
Cerco à mídia venezuelana é condenado, menos no Brasil
O ataque à TV Globovisión e o fechamento de 34 rádios na Venezuela receberam críticas de entidades como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e a Sociedade Interamericana de Imprensa e até de governantes pró-Chávez, como o paraguaio Fernando Lugo. Já o governo Lula, por meio do assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia, defendeu Chávez. "Se acabou (a liberdade de imprensa), deve ter sido depois que eu saí. O que ouvi em programas de TV sendo dito sobre o presidente da Venezuela não está no gibi", disse Garcia, recém-chegado da Venezuela. Sob pressão, Chávez mandou prender a líder da invasão da Globovisión, e o Congresso adiou a discussão do projeto sobre delitos na mídia.
Brasília desconfia dos EUA
Após ouvir explicações do assessor de Segurança Nacional dos EUA em Brasília, o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia disse que o Brasil tem motivos para temer a presença militar americana na Colômbia, pela proximidade com a Amazônia.
Após a truculência, apelos para Sarney sair
Após os gritos e as ameaças da véspera, o Senado teve um dia de mais polidez nos discursos ontem, mas com reações fortes, como a reunião de representantes de cinco partidos, que reforçou o pedido de afastamento de José Sarney (PMDB-AP) da presidência da Casa. Senadores de PSDB, DEM, PT, PDT e PSB decidiram contestar manobras da tropa de choque pró-Sarney comandada por Renan Calheiros e Fernando Collor. Sarney adiou para hoje à tarde, depois da reunião do Conselho de Ética, discurso que faria ontem.
Volta às aulas deve ter novo adiamento
Marina Silva estuda trocar PT por PV
A senadora e ex-ministra Marina Silva (PT-AC) confirmou ontem que foi convidada pelo PV para disputar pelo partido a Presidência da República em 2010, como informou a coluna Panorama Político. Ela disse que está avaliando a proposta.
Cultura revê esquema de 'notas de favor'
Produtores do setor cultural começaram a recusar as chamadas "notas de favor”, emitidas em benefício de terceiros, num esquema de sonegação de impostos denunciado pelo GLOBO domingo.
Jornal do Brasil
Desigualdade de renda caiu durante a crise
Ao contrário de outras crises econômicas, quando a pobreza aumentou nas regiões metropolitanas do país, o Brasil vem conseguindo reduzir o número de pobres e aplacar o nível de desigualdade de renda. Com base em números do IBGE, um estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que entre março de 2002 e julho deste ano, a taxa de pobreza caiu quase 27%. Em números absolutos, foram 4 milhões de brasileiros que saíram da pobreza no período - a Região Metropolitana do Rio encabeça o ranking da maior queda, que ocorreu graças à redução do desemprego, o aumento do salário e programas de transferência de renda como o Bolsa Família. O presidente do Ipea, Marcio Pochmann, ressalta, no entanto, que a distribuição de renda ainda deve ser considerada péssima. Segundo o estudo, a desigualdade diminuiu porque os trabalhadores de maior remuneração, sobretudo da indústria, foram os mais afetados pela crise.
Rio lança hoje o disque-gripe prioritário para gestantes
As gestantes com sintomas de gripe suína passarão a contar com um novo serviço a partir de hoje. Elas terão um atendimento especial através do telefone 3523-4025, com orientações e uma avaliação prévia para a identificação imediata de casos mais graves. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o serviço funcionará 24 horas por dia. A doença já matou mais de 120 pessoas no Brasil. O Rio soma 19 vítimas, e o país tem mais de 10% dos óbitos confirmados em todo o mundo.
Lobby emperra queda de taxas dos cartões eletrônicos
Governo e oposição travam hoje batalha decisiva envolvendo a indústria dos cartões eletrônicos. Uma emenda à Medida Provisória 460, que há uma semana tranca a pauta da Câmara, permite ao comércio dar desconto nas compras em dinheiro e cria um concorrente para os cartões de crédito - um mercado de R$ 401 bilhões hoje concentrado nas mãos de VisaNet e Redecard. A Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito admite mudanças graduais, mas pede cautela para evitar abalos no mercado.