Novos recursos de internet prometem revolucionar a TV

A televisão como a conhecemos pode estar prestes a perder o lugar de honra na sala de estar do mundo moderno. Seu algoz é uma combinação de novos recursos que disponibilizam filmes e programas diretamente para a tela pela internet, garantem analistas.

"Dentro de poucos anos estaremos vendo a televisão deixar de ser uma caixa de imagens e se tornando parte de uma rede doméstica, integrada e conectada sem fios", afirma Tim Hanlon, vice-presidente da Denuo, empresa especializada em consultoria de mídia.

"É a linha que separa a experiência da internet e da TV", explica.

Novidades como a recém-lançada Apple TV, apresentada no último 21 de março, ou o decodificador-gravador da TiVo, permitem que filmes e programas sejam baixados da internet e assistidos diretamente na tevê mais próxima.

"Eu poderia assistir a vídeos da internet na TV e vice-versa", exemplifica Hanlon. "E você poderia receber uma quantidade enorme de conteúdo de todos os tipos das lojas on-line", acrescenta.

A Apple TV só aceita downloads feitos no site do iTunes, enquanto a TiVo tem um acordo de exclusividade com a Amazon, única loja on-line a fornecer conteúdo para seus usuários.

A tecnologia também pode levar os vídeos da internet para as pequenas telas dos telefones celulares - seus usuários poderiam ter acesso a filmes ou séries de TV inteiras dentro de seus bolsos.

"Obviamente isso não substitui o ato de relaxar em casa assistindo a longas-metragens em seu aparelho de TV de alta definição", pondera Hanlon. "Mas se eu quiser assistir a um jogo de basquete e meu vôo está atrasado, uma pequena tela que estiver à mão pode ser a solução perfeita", continua. Entretanto, os downloads que abastecem essa nova realidade televisiva ainda levam algum tempo - cerca de uma hora para um filme pelo sistema TiVo - e os vídeos disponíveis se limitam àqueles dos estúdios conveniados.

Mas um recurso com menos limitações está a caminho. O Slingcatcher, que deve ser lançado ainda em 2007 pela Sling Media, transmitirá vídeos da internet diretamente para a tela da TV, sem restrições de conteúdo.

Reproduzir o conteúdo de vídeos desse jeito pode, no entanto, acarretar alguns riscos do ponto de vista legal. A Viacom, gigante americana do ramo de entretenimento, entrou com um processo de bilhões de dólares contra o Google e seu site de compartilhamento de vídeos, o YouTube, por quebra de direitos autorais.

Outra novidade criada pela Sling Media, o Sling Box - lançado em 2005 - funciona de modo que o usuário possa conectar a televisão ao computador e transmitir na primeira programas do mundo inteiro baixados no segundo pela internet. O VCast, recentemente apresentado pela operadora de telefonia americana Verizon, permite que seus clientes assistam à TV na tela do celular usando o teclado numérico do aparelho para mudar os canais.

Além disso, a Time Warner disponibiliza centenas de filmes no sistema "on demand", baixados em apenas alguns segundos para televisões normais ou de alta-definição ao custo de 4 dólares cada.

Além de armazenar os vídeos baixados, os aparelhos decodificadores podem gravar programas dos canais de TV. É possível voltar a transmissão ou então deixá-la gravada para assistir mais tarde.

Além do desafio à soberania do tradicional aparelho de televisão, a revolução dos novos recursos que usam a internet para difundir conteúdo de vídeo ameaça outros meios. Analistas de mercado da iSuppli prevêem que as vendas de DVD devem cair cerca de 20% até 2010.

Com a multiplicação das lojas virtuais de conteúdo, até mesmo os cinemas podem vir a passar filmes pelo sistema "on demand".