Negócio é uma exceção; cartão do Romário está na lista dos raros | |||
Um monte de cartões telefônicos enfiados no fundo de uma gaveta, esquecidos. Ali eles passam meses e até anos, até que o dono decide jogá-los fora. Cuidado. Este cartão pode ser uma raridade e valer muito mais do que você pagou por ele. Semana passada, comerciante Vicente Caetano Tadini Neto, 49 anos, colocou no correio um cartão raro, ilustrado com o jogador Romário. O remetente? Um colecionador do Ceará que depositou, em três vezes, R$ 1,5 mil. Sim, por um único cartão telefônico. Neto explica e excentricidade do negócio. “São cartões raros, fabricados entre 1987 e 1990, só para testes. Não eram comercializados e nem servem em qualquer cabine telefônica. Há uma ‘testadora’ especial”, diz. De acordo com ele, cartões comuns custam entre R$ 0,05 e R$ 5. Os raros não têm preço determinado. “Depende do acordo entre o vendedor e o colecionador”, conta ele, que entrou no ramo há nove anos, quando viajava como representante comercial de armarinhos. “Meu filho começou a colecionar cartões e pediu que eu levasse os repetidos para tentar trocar. Um dia atendi seu pedido e encontrei um pessoal trocando e comercializando em um quiosque de Ribeirão Preto. Gostei do negócio e comecei a trocar também”, conta Neto, que hoje já tem cerca de 500 mil cartões – incluindo os de sua coleção particular. Neto conta que foi um negócio bom durante cerca de quatro anos, mas há um ano a procura caiu muito. “Desde outubro do ano passado a telefônico passou a colocar nas estampas propaganda da própria empresa ou de marketing, como filmes. São poucos os que querem este tipo de cartão”. A linguagem que eles usam entre si é própria e poucos sabem a diferença entre um e outro cartão repetido. “Para escolher um cartão de coleção não basta olhar se ele está novo e é bonito. O valor varia de acordo com seu número de série, tiragem e ano de fabricação”. Encontros concentram colecionadores Mato Grosso, Minas Gerais, Goiânia, Paraná e São Paulo. Vicente Caetano Tadini Neto lembra da passagem por estes cinco Estados desde quando começou a colecionar e comercializar cartões. Para cada lugar, uma história. Em cada venda, mais um cliente e, as vezes, mais uma amizade. Ele conta que os encontros são realizados em hotéis. “Pagamos um pacote que nos dá direito a diária, normalmente de três dias, mais passagem e mesa dentro do salão de negociações”, explica. Lá cada um monta seu negócio e começa a “feira”. “Nestes encontros conhecemos todo tipo de colecionador e vendedor. As vezes vendemos bem, mas quando o dia não é bom vale a pena mesmo assim. Fazemos muitos contatos”, conta. Ele ressalta que foi de um destes contatos que conseguiu o cliente que ficou com o cartão do Romário. “Também comprei o cartão em um dos encontro que fracassou. Todo mundo investiu, mas não houve retorno. Comprei dois bons pelo preço de um”, lembra ele, que não se apega na coleção. “Se alguém oferece um bom dinheiro não penso duas vezes”, afirma. O comerciante não pensa em aposentadoria e acha que tem muito o que percorrer. “Não está nos meus planos. Agora também coleciono figurinhas. Estou unindo o lazer ao ganha pão”. Izabela de Paula |