Em canonização, Papa critica mídia por menosprezar casamento e virgindade

Bento XVI declarou Frei Galvão santo no Campo de Marte, em São Paulo. Multidão de mais de um milhão de fiéis participou da cerimônia.
Papa Bento XVI criticou a mídia por supostamente menosprezar a instituição do casamento e fazer pouco dos apelos pela virgindade dos solteiros. "É preciso dizer não àqueles meios de comunicação social que ridicularizam a santidade do matrimônio e a virgindade antes do casamento", disse o líder da Igreja Católica durante a missa de canonização de Frei Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil.
De acordo com o pontífice, o mundo vive hoje sob o jugo do "hedonismo" (busca do prazer) e os católicos devem se mover, em meio aos desafios contemporâneos, pela "fidelidade a Deus dentro ou fora do matrimônio". "O mundo precisa de vidas limpas, de almas claras, de inteligências simples que rejeitem ser consideradas criaturas objeto de prazer", afirmou.

Na quinta (10), o pontífice havia transmitido uma mensagem semelhante, ao falar a uma multidão de 41 mil jovens católicos reunidos no Pacaembu.
Na ocasião, Bento XVI pediu para que as pessoas pratiquem a castidade dentro e fora do casamento.

Durante o sermão desta sexta, o pontífice usou a vida de Frei Galvão, agora oficialmente
Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, como exemplo para falar do modelo de vida que prega o catolicismo. E pediu aos fiéis para que se aproximem mais da igreja por meio dos sacramentos.
"O Cristo se revela através da palavra e dos sacramentos, principalmente pela eucaristia (a recepção do corpo de Cristo). Por isso, a vida da Igreja é essencialmente eucarística. Renovemos com profunda humildade nossa fé, como fazia Frei Galvão", disse o Papa. Ele também lembrou o sacramento da confissão, onde os fiéis pedem perdão pelos pecados.

Bento XVI se referiu à comunidade franciscana e aos monges do Mosteiro da Luz, onde Frei Galvão vivia, dizendo que eles "irradiam a espiritualidade e o carisma do primeiro brasileiro elevado à glória dos altares".

A passagem do Papa pelo Brasil está sendo marcada por discursos de chamada às idéias defendidas pela igreja.
Na chegada a São Paulo, no fim da tarde de quarta-feira (9), o Papa fez referências indiretas ao aborto e às pesquisas com
Bento XVI canonizou Antônio Galvão de França, o Frei Galvão, às 10h10 desta sexta.

"Declaramos e definimos como santo o beato Antônio de Sant'Anna Galvão e o inscrevemos na Lista dos Santos e estabelecemos que em toda a igreja ele seja devotamente honrado entre os santos", disse o pontífice. Em seguida, ele chamou ao altar Sandra Grossi e o filho Enzo. O nascimento do menino foi reconhecido como milagre pelo Vaticano.

A missa de canonização começou com uma leitura sobre a vida do religioso que viveu em São Paulo. O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, José Saraiva Martins, e o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, fizeram o pedido formal de canonização de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro.
Saraiva Martins disse que a vida do religioso foi marcada pela "pobreza e penintência". "Até o fim de seus dias, foi por todos e para todos, homem da paz e da caridade", disse. Frei Galvão foi beatificado em outubro de 1998 pelo Papa João Paulo II. Em dezembro do ano passado, o Vaticano aprovou o primeiro milagre atribuído a Frei Galvão, a cura de uma menina de quatro anos. No início da missa, Bento XVI recebeu um cálice de presente de um bispo que leu uma mensagem ao pontífice. A celebração começou com um ato penitencial, momento em que os fiéis pedem perdão pelos pecados.

Ao chegar no Campo de Marte, Bento XVI passeou pelo meio da multidão dentro do papamóvel, de onde saudou e abençoou o público. O veículo deu uma volta dentro do Campo de Marte passando por um corredor de homens da segurança. Ao lado do corredor, a multidão corria para acompanhar a passagem do veículo oficial ao som do hino feito para ele e que dizia “bem-vindo em nome do Senhor”. Em seguida, o Papa se recolheu para a sacristia para vestir trajes especiais para a celebração.Os fiéis, que começaram a chegar no Campo de Marte a partir da uma hora da manhã desta sexta-feira, não desanimaram durante a madrugada fria. As baixas temperaturas, no entanto, causaram alguns transtornos. Cerca de 100 atendimentos médicos foram realizados até o início da manhã.

Os portões foram abertos à uma hora da manhã. Neste horário, dez mil pessoas já aguardavam do lado de fora dos portões para entrar no local. De acordo com a Polícia Militar, às 6 horas da manhã, 500 mil pessoas formavam filas para entrar no Campo de Marte.

Muitos fiéis estão em vigília há quase nove horas, embalados pela apresentação de padres como Marcelo Rossi. Na entrada do Campo de Marte, eles receberam uma medalhinha de plástico amarelada com a imagem do Frei Galvão, com a data do evento e a frase "lembrança da canonização de Frei Galvão".

Estrutura
Dois mil padres e mais de 300 bispos ajudam na celebração litúrgica da missa, que conta também com o Coral de Frei Galvão, composto por 1.270 vozes.
Todo o efetivo da Aeronáutica da região do Campo de Marte, composto por mais de mil homens, além de policiais militares, federais, Exército e Guarda Civil Metropolitana (GCM) fazem a segurança de cerca de dois milhões de metros quadrados do campo e da região do entorno. Também fazem parte da estrutura do evento 28 postos médicos, 43 ambulâncias, cinco bases de atendimento a crianças perdidas, e sete postos da polícia militar.

Agenda do Papa
À tarde, Bento XVI se reunirá com os bispos brasileiros se encontrarão com o Papa na Catedral da Sé, em um evento fechado, e parte de helicóptero para Aparecida, a 167 km de São Paulo, para o início da segunda fase da visita, dominada pela Conferência-Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe.

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