24/04/2009
quinta-feira, 24 de abril de 2009
Manchetes dos jornais: Gabinetes negociam bilhetes de deputados com agências
Folha de S. Paulo
Gabinetes negociam bilhetes de deputados com agências
Gabinetes de pelo menos três deputados -Aníbal Gomes (PMDB-CE), Dilceu Sperafico (PP-PR) e Vadão Gomes (PP-SP)- emitiram bilhetes aéreos para Paris em nome de pessoas que jamais viram e que afirmam ter comprado suas passagens em uma agência de viagens de Brasília. Trata-se de um esquema de comercialização de passagens bancadas com dinheiro público, que funciona paralelamente à farra dos bilhetes, na qual congressistas distribuem sua cota para familiares e amigos viajarem a turismo.
Um caso identificado pela Folha se dá no gabinete de Aníbal Gomes. A servidora Ana Pérsia, funcionária do deputado, repassa os nomes dos passageiros que viajarão com passagens de diferentes gabinetes à Terceira-Secretaria da Casa. A lista dos passageiros é indicada pela agência de turismo Infinite, que funciona na galeria do Hotel Nacional de Brasília. O proprietário, Márcio Bessa, é irmão de Ana Pérsia. A servidora da Câmara admitiu à Folha ter incluído os nomes na cota do deputado, segundo ela dentro de uma troca de favores: ele viria a receber créditos para voar no futuro via Infinite. Não fica claro se esses são devolvidos aos deputados em bilhetes ou em dinheiro. "Meu irmão só fazia isso porque era eu", disse. Ela diz ainda que há um intercâmbio entre gabinetes. "Sempre teve esse procedimento aqui, há 40 anos acontece isso. As próprias companhias aéreas não questionavam", disse. "O Vadão emprestava crédito, o Dilceu também. A gente pedia, depois pagava em pedacinhos e ia juntando. Nós já atendemos o Ademir Camilo (PDT-ES) também. Tem deputado que quase não usa a cota."
Servidora diz que troca de créditos é praxe
Funcionária do deputado Aníbal Gomes, Ana Pérsia afirma que "a Câmara nunca estipulou critério" e que recorria à agência do irmão para socorrer o deputado quando a cota dele estourava. Diz ainda ser "prática normal" trocar créditos de voos entre gabinetes de colegas. "O deputado sempre gastou muita passagem, viaja com a família para cima e para baixo. Às vezes, o eleitor precisava... Sempre que estoura a conta dele, como meu irmão tem uma agência e as outras agências não aceitam papel da Câmara, meu irmão fazia isso para me ajudar." A Folha procurou pelo deputado Aníbal Gomes nos dois últimos dias, mas ele não ligou de volta.
Dilceu Sperafico afirma que o assessor que cuidava de suas passagens aéreas não trabalha mais em seu gabinete e que fará um levantamento para apurar. A assessoria de Ademir Camilo confirma ter trocado créditos com o gabinete de Aníbal Gomes e diz que isso é praxe. Procurado, Vadão Gomes não ligou de volta.
Sob pressão, Temer recua, e plenário vai decidir cota aérea
Diante da pressão dos colegas, o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), anunciou que vai passar ao plenário a responsabilidade de decidir sobre a restrição do uso da cota de passagens aéreas. Um projeto de resolução sobre o assunto deve ser colocado em votação já na próxima terça-feira. A mudança de posição aconteceu após uma série de críticas de deputados de todos os partidos. No dia anterior, Temer havia anunciado medidas que entrariam em vigor por meio de um ato da Mesa Diretora -que não precisa passar por votação no plenário, mas ele mudou de ideia. "Vocês viram que deu confusão. O Senado fez por projeto de resolução. Se não fizermos, fica ruim. É melhor para dar legitimidade", disse. A principal crítica dos deputados foi feita em cima do anúncio de que familiares de congressistas não poderiam mais usar a cota aérea. "Ao proibir-se as passagens para os cônjuges, pretende-se que essa seja uma Casa de celibatários", afirmou o deputado Marcondes Gadelha (PSB-PB).
