Uma onda de especulações movimentou nesta semana o caso da garota britânica Madeleine McCann, 4, desaparecida no começo de maio no Algarve, sul de Portugal, conforme a polícia voltou a concentrar seus esforços no local do desaparecimento.
Madeleine sumiu no dia 3 de maio no complexo turístico onde a família dela passava férias, quando dormia com os irmãos gêmeos, de dois anos, no quarto do hotel. Naquele momento, os pais, Gerry e Kate McCann, jantavam em um restaurante a cerca de 50 metros do hotel.
Luis Forra/Efe |
Madeleine desapareceu em 3 de maio, no Algarve, sul de Portugal |
Em sua edição desta terça-feira, o jornal português "Diário de Notícias" afirmou que a polícia judiciária portuguesa sabe há um mês que a garota foi morta no dia em que desapareceu e já descartou definitivamente a hipótese de seqüestro. As informações teriam sido dadas por uma "fonte ligada ao processo".
Na edição desta segunda-feira, o "Diário de Notícias" publicou que cães da polícia encontraram vestígios de sangue em uma parede do quarto do hotel ocupado pelos pais de Madeleine. As autoridades e a família se recusaram a confirmar ou desmentir a informação.
"Nós sabemos algumas informações que, primeiro, não estamos autorizados a contar, e, segundo, nós nunca divulgaríamos algo que pudesse pôr em risco a investigação do caso", disse o pai da menina, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).
O inspetor de polícia Olegario Sousa, em entrevista por telefone de Lisboa à AP, se recusou a confirmar ou negar a notícia. Ele adicionou: "A família não é suspeita", disse Sousa. "Essa é a posição oficial."
Família sob suspeita
O "Diário de Notícias" informa também que as suspeitas sobre os pais de Madeleine aumentaram nos últimos dias.
Hugo Correia/Reuters |
Gerry e Kate McCann carregam os gêmeos Sean e Amelie, irmãos de Madeleine |
Segundo o site do jornal português, a polícia judiciária portuguesa e a polícia inglesa "estão desde o início atentas ao casal McCann, dando-lhes total liberdade de movimento para melhor vigiar Gerry e Kate, tanto na sua permanência no Algarve como nos deslocamentos feitos a vários países, onde lançaram campanhas para encontrar Madeleine".
O jornal diz ter informações de que a mãe da menina, quando percebeu o sumiço da filha, voltou ao restaurante --onde jantava com o marido e vários amigos-- gritando: "Eles a levaram". E que, pouco depois, um turista que estava num quarto ao lado do da família disse ter escutado a mãe gritar "falhamos".
Segundo o jornal, nos interrogatórios com os pais, familiares e amigos do casal, dias após o desaparecimento, foram apresentadas versões contraditórias.
Uma fonte policial citada pelo "Diário de Notícias" afirma que os investigadores concentram suas atenções no "círculo familiar e de amigos" dos McCann e que amigos do casal que também passaram férias na Praia da Luz estão sob vigilância policial na Inglaterra e vão ser chamados a depor em Portugal.
Segundo outro jornal português, "O Público", a polícia judiciária inspecionou nesta segunda-feira dez veículos --incluindo os carros alugados pela família McCann e por amigos que os acompanharam nas férias na Praia da Luz, no Algarve, e o carro da mãe de Robert Murat, o único suspeito até o momento.
Principal suspeito
Luis Forra/Efe |
Polícia portuguesa deixa a casa de Robert Murat, após investigação, no último domingo |
O único suspeito apontado pela polícia até agora é o cidadão britânico Robert Murat, 33, que mora em uma casa a cerca de 100 metros do hotel de onde Madeleine desapareceu. A polícia vasculhou a casa de Murat no último fim de semana na presença dele, mas não foi informado se encontraram algo. Murat não foi preso.
O advogado de Murat, Francisco Pagarete, afirmou nesta segunda-feira que vai pedir indenização ao governo português, segundo o "Diário de Notícias". Ele teria enfatizado, porém, que está empenhado agora em impedir que seu cliente continue sendo interrogado.
Pais confiantes
Os pais de Madeleine disseram nesta terça-feira acreditar que a filha ainda está viva, apesar das últimas notícias divulgadas pela imprensa. "Na última semana, quando nos encontramos com a polícia, eles disseram que 'estavam procurando por uma criança viva'. E disseram isso várias vezes", afirmou a mãe da menina à Sky News.
"Não somos ingênuos, mas em várias ocasiões a polícia portuguesa nos disse que estava procurando por Madeleine viva e não que ela tivesse sido assassinada", disse o pai. "E eu não sei nenhuma informação de que isso tenha mudado."
Com Associated Press, "O Público" e "Diário de Notícias"