Eduardo Kattah
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BELO HORIZONTE - A adolescente L.E.P, de 16 anos, suspeita de enterrar vivo o próprio filho recém-nascido, disse em depoimento ao Ministério Público que pretende criar a criança, salva após ficar cerca de três horas sob a terra, em Governador Valadares (MG), no último domingo. Em depoimento ao Ministério Público, nesta terça-feira, 2, a adolescente alegou que escondeu a gravidez da família porque não tinha assistência do pai, o lavrador Marcondes de Paula, que está preso e deverá responder por tentativa de homicídio.
Ao promotor titular da 3ª Vara Criminal de Governador Valadares, Lélio Braga Calhau, L.E.P. disse que não tinha intenção de matar o bebê, pois acreditava que ele havia morrido depois de cair de seus braços. "Ela falou que assim que tudo se resolver, ela quer ficar com essa criança", contou Calhau.
Por sugestão do promotor, a juíza Dilma Conceição Duque determinou que a adolescente - que foi apreendida e estava internada sob escolta - policial fosse levada para um abrigo. O Hospital Municipal informou que o bebê do sexo masculino permanecia internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e seu quadro clínico era estável. A criança não corre risco de morrer, mas não há previsão de alta médica. No seu depoimento, L.E.P. fez acusações contra Marcondes, com quem possui um outro filho, um menino de um ano e meio. "Ela fala cobra e lagartos do Marcondes no depoimento dela. Que é uma pessoa fria, que só prestou assistência no primeiro mês quando a primeira criança nasceu, que durante essa gestação toda ele não prestou assistência nenhuma, não se importou com a criança. Então ela complica bastante a situação dele", disse o promotor.
A adolescente, que reside no assentamento sem-terra Oziel Alves, negou que tivesse participado do enterro da criança. "Doutor, se tivesse enterrado, ele teria morrido´. Ela alegou para mim isso aí". L.E.P. repetiu a versão dada à Polícia Civil, que, ao dar à luz - por volta das 4h de domingo -, envolveu bebê na placenta e ele escorregou. Como a criança não chorou, achou que ela estava morta e a envolveu num pano, indo até a casa de Marcondes, que mora no bairro Planalto, periferia da cidade e nas proximidades do assentamento.
A adolescente afirmou que, debilitada, não conseguiu acompanhar o pai até o local onde o bebê foi enterrado. Numa área de pastagem, o lavrador teria utilizado um crânio de cavalo para abrir uma cova rasa e jogou terra por cima da criança. O recém-nascido foi resgatado por parentes e moradores da região e Marcondes foi preso em flagrante na manhã de domingo. Ele negou participação no crime e em depoimento à polícia alegou que desconhecia a gravidez de L.E.P.
A mãe da adolescente, Maria das Graças Pereira, 53 anos, já informou que vai requerer a guarda do neto. Assim que o bebê receber alta, o Conselho Tutelar da cidade mineira deverá encaminhá-lo para alguma instituição da cidade até que o juiz da Vara da Infância e Adolescência decida o seu futuro.
Estadão
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