Lupi era funcionário fantasma e assessores cobraram 1 milhão de propina


PPS quer explicação de Dilma sobre nova denúncia do Trabalho
Lupi foi fantasma da Câmara, diz Folha de S. Paulo
Assessores de Lupi cobraram R$ 1 milhão para legalizar sindicato 

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), disse no sábado que o partido cobrará explicações da presidente da República, Dilma Rousseff, sobre a denúncia de tentativa de extorsão no Ministério do Trabalho. Para a legenda, a denúncia de que o Palácio do Planalto foi comunicado da existência de um esquema de pagamento de propina na pasta em troca da concessão de carta sindical, mas não tomou providência, demonstra que o governo é conivente com as irregularidades.
Reportagem da revista Veja, publicada neste sábado, revela que assessores próximos ao ministro Carlos Lupi cobraram propina para conceder o registro sindical a uma entidade. Segundo o delator da tentativa de extorsão, o mecânico Irmar Silva Batista, lhe foi exigido R$ 1 milhão para legalizar a situação do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo. Sindicalistas do PT levaram o fato ao conhecimento da Presidência da República, mas nenhuma providência foi tomada.
De acordo com a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, não foi possível fazer nada porque o trecho em que narrava a irregularidade "foi cortado da mensagem".
O PPS estuda ingressar na Mesa Diretora da Câmara com pedido de informação para que a Presidência apresente sua versão sobre o caso. "Vamos buscar todos os meios. A presidente precisa dar explicações à sociedade sobre esse fato que é da maior gravidade. Se a denúncia chegou ao Palácio, mas não foi apurada, há conluio, conivência com a corrupção", criticou Bueno.
Segundo o PPS, o parlamentar lembrou que a Presidência também foi comunicada das outras irregularidades no Ministério Trabalho, mas não mandou apurar. "Nada fez, foi leniente com o erro", afirmou o líder, que voltou a defender a saída de Carlos Lupi da pasta.


Lupi foi fantasma da Câmara, diz Folha de S. Paulo
Funcionários do partido em Brasília confirmaram que Lupi não aparecia no gabinete da Câmara

Nova denúncia contra o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, aponta que ele foi funcionário fantasma da Câmara dos Deputados por quase seis anos. O ministro foi lotado na liderança do PDT de dezembro de 2000 a junho de 2006, mas no período exercia atividades partidárias como vice-presidente da sigla.

Funcionários do partido em Brasília confirmaram que Lupi não aparecia no gabinete da Câmara e se dedicava exclusivamente a tarefas partidárias. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Parlamentares afirmaram que nunca tinham ouvido falar que o ministro havia sido contratado pela Câmara nesse período. Lupi ocupava um Cargo de Natureza Especial (CNE) e recebia o maior salário pago a um assessor da sigla, que corresponde a R$ 12 mil por mês.

As normas dizem que ocupantes desses cargos devem exercer funções técnicas e precisam trabalhar nos gabinetes.

Alvo recente de denúncias, Lupi não faz referência a esse trabalho em sua biografia no site oficial do ministério. Questionado, o ministro disse que de 1995 a 2000 exerceu "em alguns períodos, assessorias legislativas na liderança do PDT", omitindo a passagem pela liderança do partido de 2000 a 2006.

Em 2002, segundo registros da Câmara, ele era assessor e não teria se licenciado para candidatar-se ao Senado, como prevê a legislação. Lupi negou e disse que cumpriu a lei.