Roberto Cabrini - Certo ou errado.

Jornalista Roberto Cabrini pode sair hoje da prisão

Um dos advogados que defende o jornalista Roberto Cabrini, Renato Martins que trabalha conjuntamente com o advogado Alberto Zacharias Toron-, disse que espera a soltura de seu cliente nesta quinta-feira (17). Cabrini está preso desde a última terça-feira. Ontem, ele foi transferido para o 13º Distrito Policial, no bairro da Casa Verde, região norte de São Paulo. Cabrini foi indiciado por tráfico de entorpecentes.

Ontem, a defesa do jornalista apresentou à Justiça, um pedido de relaxamento do flagrante, com base na teoria de que o flagrante "foi armado" contra Cabrini, informou Martins. "Estamos à espera da análise do Ministério Público e da decisão do juiz. Não há prazo para isso ocorrer, mas esperamos que Cabrini seja solto hoje", disse o advogado.

"O pedido de relaxamento do flagrante se baseia na argumentação de que esse flagrante foi forjado", afirmou Martins. Cabrini não pode ser solto mediante pagamento de fiança, já que o crime de tráfico de entorpecentes é inafiançável, disse o advogado.

Martins negou que seu cliente tenha qualquer envolvimento amoroso com a comerciante Nadir Dias da Silva, 50, como ela afirmou durante o depoimento que deu na terça-feira. Silva estava com Cabrini no carro do repórter, no momento em que a polícia encontrou dez papelotes de cocaína no porta-objeto do veículo, que estava estacionado em frente a uma padaria da região sul de São Paulo.

"Ele se envolveu com ela em razão de uma reportagem que fazia sobre o PCC. No meio dessa história, ela passou a ameaçá-lo e fez com que ele consumisse [a droga], sob ameaça de uma arma, com o intuito de filmá-lo. Ele me falou: "Renato, eu tinha que fazer essa concessão para preservar minha integridade física". É como se um jornalista fosse fazer uma reportagem na floresta e uma tribo o obrigasse a comer carne humana. Ele não comeria?", disse o advogado.

Segundo Martins, a comerciante filmou seu cliente consumindo cocaína para extorqui-lo depois. "Uma pessoa que faz uma coisa dessas demonstra o desejo de extorquir. Ela mostrou que é do tipo de pessoa que faz chantagem. Não faz o menor sentido ela acusar um jornalista do nível profissional e pessoal do Cabrini. Tudo foi forjado", disse o advogado.

Martins concluiu a conversa afirmando que acredita que a liberdade provisória de Cabrini está perto de ser concedida. "Ele tem família e laços em São Paulo. Meu cliente não pretende fugir", declarou.
Promotoria dá parecer sobre prisão de Cabrini nesta tarde

O Ministério Público Estadual deve dar, na tarde nesta quinta-feira (17), um parecer sobre a petição de relaxamento de flagrante e liberdade provisória do jornalista Roberto Cabrini. O repórter da Rede Record foi detido por policiais civis na noite de terça-feira (15) na região do 100º DP, no Jardim Herculano, na Zona Sul da capital paulista, com oito gramas de cocaína, divididos em dez papelotes. Da cela, ele escreveu uma carta dizendo que foi vítima de armação.

“Estamos aguardando o Ministério Público dar essa opinião. Depois, cabe ao juiz decidir”, explica o advogado Renato Martins, um dos responsáveis pela defesa de Cabrini.

De acordo com o advogado, o pedido de relaxamento do flagrante do jornalista foi feito na tarde de quarta-feira (16), com a alegação de que a droga encontrada no carro de Cabrini foi colocada por outra pessoa com o objetivo de incriminá-lo.

Ainda segundo Martins, o pedido de liberdade provisória é baseado “na absoluta falta de necessidade de uma prisão cautelar.” “Ele trabalha em São Paulo, tem família e filhos aqui. Não há riscos de ele querer fugir”, afirma o advogado.

Nesta quinta-feira (17), o advogado ainda não se encontrou com o cliente. Mas conta que esteve com o jornalista na quarta. “Ele está revoltado com essa armação que fizeram e confiante de que a Justiça vai conceder liberdade para que possa provar inocência.”

Defesa

Na noite de quarta-feira, outro advogado de defesa de Cabrini, Alberto Zacharias Toron, reafirmou que o jornalista foi vítima de uma cilada armada por uma fonte.
“Era uma fonte dele. Ele desenvolvia um trabalho de natureza investigativa. Ela marcou, depois foram para outro local. Mal chegaram nesse outro local, os policiais já vieram e encontraram os papelotes. Do lado dela, diga-se de passagem”, afirmou, referindo-se à mulher que foi detida junto com o jornalista e, depois de ouvida na delegacia, acabou liberada.

