Bolívia pede a empresas que não usem a palavra "coca" em seus produtos

La Paz, 15 mar (EFE).- A Comissão da Coca da Assembléia Constituinte da Bolívia aprovou uma resolução na qual pede a multinacionais como Coca-Cola que não usem o nome da chamada "sagrada planta milenar" em seus produtos.

A proposta para regular o uso do nome da folha, cultivada também no Peru e Colômbia, foi confirmada hoje à Efe pela presidente da comissão, Margarita Terán, ex-dirigente cocaleira e legisladora pelo Movimento ao Socialismo (MAS), partido do líder boliviano, Evo Morales.

Com a iniciativa, aprovada na quarta-feira, a Constituinte avança em sua campanha para conseguir que a folha seja reconhecida como "recurso natural, econômico, renovável e estratégico" na futura constituição e seja incluída no escudo oficial boliviano.

Morales, que continua sendo a máxima autoridade das seis federações de cocaleiros da região tropical de Chapare (Cochabamba), anunciou este ano sua intenção de aumentar o cultivo legal de coca de 12 mil para 20 mil hectares.

A resolução aprovada pela comissão foi adotada após uma reunião de três dias entre 400 dirigentes dos produtores, comerciantes e consumidores da folha de coca, realizada na cidade de Sucre, sede da Assembléia e capital legal do país.

Terán lembrou que a Coca-Cola, na década de 90, comprava quatro toneladas anuais de coca da Bolívia para fabricar sua bebida, mas que o país não teve "nenhum ganho" adicional com isso.

A resolução pede também que a folha de coca seja retirada da lista da Convenção Única de Entorpecentes das Nações Unidas.

Além disso, solicita que se divulgue um estudo sobre a planta, feito em 1995 pela Organização Mundial da Saúde, no qual é destacado o valor medicinal da planta.

A comunidade internacional manifestou nas últimas semanas sua preocupação pelas iniciativas do Governo de Morales para descriminalizar a coca, da qual se extrai a matéria-prima para produzir cocaína.
EFE mb ma
Fonte: Ultimo Segundo