Autoridades não aceitam falta de segurança como desculpa dos Scorpions

A falta de segurança pode não ter sido o principal motivo de o Rio de Janeiro ter ficado fora da atual turnê brasileira da banda de rock alemã Scorpions, que passou por Manaus, Recife e chegará a São Paulo na terça-feira. Segundo o prefeito Cesar Maia, a alegação de um dos promotores de shows de que a cidade estaria sujeita a passar por problemas de segurança depois de desmontado o esquema especial dos Jogos Pan-Americanos é uma mentira.

"Foram buscar patrocínio privado, não conseguiram e inventaram esta história. Nos últimos dias recebi propostas de grande grupos e investidores na área de entretenimento que se calculam em dezenas de milhões de dólares. Em breve se saberá o que o pós-Pan já trouxe para o Rio", rebate o prefeito, respeitando a reserva da banda.

Para o secretário estadual de Turismo, Esportes e Lazer, Eduardo Paes, o motivo para não haver show do grupo na cidade não tem fundamento.

"O Police, que tem muito mais chances de ser assediado nas ruas do que os Scorpions, vem ao Brasil no fim do ano. Já recebemos shows como o dos Rolling Stones e o Live Earth, sem a estrutura montada para o Pan, que foram um sucesso. Mas, se eles não querem tocar no Rio, é outra história", diz Paes, colocando-se à disposição para conversar com os empresários da banda para resolver qualquer dúvida em relação à segurança da cidade e abrindo a possibilidade de o show acontecer no Maracanãzinho.

Apesar da oferta do governo do estado, o empresário Paulo Barón, responsável pela vinda do grupo ao Brasil, diz que, infelizmente, desta vez, é tarde demais.

"A banda fará seu último show no país na terça-feira à noite em São Paulo e na quarta-feira viaja para o México para dar continuidade à turnê. Acho nobre a oferta do estado, mas ela deveria ter sido feita antes", diz o empresário, que já trouxe outras bandas como o Nightwish para tocar no Rio, pleiteando mais incentivo para o rock na cidade.

"Mais nocivo para os Scorpions do que a violência no Rio é a falta de público, que nem sempre comparece por aqui. Ontem, quando estávamos indo de Manaus para Recife, o Klaus (Meine, vocalista do grupo) pediu, novamente, que a cidade fizesse parte do roteiro em uma próxima turnê ao Brasil e não fez qualquer menção ao problema de segurança", contou.

Barón confirmou que um dos contratantes interessados em uma apresentação no Rio alegou problemas de segurança para não fechar negócio. Mas, na opinião dele, a segurança não seria um problema e todo mundo ficaria feliz com um show do grupo na cidade.

"O grupo viaja com uma cobertura de segurança particular com oito homens, que poderia ser reforçada. Mas, de qualquer forma, nunca tive problemas relacionados à segurança nos shows que levei para o Rio de Janeiro".

Para o chefe da Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, não há motivos para especulação: "O Rio oferece sim segurança, como ficou comprovado durante o Pan, por isso não tenho o que comentar. Se eles querem argumentar que não virão para a cidade por medo da violência, eles que expliquem melhor".

Já a Secretaria de Segurança Pública informou que o Rio acaba de receber um grande contingente de turistas e delegações internacionais e a segurança do Pan foi considerada o que de melhor houve no evento.

O Rio já fez parte de duas turnês dos Scorpions. O grupo tocou na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, e depois em 1997.

Da Agência O Globo
PERNAMBUCO.COM

Scorpions conquista o Recife com virtuosismo na medida e belas baladas


Por Roberto Beltrão
O que é que todo fã de hard-rock espera de um show? Com certeza, uma banda consagrada, com músicos que dominam muito bem seus instrumentos, tocando canções de sucesso em um volume ensurdecedor. A julgar por esses parâmetros, o Scorpions cumpriu seu papel - e foi além - na noite de sábado, 11 de agosto, numa apresentação que reuniu milhares de pessoas no Chevrolet Hall, em Olinda. A platéia testemunhou, ao vivo, o produto de uma precisa e competente fábrica alemã de entretenimento. Mas o que se viu no palco em nada lembrou a frieza que supostamente caracteriza os povos germânicos.
O espetáculo fez parte da turnê Humanity Hour 1 – mesmo nome do mais recente álbum do grupo – que já passou por Manaus e segue para São Paulo. Logo na abertura, a turma do vocalista Klaus Meine foi ovacionada pelo público ávido por acordes pesados de guitarra. Nas mãos de Rudolf Schenker e Matthias Jabs, foram elas que brilharam nas primeiras músicas. Mas nada de virtuosismos desnecessários. No mundo do heavy metal, os guitarristas são cultuados e quem gosta do gênero espera sempre pela hora do solo, em que o guitarrista mostra do que é capaz. Com 35 anos de carreira, os escorpiões sabem disso e também sabem valorizar o trabalho em equipe, sem o estrelismo exagerado que compromete outras bandas.
Depois de muita pauleira, o Scorpions revelou a sua segunda especialidade: as baladas românticas – um diferencial em relação a outros grupos metaleiros. Foram várias canções para fazer suspirar qualquer marmanjo de jaqueta preta de couro, todas com direito a notas agudas da voz quase anasalada de Meine e acordes angelicais dedilhados em guitarras acústicas. A platéia foi ao delírio, acompanhando os compassos lentos das músicas com os braços para cima, numa coreografia improvisada.
Em seguida, um momento que não pode faltar num show de heavy metal que se preze. Entre tambores e pratos, o baterista James Kottak demonstrou muito carisma num solo barulhento e ritmado. Demonstrou também que aprendeu a lição de diplomacia internacional: sem deixar a batida cair, vestiu uma camisa verde-e-amarela e ainda agitou uma bandeira brasileira. Logo depois, o vocalista voltou à cena e completou a homenagem ao nosso país entoando uma versão muito particular de Aquarela do Brasil (por essa, Ary Barroso não esperava!). E pensa que os metaleiros torceram o nariz? Muito pelo contrário! Emocionados, eles cantaram junto com o alemão boa-praça.
Terminada a rasgação de seda, veio a hora mais esperada. A banda encerrou o show com uma seqüência arrasadora dos seus maiores hits. Composições que estarão para sempre gravadas na memória de velhos e novos roqueiros como Still loving you, Big city nights e Rock you like a hurricane – esta última, um verdadeiro hino para a legião de admiradores do Scorpions. Sem dúvida, quem foi testemunha da primeira aparição desses alemães bons-de-rock em Pernambuco se sentiu envolvido por um furacão de emoções metálicas.
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