Segundo Toron, a fonte teria ligação com a quadrilha que age a partir dos presídios de São Paulo. No passado, essa mesma mulher teria chantageado e ameaçado o jornalista. Cabrini, ainda de acordo com Toron, teria mantido o relacionamento porque a mulher prometeu enviar um material “a respeito do trabalho que ele desenvolvia”.

O advogado diz que “existe algo estranho” no fato de a mulher ter sido libertada logo após ser ouvida na delegacia. “Curiosamente, esta mulher, que tem antecedentes, foi colocada em liberdade, sem maiores constrangimentos, e foi ouvida como testemunha. Eu acho que existe aí algo estranho que precisa ser apurado.”

Cabrini foi repórter na Rede Globo em diversos períodos, o último deles encerrado em 2001. Depois, passou pelo SBT e pela TV Bandeirantes.

Prisão

O boletim de ocorrência registra que policiais que investigavam uma denúncia de tráfico de drogas na periferia da Zona Sul suspeitaram do carro em que estava o jornalista.

Quando parou no estacionamento de uma padaria, Cabrini foi abordado. Exames feitos no Instituto Médico-Legal (IML) confirmaram que os papelotes tinham mesmo cocaína. A mulher que estava com o jornalista carregava um pen-drive, um dispositivo de memória de computador que continha imagens comprometedoras do repórter. Segundo a polícia, o jornalista não quis ver as imagens na delegacia, nem se pronunciar sobre elas.

Aos policiais, Cabrini negou ser usuário de cocaína e disse que estava trabalhando numa reportagem. Em nota, a Rede Record afirmou que a área de jornalismo da empresa tinha o registro interno de que Roberto Cabrini estava desenvolvendo uma reportagem de caráter investigativo.

Por negar ser usuário de cocaína, Cabrini foi autuado em flagrante por tráfico de drogas. Ele está no 13º DP, na Casa Verde, delegacia onde há celas para presos com curso superior. O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo declarou, em nota, que acredita na inocência do repórter e que a detenção dele foi um equívoco.

Idosa leva livro de auto-ajuda a Cabrini na prisão

TINO MONETTI
Colaboração para a Folha Online

A dona-de-casa Jandira Gonçalves de Oliveira, 71, foi a única visita que o jornalista Roberto Cabrini recebeu até o começo da tarde nesta quinta-feira (17), no 13º Distrito Policial, no bairro Casa Verde, na região norte de São Paulo, onde ele está preso.

A aposentada, que é fã do jornalista, levou de presente para Cabrini o livro de auto-ajuda "Minutos de Sabedoria". "É para dar paciência a ele", declarou à Folha Online.

Moradora da Serra da Cantareira, também na região norte de São Paulo, Oliveira foi até o DP apenas para levar o presente. Ela não conseguiu ver o jornalista, já que sua entrada na cela não foi permitida pelo delegado. Ela deixou o livro na recepção e pediu para que ele fosse entregue a Cabrini.

"Eu tenho certeza que ele não fez isso. Acompanho a carreira dele há muito tempo e sei que ele é um homem direito. Tenho fé que ele será solto em breve", afirmou Oliveira, ao deixar o local.

Hoje, o advogado que defende Cabrini disse à Folha Online que espera que seu cliente seja solto nesta quinta-feira.

Abatido

A reportagem da Folha Online conseguiu ver Cabrini, no momento em que ele era conduzido por policiais em um dos corredores do 13º DP, no começo da tarde de hoje. O jornalista estava usando uma camiseta branca e uma calça de moletom cinza. Ele tinha a aparência bastante abatida. Ele está preso desde a última terça-feira e foi indiciado por tráfico de entorpecentes.

A comerciante Nadir Silva, 50, que estava com Cabrini no momento da prisão, afirmou em depoimento que é amante do repórter. O jornalista negou qualquer envolvimento amoroso com ela.


Delegado diz que cela de Cabrini tem más condições de higiene
TINO MONETTI
colaboração para a Folha Online

O delegado do 13º Distrito Policial de São Paulo, Reinaldo Perez, afirmou hoje (17) que a cela onde está preso o jornalista Roberto Cabrini não tem boas condições "no que se refere à higiene". "É por isso que pedimos que não existam mais celas em DPs", falou à Folha Online.

Perez ainda afirmou que acredita que foi Cabrini quem provocou sua própria prisão, por razões jornalísticas. "Pode apostar que, assim que ele sair, ele vai ter um grande furo de reportagem e dizer que provocou sua prisão", disse o delegado.

Perez disse que, até o momento, Cabrini não fez nenhum pedido especial às autoridades do distrito. Nesta quinta-feira, o jornalista não recebeu visitas de familiares.

Cabrini está preso desde a última terça-feira. Ele foi indiciado por tráfico de entorpecentes, já que a polícia diz que achou dez papelotes de cocaína em seu carro. Hoje, o advogado do jornalista disse à Folha Online que espera a liberdade para seu cliente ainda nesta quinta.


