Verba oficial é usada para promoção de candidatos

Três dos 4 deputados que querem concorrer se valeram de indenização

Luciana Nunes Leal e Eugênia Lopes

Dos quatro deputados pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo, três usaram parte da verba indenizatória do ano passado para fazer publicações de divulgação do mandato. Os maiores gastos foram do presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT).

Paulinho, como é chamado, usou R$ 30 mil na divulgação do mandato. A maior parte do material foi impressa em julho. Já a publicação referente ao segundo semestre será distribuída a partir da próxima semana.

A verba indenizatória é paga aos deputados para custear gastos como combustível, aluguel de escritório, consultoria e divulgação da atividade parlamentar. Só em janeiro deste ano, no recesso, a Câmara gastou R$ 3,1 milhões com ela. Em 2007, foram R$ 78,5 milhões.

Segundo Paulinho, o material de divulgação é distribuído para os sindicatos. "Depois, os militantes acabam levando para as fábricas. É mais uma prestação de contas, mas acho que ajuda para o futuro." Para ele, a verba "não é necessária". "Mas, como está disponível, acabei usando. Se acabasse a verba, não teria problema. Eu suspenderia a prestação de contas. Faço porque o dinheiro está aí."

CHINAGLIA

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), gastou R$ 14 mil, em dezembro, na impressão de um jornalzinho. A capa traz o slogan "Um ano de trabalho pelo Brasil". A publicação tem 15 fotos do petista em situações de trabalho, uma delas ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Chinaglia é forte candidato a disputar a Prefeitura de São Paulo, se a ex-prefeita Marta Suplicy optar por ficar no Ministério do Turismo.

Segundo a assessoria de imprensa de Chinaglia, o jornalzinho foi feito para prestar contas do primeiro ano à frente da Câmara. Ele mandou fazer, ainda, calendários com seu nome, foto e o slogan "seriedade e liderança". Segundo a assessoria, o brinde foi pago com verba própria e não houve ressarcimento com verba indenizatória.

ERUNDINA

Como Paulinho, a deputada e pré-candidata Luiza Erundina (PSB) faz informativos semestrais de prestação de contas do mandato. Por um problema no lançamento de dados no portal da Câmara, não foi possível levantar o valor total de gastos com divulgação do mandato no ano passado.

A assessoria de imprensa da deputada informou que os gastos com os boletins e informativos são contabilizados como divulgação da atividade parlamentar e faria uma pesquisa para saber por que não foram reproduzidos na internet.

O último informativo de Erundina, de quatro páginas, com o slogan "um mandato popular a serviço de São Paulo", tem várias notas sobre a atuação da deputada, além de dez fotos da parlamentar, uma delas ao lado de Chinaglia. A próxima prestação de contas deverá ficar pronta ainda este mês.

O quarto deputado pré-candidato à prefeitura, Aldo Rebelo (PC do B), ex-presidente da Câmara, não fez material de divulgação. Um dos principais gastos dele foi com "consultoria, assessoria e trabalho técnico", no total de R$ 52,4 mil em 2007. Erundina registrou R$ 9.627 em consultoria. Paulinho usou R$ 60 mil no mesmo item. Já Chinaglia não gastou nada.
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