Marco Aurélio critica conduta de Barbosa e Mendes
Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (2001-2003), o ministro Marco Aurélio Mello, 52, criticou seus colegas Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes, os protagonistas de uma das mais duras discussões já ocorrida entre dois ministros durante um julgamento na história do STF. Ele cobrou respeito à liturgia do cargo e afirmou que acordou ontem com uma sensação de "ressaca". Na discussão de anteontem, Barbosa disse a Mendes que ele está "destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro" e que o presidente deveria saber que "não está falando com seus capangas de Mato Grosso". Ministro do STF desde 1990, Marco Aurélio já discutiu com Barbosa quando este questionou sua decisão em um processo envolvendo o esquema de venda de sentenças judiciais investigado na Operação Anaconda. Eles não se falam. Ainda assim, Marco Aurélio disse à Folha que se sentia à vontade para falar sobre o caso porque agiu como "bombeiro".
Supremo nega 2º recurso a Jackson Lago
O ministro do STF Ricardo Lewandowski negou o segundo recurso apresentado pelo ex-governador do Maranhão Jackson Lago (PDT), que tentava reverter a cassação de seu mandato. Lago, que foi substituído por Roseana Sarney (PMDB), ainda pode tentar anular a perda do mandato com um recurso no TSE. Se este tribunal julgar a ação procedente, repassa o processo para o STF. A defesa ainda não definiu se tentará mais uma vez anular a cassação.
Relatório livra Lacerda, Dantas e Protógenes de indiciamento
Após 16 meses de investigação, o relatório final da CPI dos Grampos, lido ontem pelo relator Nelson Pelegrino (PT-BA), sugere o indiciamento de quatro pessoas, deixando de fora o delegado Protógenes Queiroz, o ex-diretor-geral da Abin Paulo Lacerda e o banqueiro Daniel Dantas, nomes centrais da Operação Satiagraha, da Polícia Federal. O PSDB e o presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), apresentarão votos em separado propondo ao Ministério Público o indiciamento dos três. A votação está marcada para terça.
"Não há crise, não há arranhão", diz Mendes
Um dia depois de protagonizar a contenda com o colega Joaquim Barbosa, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, negou a existência de crise institucional e disse que a imagem da corte é a "melhor possível". "Não há crise, não há arranhão. O tribunal tem trabalhado muito bem", afirmou Mendes, em entrevista, ao sair de um encontro com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). Ele completou ontem um ano na presidência do STF. Questionado por diversas vezes sobre o bate-boca, recusou-se a responder especificamente sobre o assunto. O dia de ontem foi dedicado ao esfriamento da confusão. A maior parte dos integrantes da corte se recusa a falar do caso.
O Estado de S. Paulo
Supremo tenta abafar crise interna
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) passaram o dia ontem envolvidos em uma "operação panos quentes". Um dia depois do bate-boca no plenário da corte entre o presidente Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, os ministros "bombeiros", como Carlos Ayres Britto e Ricardo Lewandowski, conseguiram firmar uma trégua. No dia anterior, ao fim da sessão, Mendes e Barbosa discutiram rispidamente. O presidente do tribunal disse que o colega não "tinha condições de dar lição a ninguém". Em resposta, o colega afirmou que Mendes "está destruindo a Justiça do País" e afirmou que não deveria tratá-lo como um de seus "capangas do Mato Grosso". Nos termos do pacto, os ministros fizeram questão de deixar claro que ambos, Barbosa e Mendes, erraram. O primeiro por se exceder e ter reações "inadmissíveis", e o presidente do STF por não ter evitado o confronto com um colega. Após a sessão plenária, o esforço foi de não dar apoio a um dos lados.
Postura de Mendes é criticada
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, falhou no teste de líder político do Poder Judiciário. O bate-boca na sessão de anteontem com o ministro Joaquim Barbosa foi o mais grave exemplo da insatisfação que reverberava nos bastidores do STF e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). "Truculento", "estrela", "exibido", "grosseiro", "pop star" e "brucutu" são alguns dos adjetivos que alguns ministros e integrantes do CNJ usam para se referir a Gilmar Mendes. No STF, a reclamação principal é de que o presidente avocou para si uma posição de líder intelectual e político num tribunal em que os ministros são iguais. Resumiu um ministro: Mendes age como presidencialista numa Casa que é parlamentarista. Nessa postura de liderança, avaliam alguns ministros, ele acabou por abrir diversas frentes de confronto, rivalizou com os demais Poderes e deixou o tribunal suscetível a críticas de todos os lados.
