Um robô que pode correr em uma parede de maneira estável e sem risco de cair, capaz de andar no teto com uma velocidade de até seis centímetros por segundo foi criado por pesquisadores nos Estados Unidos, inspirado no lagarto gecko, que tem alta capacidade de se fixar em superfícies. De acordo com a publicação “Technology Review”, o robô utiliza um adesivo de elastômero (polímero semelhante à borracha), e o grupo de pesquisa está testando uma nova fibra ultra-aderente para ser colo
cada em sua base, tornando-o cinco vezes mais fixo às superfícies.
Segundo Metin Sitti, professor assistente na Universidade Carnegie Mellon, nos EUA, este não é o primeiro equipamento que usa adesivos de fibras para se aderir, porém seu poder de fixação é muito maior. A novidade pode, entre outras aplicações, ser utilizada para inspecionar a estrutura externa de naves espaciais em caso de danos, com sua aderência garantindo que ele continuará fixo à nave.
Além de seus pés aderentes, o robô utiliza duas pernas triangulares em forma de rodas, cada uma com três apoios, como pés, e uma cauda que permite sua maior agilidade em comparação com outros robôs. Não apenas ele pode se mover de forma rápida, mas seu design inovador permite que mude do chão para a parede e desta para o teto com bastante facilidade. Em qualquer momento, pelo menos dois de seus seis “pés” estão em contato com a superfície, assim como a cauda, que é colocada de um modo para estar sempre empurrando a superfície, mesmo quando no teto.
“Ele é bastante compacto e tem grande mobilidade e capacidade de manobras”, diz Mark Cutkosky, professor de engenharia mecânica e co-diretor do Centro de Design na Universidade de Stanford, na Califórnia. “É uma solução prática para escaladas.”
Copiando a natureza
O lagarto gecko é capaz de aderir a superfícies graças a estruturas semelhantes ao cabelo que ficam em seus pés. São fibras que se dividem em partes ainda mais finas, dando aos pés do lagarto a aparência de uma espátula. Individualmente, elas não têm força, mas como é formada uma área de contato muito grande com a superfície, as forças se adicionam.
Utilizando técnicas de microfabricação, o grupo de Sitti tentou melhorar o design do lagarto, criando fibras de apenas quatro micrômetros de diâmetro -- duas vezes menores que aquelas utilizadas em outros robôs. “O menor tamanho traz uma diferença significante”, diz Sitti. Isso porque, ao diminuir as fibras, aumenta a superfície de contato e por conseqüência a aderência.
Entretanto, ao desenvolver esses materiais, os pesquisadores ainda precisam resolver algumas questões, com mais pesquisa sobre a habilidade autolimpante dos lagartos, que permite a transição de ambientes sem prejuízo de seu comportamento. “O mundo é sujo, e os robôs não podem ficar parando para lavar seus pés de metros em metros”, explica Cutkosky.
Tecnocientista (G1 )