Policial militar reformado presta depoimento na tarde desta segunda (16)
Globo.com/G1
Após uma nova morte ocorrida no fim de semana, a polícia ouve na tarde desta segunda-feira (16) um PM reformado que havia sido preso em dezembro suspeito de participação na morte de homossexuais no Parque dos Paturis, em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Ele acabou libertado após cumprir prisão temporária.
Ao todo, 14 homossexuais foram mortos desde 2007 no município e os corpos, localizados na região do parque. O último caso aconteceu neste domingo, quando um homem foi encontrado morto com sinais de violência física em uma rua vizinha ao parque. Uma testemunha disse à polícia que ele era homossexual assumido e freqüentador do local.
De acordo com o delegado seccional de Carapicuíba, Paulo Fortunato, o suspeito foi identificado por uma testemunha como autor da morte de um homossexual em 19 de agosto de 2008 no município. Na ocasião, a vítima levou sete tiros, que atravessaram o seu corpo. Os projéteis nunca foram localizados. Ele foi denunciado pelo Ministério Público pela morte deste homem e de um outro em Osasco, na Grande São Paulo, também homossexual.
Segundo Fortunato, a Justiça aceitou a denúncia. O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão, esteve na delegacia seccional e anunciou que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) irá auxiliar as investigações do caso. “Quero deixar à disposição das autoridades toda a estrutura da polícia para ajudar nas investigações e elucidação dos delitos”, disse.
Ligação entre os casos
A polícia investiga se há realmente ligação entre todos os casos, mas destaca características semelhantes. Além do fato de serem homossexuais, em 12 dos casos as vítimas foram mortas a tiros compatíveis com revólver de calibre 38. A maioria deles morreu atingida na região da cabeça. E apenas um caso anterior e neste de domingo a morte ocorreu por agressão com objeto contundente, possivelmente pauladas.
“Não se consegue materializar se todos os casos estão interligados, mas grande parte sim”, disse o delegado geral da Polícia Civil de São Paulo, Maurício Freire, que também esteve em Carapicuíba nesta segunda. Questionado se há a possibilidade de, inclusive, o crime de domingo estar nesta lista, ele respondeu que sim. “Em muitos casos, as provas indicam que estão”, afirmou.
Ainda segundo Freire, uma das hipóteses investigadas é o de crime de intolerância, por isso a unidade do DHPP especializada nestes casos também acompanhará as investigações.
Histórico
Em dezembro de 2008, um policial militar aposentado foi preso por suspeita de envolvimento no assassinato de 13 homossexuais no Parque dos Paturis. Os crimes ocorreram entre fevereiro de 2007 e agosto de 2008. Ele cumpria prisão temporária de 30 dias no Presídio Romão Gomes, da PM, e acabou solto em janeiro deste ano.
Quase todas as 13 vítimas foram mortas com vários tiros na parte superior do corpo. E foram encontradas com ferimentos na cabeça, no tórax, na nuca, no rosto e na testa. Segundo a investigação, a maioria se encontrou com o assassino dentro do parque.
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