Fábio Gallacci / Agência Anhangüera / Cosmo Ribeirão Preto
Fábio Gallacci / Agência Anhangüera
Depois de muito barulho e protestos na mídia de todo o País nos últimos dias, os dois azarados de Limeira, o comerciante Dorgival Bezerra de Oliveira, de 50 anos, e o motorista Igor Vieira Camargo, de 26, comemoram o primeiro depósito feito em suas contas na Caixa Econômica Federal (CEF). Cada um recebeu o exato valor de R$ 72.013,82 de um dos 14 acertadores que sacaram e repartiram a bolada de R$ 16 milhões do concurso 869 da Mega-Sena na semana passada. O autor do depósito se identifica apenas como Lima. De acordo com informações, ele é proprietário do bar Gente Fina, localizado no Jardim do Lago, ponto de encontro do grupo para fazer suas apostas por mais de um ano.
O depósito foi definido após uma reunião de Lima com os dois ex-parceiros de bolão em um escritório de advocacia em um bairro não-identificado da cidade. Agora, a dupla continua o seu calvário para tentar fazer com que os outros 13 apostadores sigam o exemplo e façam o mesmo o mais rápido possível.
De acordo com as contas do motorista e do comerciante, cada um dos 14 apostadores teria que separar R$ 143 mil de suas respectivas partes no prêmio - aproximadamente R$ 1,14 milhão - para, juntos, somarem os R$ 2 milhões que seriam igualmente divididos entre os amigos que ficaram de fora.
Camargo e Oliveira esperam que os demais amigos tenham o mesmo espírito solidário de Lima, que procurou os dois e ofereceu a sua parte sem qualquer problema ou entrave burocrático. "Acho que, até a próxima sexta-feira, poderemos resolver tudo isso. Como um já fez o seu depósito, acredito que os outros também podem colocar a mão na consciência e fazer o mesmo", espera o motorista. O comerciante, mais ressabiado, afirma que só vai ficar tranqüilo quando todo o dinheiro for dividido. "Não quero conversa mole, tem que dividir igual. A gente não precisa se reunir para nada. É dividir o dinheiro ou não. Essa é a realidade", reforça Oliveira.
Segundo os dois amigos, alguns dos apostadores já entraram em contato mencionando o interesse em repassar suas partes da bolada. O problema são as quantias em discussão. "Teve um que me falou que ia dar apenas R$ 30 mil. Isso eu não quero", adianta o comerciante.
Curiosos para ver de perto o desfecho da história que chamou a atenção do Brasil inteiro, muitos vizinhos dos antigos participantes do bolão comentam que os apostadores que levaram o prêmio para casa estão se sentindo pressionados a resolver esta situação de uma vez por todas. Até mesmo a cobertura maciça da imprensa estaria incomodando os 14 apostadores e seus parentes. "A mulher de um deles disse para o marido dividir logo essa bolada para eles voltarem a viver em paz", conta um vizinho que preferiu não se identificar.
De acordo com comentários dos moradores do Jardim do Lago, onde todos vivem, um dos apostadores teria ido para Goiás e outro teria comprado uma caminhonete Ford EcoSport. Alguns ainda estariam em Limeira, andando pelo bairro nos momentos de maior sossego na rua. O bar Gente Fina, de Lima, continua com as portas fechadas, para a infelicidade de muita gente que costumava curtir uma cerveja e uma sinuca no local nos finais de tarde.
Futuro
Enquanto não ficam milionários, Camargo e Oliveira continuam com o seu ritmo de vida normal. O comerciante passa o dia atendendo os seus clientes no bar que mantém com a mulher e o motorista roda a região fazendo as suas encomendas. Os dois, claro, pensando em um futuro melhor.
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