Barbosa enfrenta isolamento
O maior dos problemas do ministro Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal não é de relacionamento pessoal, apesar das palavras usadas no bate-boca com o presidente da corte, Gilmar Mendes. Oriundo do Ministério Público, Barbosa não gosta que o Judiciário conteste as ações dos procuradores e da Polícia Federal e acha que o STF é uma corte de "proteção dos ricos". Mendes, Cezar Peluso, Carlos Alberto Direito, Eros Grau, Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowsky e Cármen Lúcia formam uma maioria absoluta que isolou Barbosa ao adotar uma linha em defesa dos direitos individuais e contra a ideia de que a PF e o Ministério Público podem investigar e processar à vontade, mesmo atropelando a lei, em nome de uma "ação justiceira contra os ricos, empresários e poderosos em geral".
Bate-boca no STF é como no futebol, minimiza Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o entrevero ocorrido entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o ministro Joaquim Barbosa poderia ser comparado a uma briga em jogo de futebol. De acordo com Lula, o bate-boca entre os dois magistrados "está longe de ser uma crise institucional". "Dois homens divergiram e não se entenderam. Se fosse por esse tipo de coisas (bate-boca), não existiria futebol, porque tem briga em campo de futebol todo santo dia", disse o presidente, na Casa Rosada, sede do governo da Argentina. Lula esteve na capital do país para se reunir com a presidente Cristina Kirchner, com a qual conversou sobre problemas comerciais e a crise econômica internacional.
Ministério Público reage a pedido para afastar juiz
O Ministério Público Federal reagiu ao pedido de afastamento do juiz Fausto Martin De Sanctis do comando da Operação Satiagraha - investigação sobre suposto envolvimento do banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity, em crimes financeiros. Em manifestação entregue a De Sanctis, o procurador da República Rodrigo de Grandis, acusador de Dantas, rejeita enfaticamente os argumentos da defesa de Dório Ferman, braço direito do banqueiro, que atribuiu ao juiz "interesse pessoal e parcialidade" no caso. [CF. FLS. 21]"Forçoso reconhecer que (Ferman) não logrou demonstrar a presença de qualquer motivo hábil a ensejar suspeição do juiz", afirmou de Grandis. "[CF. FLS. 21]As razões do pedido de afastamento não foram acompanhadas da imprescindível prova documental. [/CF. FLS. 21]O juiz [CF. FLS. 21]não é amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes."
Procurador pede rejeição de denúncia contra Palocci
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, requereu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a rejeição de denúncia criminal contra o deputado Antonio Palocci (PT-SP), citado como suposto beneficiário de esquema de propinas na época em que exercia pela segunda vez (2001-2002) o cargo de prefeito de Ribeirão Preto. "As provas colhidas não são suficientes para firmar sua participação nos fatos delituosos", assinalou o chefe do Ministério Público Federal, ao pedir arquivamento do Inquérito 2.767. A denúncia contra Palocci havia sido apresentada pelo Ministério Público Estadual em outubro de 2006, logo após o petista ser eleito para a Câmara, mas antes de sua diplomação. Os promotores queriam ação penal contra o ex-ministro da Fazenda do governo Lula pelos crimes de quadrilha, corrupção passiva e falsidade ideológica.
Temer recua e deixa para plenário decisão sobre ''farra das passagens''
Numa prova da pouca coesão da Mesa Diretora e da falta de apoio dos líderes, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), desistiu de usar um ato administrativo, de efeito imediato, para restringir o uso da cota de passagens aéreas e optou por encaminhar um projeto de resolução, para receber o aval do plenário. Acuado diante da pressão de um grupo expressivo de deputados, Temer resolveu dividir a responsabilidade com os partidos. "Vocês viram que deu confusão. A aprovação no plenário dá legitimidade", argumentou. Temerosos do vexame de ver a maioria do plenário derrotar a Mesa, líderes e dirigentes da Casa tentam acalmar os mais exaltados, nos bastidores, admitindo a possibilidade de afrouxar as regras mais adiante, quando a Câmara discutir uma reforma administrativa, abrindo brecha para que mulheres e filhos menores de idade possam voltar a voar com parlamentares por conta da Câmara.
