Mensalão
da BBC Brasil
O indiciamento do ex-ministro José Dirceu pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no caso do "mensalão" foi noticiado em vários jornais internacionais desta terça-feira, que destacaram sua proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Brasil processará o 'braço direito' do presidente Lula", diz o título da reportagem do jornal espanhol "El País", comentando que Dirceu era "considerado o homem mais poderoso nos dois primeiros anos do governo Lula".
"Dirceu foi ministro da Presidência entre 2003 e 2005 e era considerado o 'braço direito' de Lula, mas teve que deixar o governo pressionado pelos escândalos dos subornos supostamente pagos pelo PT no Congresso", diz a reportagem, acrescentando que ele deverá agora responder pelo delito de corrupção ativa.
O diário argentino Clarín comenta que o caso de Dirceu "era o mais polêmico dos 40 que estiveram sob a análise do órgão judicial máximo brasileiro".
"Este líder do Partido dos Trabalhadores, que continua na cúpula dessa agremiação, teve um papel central na gestão de Lula entre 2003 e 2005, quando teve que renunciar ao cargo frente à onda de acusações que o colocavam como cabeça de um esquema de subornos para congressistas nacionais", diz a reportagem do "Clarín".
O jornal comenta também que o Supremo Tribunal Federal indiciou ainda mais de três dezenas de pessoas no caso, "que passou à história brasileira com o nome de mensalão e que entre 2005 e começos de 2006 pôs o governo de Lula contra as cordas".
"Na lista figuram atuais deputados, ex-congressistas, outros ex-ministros de Lula e importantes dirigentes políticos, além de empresários", observa o "Clarín".
O também argentino "Página/12" relata que, se considerado culpado pelos crimes pelos quais foi indiciado, Dirceu poderia ser condenado a até 12 anos de prisão.
O jornal comenta que "por esse mesmo delito serão processados Delúbio Soares e José Genoino, que na época do mensalão eram respectivamente tesoureiro e presidente do PT, fundado por Lula em 1980".
O diário mexicano "La Jornada" afirma que "o maior escândalo de corrupção do governo Lula estourou quando seu partido foi acusado de criar uma milionária contabilidade ilegal paralela para pagar partidos aliados por seu apoio político".
"As denúncias, que paralisaram o Congresso por meses, foram apresentadas formalmente à corte máxima pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, em março de 2006", relata o jornal.
O Jornada observa ainda que "as acusações nunca chegaram a implicar diretamente a Lula, que alegou que nada sabia sobre o que fazia seu partido e que foi reeleito em outubro de 2006".