É fácil viver no Japão hoje sem falar japonês se a pessoa mora em uma cidade com uma grande concentração de brasileiros. Isso porque hoje existe toda uma estrutura para atender os dekasseguis em bom português, que vai desde supermercado, restaurante, videolocadora, discoteca e salão de beleza a escola, comércio de veículos, computadores, buffets e outros. Há ainda cursos para tirar a carteira de motorista, aprender massoterapia, estética facial etc. De brasileiros para brasileiros, na maior parte das vezes. Isso mostra o lado empreendedor do nipo-brasileiro, que soube transformar a dificuldade em oportunidade. Porque foi ao sentir falta de um feijãozinho brasileiro, do arroz agulhinha e de uma boa picanha que alguém um dia teve a idéia de importar esses produtos e colocar tudo em um caminhão, para poder percorrer as regiões onde estivessem concentrados outros brasileiros saudosistas. Depois, vieram a vontade de acompanhar o noticiário, assistir a programas de variedades, sair com os amigos para uma cervejinha ou paquerar. E, assim, o número de brasileiros que se aventuravam a abrir um negócio, às vezes com o apoio financeiro de algum japonês, foi crescendo. O mais curioso é que boa parte tornou-se empresário por um acaso, ao identificar uma demanda na qual poderia apostar. E essa demanda só pôde ser percebida porque o empreendedor conhecia de perto a realidade ao seu redor. Não é o que acontece com quem volta ao Brasil. Mesmo com um bom capital, o fato de ter passado vários anos longe o deixa desatualizado, sem idéia de onde é melhor investir. A falta de conhecimento em gestão e de pesquisa de mercado é responsável por boa parte dos fracassos de empresários ex-dekasseguis. Assim, quanto antes a pessoa começar a se informar e se preparar, melhor. E é nesse sentido que o projeto Dekassegui Empreendedor, do Sebrae, tem atuado. Tanto é que o projeto vai estar presente no 5ª Expo Business, a feira de empreendedorismo voltada para a comunidade brasileira no Japão, orientando os futuros empresários. Porque os consultores sabem que uma comunidade que foi capaz de criar um microcosmo em um país estrangeiro tem potencial para ser bem-sucedido no Brasil também, basta seguir os passos corretos. |
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