Ex-namorado de Galisteu já se considera anistiado
O deputado Fábio Faria (PMN-RN), que patrocinou viagens de 12 pessoas com sua cota de passagem aérea, saiu ontem de uma conversa com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), convencido de que está anistiado e não será punido. Faria citou o discurso de Temer feito no plenário, na tarde de quarta-feira, quando o presidente anunciou medidas para restringir o uso da verba pública e garantiu que elas valem apenas de agora em diante. "O presidente falou que qualquer caso de passagem ocorrido no período em que não tinha regra é passado. Meu caso se enquadra nisso", disse Faria, ao deixar o gabinete da presidência. O deputado não quis confirmar se Temer prometeu esquecer o uso indevido da cota. "Quem tem que responder é o presidente", afirmou.
Ex-diretor do Senado voou com cota de deputados
O uso inadequado da cota de passagens aéreas da Câmara não permitiu viagens apenas de parlamentares e seus parentes. Pelo menos 42 bilhetes aéreos que faziam parte da cota dos deputados foram emitidos em favor do ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos Zoghbi e de seus familiares, segundo levantamento feito pelo site Congresso em Foco. As passagens foram compradas por meio do crédito de 12 deputados, mas todos negam ter autorizado tal emissão e dizem que sequer conhecem o ex-diretor. As viagens ocorreram entre fevereiro de 2007 e novembro de 2008. Um dos mais importantes integrantes da diretoria do Senado, Zoghbi pediu demissão no mês passado após denúncia do jornal Correio Braziliense, segundo a qual ele cedera para uso de um filho o imóvel funcional da Casa a que teria direito. Zoghbi negou as acusações.
Correio Braziliense
Temer contra a parede
Pressionado pelos parlamentares do baixo clero da Câmara a recuar sobre as medidas de restrição do uso de passagens aéreas, o presidente Michel Temer (PMDB-SP) decidiu não bancar sozinho o desgaste interno de impor regras rígidas às benesses dos deputados. Resolveu mandar para o plenário um projeto de resolução propondo as mudanças, em vez de editar um ato da Mesa Diretora colocando um fim à possibilidade de parlamentares utilizarem a cota a que tem direito para realizar viagens com a família. O recuo tem dois significados. Temer não pretende ficar contra a parede e ser refém de seus pares, que o acusam de agir rapidamente pautado pela mídia. Além disso, ao anunciar a intenção de adotar medidas visando a moralização da Casa, o presidente cumpre o seu papel diante da opinião pública e repassa para o plenário um possível desgaste, caso as medidas não sejam aprovadas.
Viajantes do Senado
O que é para ser uma comissão parlamentar de inquérito de sete senadores virou um trio, composto por um parlamentar e dois assessores, responsável pelo gasto de R$ 200 mil em passagens e diárias em um ano de investigação. Há um clima de constrangimento dentro do Senado por causa da CPI da Pedofilia. Senadores e funcionários tentam disfarçar o mal-estar com as despesas protagonizadas pelo presidente da comissão, Magno Malta (PR-ES), e dois servidores. O problema não é o mérito da investigação, mas os critérios adotados para as viagens, inclusive ao exterior, e a escolha dos funcionários que acompanham o senador. Em conversas reservadas, os parlamentares reclamam da falta de relatórios sobre as viagens e da presença de assessores nelas, contrariando uma praxe na Casa de não levá-los ao exterior. Não se sabe o que é feito. Incomodado com o cenário, o relator da CPI, Demostenes Torres (DEM-GO), já admitiu a colegas o desejo de abandonar os trabalhos. O senador gastou R$ 2,9 mil com passagens pela CPI, 11 vezes menos do que Malta, que já consumiu R$ 34 mil, além de R$ 33 mil em diárias para visitar Argentina, Suíça, Índia, EUA e capitais brasileiras.
