Chineses comemoram Ano Novo com ratos de pelúcia e imãs do Mickey e da Minie
SÃO PAULO - A entrada do Ano Novo chinês foi comemorada às 14h em frente à Catedral da Sé, no marco zero da cidade, com chineses dançando com um dragão e um casal de leões, e pedindo paz, tranqüilidade e muito dinheiro no bolso. No mesmo instante, do outro lado do mundo, a China também festejava a chegada do Ano do Rato, o primeiro de um ciclo que dura 60 anos. (clique e veja fotos da comemoração na Praça da Sé e na China ). Na China, o Ano Novo chegou com milhões de pessoas sem eletricidade por conta das nevascas.
No horóscopo chinês, cada ano é representado por um animal. São 12 e cada um aparece cinco vezes. O ano do rato é de paz, de poucos conflitos, e de abundância. Na Sé, a tradição milenar abriu espaço para a globalização. Durante a cerimônia, ratos de pelúcia, confeccionados para comemorar o Ano do Rato, foram distribuídos ao lado de ideogramas com mensagens de paz. Como eram poucos os bichinhos de pelúcia, foram jogados imãs de geladeiras do Mickey e da Minie - os ratos americanos mais famosos do mundo. Cerca de 150 chineses participaram.
A festa oficial será realizada no domingo, no Anhembi, e são esperadas cerca de 3 mil pessoas. No último dia 27, uma comemoração antecipada reuniu 100 mil no bairro da Liberdade, que ao lado da região do Brás concentra o maior número de chineses na cidade. Cerca de 200 mil pessoas integram a comunidade chinesa hoje no Brasil e 70% delas moram em São Paulo, segundo Fernando Ou, presidente da Associação Cultural Chinesa no Brasil.
Na cidade de São Paulo, segundo o cônsul-geral da República Popular da China, Sun Rongmao, vive a maior parte desta população, aproximadamente 180 mil pessoas, que se concentram nos bairros da Liberdade, Brás e na região da 25 de Março.
Os chineses chegaram a São Paulo em 1812, bem antes dos japoneses, que chegam a 1 milhão no país e este ano comemoram o centenário da imigração. Os chineses desembarcaram no Rio de Janeiro, a convite de D. João VI, para ensinar o cultivo de chá no Jardim Botânico da cidade. O primeiro grupo tinha cerca de 400 pessoas. Este ano, a chegada dos primeiros imigrantes da China completa 196 anos. Daqui a 4 anos serão dois séculos.
- Fomos nós os primeiros a cultivar soja no Brasil e também a produzir suco congelado de laranja - afirmou Rongmao.
A comunidade chinesa reivindica criar na região da 25 de Março um espaço como o da Liberdade, onde a cultura japonesa é exposta e atrai milhares de turistas. Fernando Ou diz que outro desafio é promover a integração. Os japoneses chegaram há 100 anos e já estão totalmente integrados ao país. Neste carnaval, até caíram no samba para comemorar. A figura dos dekasseguis - brasileiros que se mudam do Brasil para ganhar a vida no Japão - é hoje algo comum.
Há brasileiros desbravando a China para ver de perto o assombroso crescimento e o surgimento de uma nova potência ( Confira no blog nosso jornalista na China, Gilberto Scofield ). Dados da Associação Cultural Chinesa indicam que 2 mil brasileiros vivem hoje entre os 1,3 bilhão de chineses. São poucos, mas a ação das empresas e a aproximação dos dois países já faz chegar lá algumas coisas genuinamente nacionais.
Fernando Ou conta que entre os brasileiros estão vários churrasqueiros. Eles aprenderam aqui a arte das carnes e trabalham hoje em churrascarias, a maior parte delas de donos chineses. A carne, no entanto, é comprada na Austrália. A primeira a apresentar o churrasco por lá, lembra, foi a Sadia, mas a compra da carne brasileira depende de um acordo entre os dois países, que ainda não foi assinado.
- A cachaça e o guaraná já chegaram na China. Quem conhece, gosta também da feijoada - diz Ou.
Fernando Ou nasceu no Ano do Macaco. Diz que os nascidos no Ano do Rato são estudiosos, inteligentes e têm capacidade para ganhar e acumular dinheiro. Por isso, 2008 é também ano bom para investimento.
Conta uma antiga lenda chinesa que Buda convidou todos os animais da criação para uma festa de Ano Novo. Apenas 12 compareceram e o rato foi o primeiro. Por isso ele abre o ciclo do horóscopo chinês. A seguir chegaram boi, tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, carneiro, macaco, galo, cachorro e porco (ou javali).