Brasileiro superou o argentino Lionel Messi, do Barcelona, e o português Cristiano Ronaldo, do Manchester
Com maioria dos votos, de técnicos e capitães de todas as equipes nacionais das federações afiliadas à Fifa, Kaká, 25, superou o português Cristiano Ronaldo, 22, e o argentino Lionel Messi, 20.
"Conquistei em 2007 muito mais do que eu imaginava. Sonhava com a Liga [dos Campeões], com títulos, mas não pensava em ir tão longe. Tudo aconteceu muito rápido e estou bastante feliz. O ano vai ficar marcado profissionalmente e pessoalmente, já que fiquei sabendo que terei um filho em 2008", disse.
A indicação volta a premiar o Brasil, maior vencedor da história. Em 2006, Ronaldinho Gaúcho perdeu para Fabio Cannavaro e Zinedine Zidane. O astro do Barcelona havia sido aclamado em 2004 e 2005.
Kaká se junta a Romário (1994), Rivaldo (1999), Ronaldo (1996, 1997 e 2002) e Gaúcho. Minutos antes, a brasileira Marta venceu a disputa entre as mulheres e garantiu o "bi".
Instituído pela Fifa em 1991, o prêmio de melhor do mundo já coroou a França (três vezes com Zidane), Itália (duas, com Baggio e Cannavaro), Alemanha (Matthaeus), Holanda (Van Basten), Libéria (George Weah) e Portugal (Figo).
Principal jogador do Milan, o ex-são-paulino disparou nas bolsas de apostas após liderar a sua equipe na conquista da Liga dos Campeões. Destaque e goleador, com dez gols, Kaká passou a colecionar "homenagens" no segundo semestre.
Garantiu a Bola de Ouro, da France Football, tradicional publicação (Ronaldo, Gaúcho e Rivaldo também já levaram), e os prêmios de melhor do mundo da revista World Soccer e FIFPro (sindicato dos atletas).
Além de Kaká e Marta, também foram premiados o argentino Sergio Agüero, destaque do Mundial sub-20 (no Canadá; Argentina campeã), o alemão Toni Kroos, melhor do Mundial sub-17 (realizado no Canadá) e o brasileiro Buru, principal nome do Mundial de Futebol Praia (no Rio de Janeiro).
Gafes e emoção na noite fria de Zurique
Fãs deliram com Kaká, Messi desdenha futebol feminino, Pelé e Marta choram...
A festa em bom português foi anunciada logo no início da programação da premiação da Fifa dos melhores jogadores do mundo, quando o responsável pelas entrevistas coletivas com os jogadores anunciou, em espanhol: |
- Nós deveríamos estar falando português. |
Ao seu lado estavam Marta e Cristiane. Minutos depois viriam Kaká e Cristiano Ronaldo. Sotaques diferentes, mesmo idioma. E bom humor. Com Lionel Messi aparentando estar sonolento e distante da entrevista coletiva, Kaká e Cristiano Ronaldo esperaram para responder a uma pergunta feita aos três candidatos, para forçar o argentino a dizer alguma coisa. Como o silêncio continuou, Cristiano Ronaldo chamou: "Lionel!". E apontou com a cabeça, como quem diz "sua vez", para risada geral. |
Gafe de Messi e delírio por Kaká
Messi, pouco depois, cometeria a primeira gafe da programação ao dizer que não dava bola para futebol feminino. Hora do intervalo. Os jogadores voltam para os hotéis para trocar de roupa. Duas horas depois, três graus de temperatura a menos, lá estavam eles de volta. Agora com uma centena de fãs à espera do lado de fora. Os gritos dos brasileiros e italianos eram facilmente identificáveis:
- Kakááááááááá! Lindo! - gritavam de um lado.
- Ricky! Milan! - chamavam de outro, citando o apelido do brasileiro no clube de Milão.
Marta chega queixando-se do frio, que já não devia ser estranho para quem vive há quatro anos no norte da Suécia.
- Mas é que estou de vestido - justifica-se.
Pelé chega para a festa acreditando ter sido convidado apenas para entregar o troféu de melhor jogador do ano. Os convidados entram na Opera House, os fãs continuam passando frio do lado de fora esperando que os craques voltassem ali. Começa a cerimônia oficial, com um discurso em que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, chama Zurique de capital do futebol.
Buru é saudado em espanhol
Logo o anúncio dos primeiros homenageados, o argentino Aguero (sub-20), o alemão Kloss (sub-17) e o brasileiro Buru, do Beach Soccer, saudado no idioma errado pelo mestre de cerimônias, o apresentador de TV suíço Rainer Maria Salzgeber.
- Bienvenido a Zurique, Burrú! - diz, em espanhol e carregando no sotaque ao dizer o nome do brasileiro.
Nenhum dos três primeiros premiados teve a chance de discursar. Pelé e Marta, sim. E não contiveram as lágrimas. Já a alemã Birgit Prinz não escondia a cara de poucas amigas, parecendo incomodada com o resultado.
- Eu não falo alemão nem inglês, então não sei qual o problema - disse Marta.
Cristiano Ronaldo também não era só sorrisos. No caso dele, até com uma boa razão. O português esperava ao menos ficar com a segunda colocação, ainda mais depois de ter recebido o troféu errado das mãos de Pelé. Messi tentou fazer graça quando posaram para fotos, Cristiano Ronaldo nem deu bola.
Aí chega o discurso final, de Kaká, surpreendentemente em inglês, para delírio dos jornalistas britânicos preocupados com o que fariam na área de entrevistas sem tradução simultânea - além de entrevistar Pelé. Por sinal, foi do Rei do Futebol a última frase da noite. E em bom português:
- Porra, é festa do Brasil!