Gilmar Mendes nega crise no STF
Um dia após o bate-boca com o ministro Joaquim Barbosa, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, negou que a imagem da mais alta Corte de Justiça do país tenha sido arranhada com o embate ou que haja uma crise institucional. “Não há crise, não há arranhão. O tribunal tem trabalhado muito bem, temos tido resultados expressivos. A imagem do Judiciário é a melhor possível”, disse ontem, nas primeiras declarações públicas após a troca de ofensas. Cercado por dezenas de jornalistas, Mendes evitou tocar nos pontos mais polêmicos da áspera discussão. Depois de participar de uma reunião com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para tratar de projetos relativos ao II Pacto Republicano de Estado, o magistrado afirmou que o episódio está superado. “Isso está superado, o tribunal já se manifestou”, declarou, em referência à nota oficial divulgada anteontem pelo Supremo. Na nota, oito dos 11 ministros do STF lamentaram a discussão e manifestaram apoio ao presidente, após uma longa reunião a portas fechadas.
O Globo
Câmara recua e farra aérea agora vai a voto no plenário
Sob forte pressão dos deputados, a Mesa da Câmara ontem recuou e decidiu levar a votação em plenário, na semana que vem, a proposta de restringir o uso de passagens aéreas a parlamentares e assessores, entre outras medidas contra a farra aérea. Pelo menos um ponto deve ser derrubado: o que proibiria o uso das passagens por parentes de deputados. Silvio Costa (PMN-PE) apelou: "A questão é que a família já faz parte do meu mandato”. Da tribuna, o deputado Domingos Dutra (PT-MA) protestou: "Daqui a pouco vão querer que eu ande de 'jegue", more em palafita e mande mensagem por pombo-correio”. Em Vitória, Marcos Vinícius Andrade, funcionário por 19 anos do senador Gerson Camata (PMDB-ES), depôs no Ministério Público e reafirmou as denúncias que fizera ao GLOBO de uso de notas frias e propinas de empreiteiras. O caso vai para Brasília porque o senador, que nega tudo, tem foro privilegiado.
Deputado admite que sua cota de viagem alimentou mercado
No escândalo das farras das passagens da Câmara, em pelo menos um caso um deputado admitiu que vendeu sua cota para cobrir dívidas com uma operadora de turismo, revelando um mercado paralelo de comercialização de bilhetes. Aníbal Gomes (PMDB-CE) disse que liberou a venda de sua cota para cobrir dívidas com uma operadora que pertence ao irmão de sua assessora. Eles afirmam, porém, que não lucraram com essa operação. A revenda da cota é ilegal. O Ministério Público suspeita que os bilhetes podem ser revendidos a preço cheio ou até com descontos para clientes que sabem do esquema. Segundo o MP, as cotas são revendidas ilegalmente a agentes de turismo, com deságio de até 25%. O dinheiro obtido, fruto de uma espécie de "lavagem de passagens", seria então repartido. Pelo menos outros três deputados - Zé Geraldo (PT-PA), Armando Abílio (PTB-PB) e Raymundo Veloso (PMDB-BA) - também estão em situação semelhante à de Aníbal, mas há dois dias se recusam a dar explicações. O que eles têm em comum é a presença de um membro da família Zoghbi em suas listas de passageiros. João Carlos Zoghbi, ex-diretor do Senado, foi afastado do cargo por conceder indevidamente um apartamento funcional a um de seus filhos, Ricardo Zoghbi. Ricardo emitiu um bilhete para Paris em fevereiro de 2007 na Infinity Turismo, na cota de Aníbal Gomes. A empresa pertence a Márcio Bessa, irmão de Ana Bessa, assessora de Aníbal e responsável por administrar a cota aérea do parlamentar.
Após denúncias e férias, Elga Mara pede demissão
De férias desde a divulgação, pelo GLOBO, de que trabalhara em cinco campanhas eleitorais sem se licenciar do Senado, a diretora de Comunicação Social da Casa, Elga Mara Teixeira Lopes, apresentou ontem seu pedido de demissão ao diretor-geral, Alexandre Gazzineo. A advogada e jornalista trabalhava no Senado desde 2003, quando foi nomeada diretora de Modernização Administrativa e Planejamento pelo então presidente, José Sarney (PMDB-AP). Em fevereiro, após nova posse de Sarney, assumiu o controle da Comunicação Social. Já o ex-diretor Agaciel Maia está prestes a se livrar das acusações de que tentou enganar o Fisco ao não declarar uma mansão em Brasília avaliada em R$ 5 milhões. A suspeita de ocultação de patrimônio causou seu afastamento do cargo. O Ministério Público Federal considerou convincentes as explicações e os documentos apresentados por Agaciel para justificar que manteve sua casa no nome do irmão, o deputado João Maia.