Suposta amante diz que Cabrini a chantageava

Advogados contratados pela TV Record entraram nesta quarta-feira com um pedido de relaxamento da prisão em flagrante ou a concessão da liberdade provisória para o jornalista Roberto Cabrini. Ele foi preso na noite de terça-feira, no Jardim Angela, com 10 papelotes de cocaína. O jornalista foi transferido ontem do 100 Distrito Policial, no Jardim Ângela, para o 13 Distrito Policial, na Casa Verde, destinado a presos com curso superior, onde permanece preso. Ele afirmou, em nota, que está sendo vítima de uma 'armação'.

"Ele não é usuário e não é traficante. Ele é jornalista. O que faria um jornalista bem pago ir até a favela, um dos lugares mais distantes de São Paulo, para comprar drogas?", afirmou o advogado Renato Marques Martins, que foi contratado para defender o jornalista e o visitou nesta quarta.

O salário do repórter da Record é de R$ 105 mil por mês, segundo ele mesmo relatou ao delegado em seu depoimento. A Record divulgou nota em que diz ter conhecimento do trabalho que vinha sendo realizado por Cabrini. “A área de jornalismo da Record tinha o registro interno que o repórter estava desenvolvendo uma reportagem de caráter investigativo. Roberto Cabrini é reconhecido pela cobertura de reportagens especiais e por sua trajetória profissional nas principais TVs brasileiras. A Record acredita na polícia e na Justiça do Estado de São Paulo e espera a correta elucidação dos fatos.”

Em seu depoimento, Cabrini disse que foi se encontrar com Nadir Domingos Dias da Silva, conhecida como Nádia, que era sua fonte e lhe entregaria gravações nas quais apareceria um depoimento de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe da facção criminosa que comandou ataques terroristas a São Paulo.

A fita, segundo ele, demonstraria autenticidade da entrevista que fez em maio de 2006. Naquele ano, durante os ataques, o jornalista colocou no ar um áudio que seria entrevista com Marcola, que estava preso na penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes. A Secretaria de Administração Penitenciária afirmou que não se tratava de Marcola e a entrevista foi desmentida. Cabrini não havia se pronunciado sobre o assunto desde então.

“Jamais parei de investigar e, apesar das inúmeras pressões, sempre tive certeza da autenticidade da entrevista que efetuei em maio de 2006 com o líder da facção, Marcos Camacho.”

Ao chegar para pegar as fitas, ele teria sido abordado por policiais, que teriam achado a droga no carro. Cabrini diz que o policial achou a droga em menos de 3 segundos. O jornalista diz ainda que o delegado disse que tinha prova que ele era usuário de droga e queria que ele assumisse no depoimento que era amante de Nadir. Como ele não o fez, teria sido preso por tráfico de drogas.

O jornalista diz que existe uma fita na qual ele aparece usando droga e que ele foi obrigado a consumir cocaína sob ameaça de armas. A cena teria sido gravada por Nadir para garantir que Cabrini não a denunciasse.

A comerciante Nadir Domingos Dias, de 50 anos (conhecida como Nádia pelos amigos), disse à polícia que apenas ela estava no carro de Cabrini com o jornalista quando ele foi preso e que ele não estava fazendo qualquer reportagem. “Somos namorados há três anos”, afirmou. Cabrini negou a relação.

Nadir diz que queria terminar o namoro e o jornalista a chantageava com um documento que a associaria à facção criminosa que realizou ataques a São Paulo. Ela afirmou ainda que o jornalista usava droga.

O encontro, segundo ela, teria sido marcado para que ele lhe devolvesse o documento comprometedor. Em troca, ela daria ao jornalista um pen-drive (dispositivo de armazenamento de dados digitais) com as imagens dele usando drogas, para que a “chantagem mútua” — conforme ela definiu — acabasse. O pen-drive foi apreendido pela polícia.

A comerciante disse que conheceu Cabrini pouco antes da primeira onda de ataques da facção criminosa, há quase dois anos. Por ser mulher de um ex-policial que se tornou ladrão de bancos, o jornalista a teria procurado. O marido dela estava preso e Cabrini estaria à busca de informantes dentro do sistema carcerário.

Já o jornalista contou que conheceu Nádia apenas depois do ataque do crime organizado. “(...)Havia uma senhora que tinha entrado em contato com a redação oferecendo-se para possibilitar que o lado dos presos fosse ouvido”, disse Cabrini em depoimento à polícia.

A comerciante admitiu que já foi absolvida de um caso de homicídio, em que teria tomado a arma de uma ladrão e atirado em sua cabeça. Nádia contou que, no dia da prisão de Cabrini, estava com ele desde as 14h.

Da Agência O Globo