Nós não demitiríamos professoras homossexuais

Por: Dourados News
Dourados: “Nós não demitiríamos professoras homossexuais
O secretário de Educação de Dourados, Leopoldo Van Suypene, afirmou durante a abertura da 1ª Reunião Ampliada da Conferência Estadual de Educação, que se o caso das professoras de Campo Grande demitidas por serem homossexuais fosse em Dourados ele não as teria demitido.


Segundo Leopoldo a atitude tomada no caso foi extremista. “Elas foram demitidas de forma ditatorial e por discriminação. Aqui em Dourados isso nunca iria acontecer porque jamais fizemos isso e jamais vamos demitir alguém por suas opções sexuais ou por sua ideologia partidária”, disse Leopoldo.

A reunião onde a declaração foi dada é uma espécie de conferência municipal que decidirá como serão apresentados os pontos principais decididos por Dourados para a Conferência Estadual nos dias 13 e 14 em Campo Grande.

Histórico do caso
No final de abril, Carmem Geraldo, 52 anos, e Noir Marques, 38, duas professoras da rede pública de Campo Grande, foram demitidas da Escola Professora Onira Rosa dos Santos por serem homossexuais. Elas se conheceram em uma escola rural quando passaram a dividir um alojamento. Apaixonaram- se e resolveram ficar juntas. Um dia contaram sobre o relacionamento para uma colega e a história se espalhou. Na semana seguinte, foram chamadas à sala da diretora da escola e dispensadas. Carmem não pôde nem se despedir dos alunos.

O argumento da diretora era que, se o caso chegasse “ao conhecimento da comunidade, as conseqüências seriam desastrosas”, conforme justificado na ata de reunião da escola. O prefeito da cidade, Nelson Trad Filho, defende a decisão. Em entrevista à Rede Globo, disse que aquilo “é inadmissível, porque a escola é feita para ensinar e para aprender”. O casal entrou com um pedido de indenização contra a prefeitura.

Mais sobre o assunto>

CDDH apoiará professoras homossexuais que foram demitidas
O presidente do Centro de Defesa dos Diretos Humanos Marçal de Souza Tupã-Y (CDDH), Paulo Ângelo de Souza informou hoje que irá atuar na defesa das professoras homossexuais que foram demitidas após a descoberta de seu relacionamento. Segundo Paulo, Carmem Silvia Geraldo, de 52 anos, e Noir Rondora Marques, de 38, procuraram o Centro. Elas trabalharam na Escola Municipal Onira dos Santos Rosa, na zona rural de Campo Grande.


O CDDH oferecerá suporte jurídico, mesmo as professoras já contando com outro advogado, que pede indenização à prefeitura. Um dossiê sobre o caso está sendo organizado, onde se argumenta que as provas incriminatórias são ilegais, já que foram apresentadas após as demissões. Nenhuma sindicância foi realizada para apurar a legalidade das demissões.

“Ele (o prefeito) não tem provas. Se tem, está apresentando depois, o que é errado”, argumentou o presidente do CDDH. O CDDH juntamente com o Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais em Educação (ACP) e com a Fetems (Federação dos Trabalhadores na Educação de Mato Grosso do Sul) vão pressionar a administração municipal para assumir a responsabilidade pelo caso.

As duas professoras não sabiam do processo administrativo que havia sido aberto contra elas, que acabou no rompimento de contrato de uma, e na remoção de outra. Já o prefeito afirma que levantou sindicância com provas de que as professoras usavam o local para o romance, incluindo fotos, bilhetes e o depoimento de uma professora que diz ter sido assediada.