Pesquisa realizada pela USP de Ribeirão Preto revela que os universitários da cidade são felizes. O estudo foi realizado durante dois anos com 527 estudantes de diferentes cursos em duas universidades, uma pública e uma particular.
Para que a pesquisa fosse realizada foi necessário elaborar uma definição para felicidade. A pesquisadora Paola Moura Passarelli, mestranda em Psicologia na USP, afirma que a felicidade depende de três fatores: emoções positivas, a ausência de emoções negativas e satisfação de viver.
Segundo a pesquisadora, os resultados da análise se assemelham com outros estudos sobre o tema. Não há uma diferença significativa entre homens e mulheres. Quanto às razões pela quais se é feliz, a questão financeira não é tão relevante, desde que a pessoa tenha as necessidades básicas de alimentação, moradia e saúde satisfeitas.
Se a pessoa passa por algum tipo de dificuldade nesses quesitos, o dinheiro passa a fazer a diferença. "Essa pessoa vai condicionar a felicidade dela ao dinheiro, não para ter muito, mas para lhe suprir o mínimo que falta", disse Paola.
O estudante de Educação Física Thiago Luiz Parra Netto tem 20 anos e pertence à classe média ribeirãopretana. Para ele, o dinheiro não é primordial para a pessoa ser feliz, mas ajuda. "A estabilidade financeira nos proporciona momentos de alegria. Podemos comprar algo de que gostamos e sair com os amigos para passear. Mas não podemos ficar presos a isso."
O jovem concorda com o resultado da pesquisa e se diz um universitário muito feliz. Para ele, o que torna a universidade um local propício para a felicidade são as descobertas que os jovens fazem nesse período da vida.
"Estamos começando a nossa vida profissional, fazemos o curso que escolhemos, conhecemos novos amigos que são de diferentes lugares do país e temos muitas festas. Essa é a receita da felicidade", disse.
Os estudos no campo da felicidade ainda são escassos, segundo Paola. "As pessoas se interessam mais pelo que está errado, para buscar uma solução. Mas esta tendência tem mudado com o passar dos anos. Estudando uma coisa positiva, como a felicidade, podemos tentar prevenir doenças como a depressão."
Um levantamento realizado pelo instituto britânico de pesquisa de mercado GfK NOP mostra que a conclusão da pesquisa realizada na USP de Ribeirão com universitários pode ser expandida para o Brasil. Os números mostram que o povo brasileiro está entre os mais felizes do mundo (leia reportagem na página ao lado). Paola acredita que o sentimento de felicidade para o brasileiro está diretamente relacionado com o aspecto cultural. "O Brasil é um país de festa e de alegria por tradição. Por conseqüência, os brasileiros se sentem felizes."
Ricardo Moreno, professor do Departamento de Psiquiatria da USP de São Paulo, diz que é preciso cuidado ao abordar um tema tão complexo como foco de pesquisa. "A pesquisa tem que ser bem estruturada, mostrar qual é realmente a sua tese. Felicidade é um sentimento vasto, que depende de fatores psicológicos, biológicos, estimulando as regiões cerebrais relacionadas com o prazer, e ambientais, como a cultura e a religiosidade."
Fonte: Gazeta de Ribeirão (Matéria completa)