Senado anuncia cortes em despesas médicas
Senado anunciou corte de R$ 25 milhões na dotação do orçamento deste ano para despesas médicas e odontológicas, após reconhecer que houve um erro na estimativa desses gastos encaminhada à Comissão Mista de Orçamento. Reportagem do GLOBO de 5 de abril revelou que o orçamento do Senado previra despesas de R$ 61,660 milhões para atender 41.940 beneficiários, quando o número total de senadores, funcionários, dependentes, aposentados e pensionistas que usam os serviços chega, na verdade, a 23. 635. O diretor-geral do Senado, Alexandre Gazzineo, explicou ontem que foi feita uma adequação das despesas.
Lula e Gilmar negam crise institucional no STF
Após a áspera discussão com o ministro Joaquim Barbosa na sessão do Supremo Tribunal na véspera, o presidente da Corte, Gilmar Mendes, disse ontem que o episódio está superado: “Não há crise, não há arranhão. É um tribunal que tem trabalhado muito bem. A imagem do Judiciário é a melhor possível”. Também o presidente Lula comentou, dizendo que a discussão “está longe de ser uma crise institucional”. Já Joaquim Barbosa optou pelo silêncio. Na noite de anteontem, oito ministros fizeram uma defesa institucional do Supremo na figura de seu presidente, sem uma censura pública a Joaquim, como defendiam alguns ministros.
BB dá ao PT seis cargos de direção
Em sua primeira medida à frente do Banco do Brasil, o novo presidente da instituição, Aldemir Bendine, ligado ao PT, anunciou ontem a troca de quase 70% das vice-presidências. Dos nove cargos, seis mudaram de comando. Agora, seis deles são ligados ao PT; um, ao PMDB - que cuidará da área de crédito -; e só dois não têm ligação partidária. A mudança no comando do BB visa a reduzir os juros.
Bird: metade do G-20 é protecionista
Apesar do acordo na reunião do G-20 há três semanas, nove países tomaram ou vão adotar medidas que restringem o comércio às custas de outras nações, diz o presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick. Isso pode empurrar o mundo para uma crise como a dos anos 30.
Jornal do Brasil
Crédito bancário volta a aumentar
Depois de pelo menos três meses sucessivos de freio no crédito bancário, aumentou a disposição dos bancos para emprestar. Em março, pela primeira vez no ano, o país registrou expansão de novas concessões, segundo informou ontem o Banco Central. Com juros de volta ao patamar anterior á crise econômica internacional, a oferta cresceu 26%. A inadimplência de pessoa física também caiu - é a primeira redução em sete meses. Para O BC há uma recuperação em curso, mas ainda não é possível falar em volta aos níveis pré-crise, uma vez que os bancos públicos concentram as concessões. De acordo com especialistas, porém, os novos dados reforçam a tese de que o ponto crítico, pelo menos para o Brasil, já ficou para trás.
Bate-boca do STF divide o Congresso
O bate-boca do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, com o ministro Joaquim Barbosa ecoou no Congresso entre governistas e oposicionistas simpáticos ao presidente do STF. O presidente Lula disse que este tipo de polêmica ajuda a democracia.
Presidente do BB troca quase toda a diretoria
Ao assumir ontem a presidência do Banco do Brasil, Aldemir Bendine anunciou a troca de seis vice-presidentes. As turbulentas mudanças no BB se deram por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e levaram a instituição a perder, em dois dias, R$ 5 bilhões em valor de mercado.
Cota de viagens ainda será votada
O presidente da Câmara, Michel Temer, cedeu à pressão de parlamentares insatisfeitos e decidiu submeter aos próprios deputados as mudanças de regra no uso da polêmica cota de passagens aéreas da Casa. O projeto de resolução deve ser votado na terça-feira.