Depois de a justiça anunciar seu veredicto, o juiz Richard Henriques multou a polícia no valor equivalente a 364.000 dólares na moeda local e ordenou ainda que a força pagasse 800.000 dólares de custos.
O advogado da polícia metropolitana sustentou, por sua vez, que Jean Charles reagiu "de maneira agressiva e ameaçadora" quando foi parado pelos policiais.
Em 22 de julho de 2005, na estação de metrô de Stockwell, sul de Londres, o brasileiro recebeu sete tiros na cabeça ao ser confundido por policiais britânicos com Hussain Osman, terrorista que foi condenado a prisão perpétua no início deste ano.
A morte de Jean Charles ocorreu num momento em que a capital inglesa ainda estava traumatizada com a série de atentados terroristas ocorridos duas semanas antes que deixaram 52 mortos e 700 feridos. No dia anterior, a polícia havia frustrado outro ataque.
O segundo maior partido britânico, o centro-esquerdista Liberal Democrata, imediatamente pediu que o comissário Ian Blair, oficial responsável pela operação, se demitisse.
"O veredicto torna inevitável que Ian Blair assuma a responsabilidade em nome da organização inteira e renuncie", disse o empresário porta-voz Nick Clegg, que luta para ser o próximo líder do partido.
"A principal prioridade hoje é mostrar que nós temos uma força policial em Londres preparada para assumir inteiramente a responsabilidade por seus atos".
Mas o responsável pela Metropolitan Police Authority (MPA), que acompanha o cotidiano e as finanças da polícia, expressou seu completo apoio a Blair.
"O MPA apóia completamente o comissário e vai continuar a trabalhar com ele, com sua equipe e com todo o pessoal da MPS para alcançar um alto nível de qualidade da polícia e para todos em Londres voltem a confiar na instituição", disse Len Duvall.
No ano passado, promotores britânicos absolveram os oficiais que atiraram contra Jean Charles por "evidências insuficientes".
Esta decisão irritou a família de Jean Charles, que acusava a polícia de encobrir a situação. O governo brasileiro também expressou seu desapontamento.
A polícia negou a acusação de que teria havido 19 "falhas fundamentais" de Scotland Yard e de que teria cometido uma série de "erros catastróficos", que acabaram culminando na morte do brasileiro de 27 anos.
No final do caso, o juiz Henriques falou à corte: "Este foi um caso isolado ocorrido em circunstâncias extraordinárias. Uma pessoa morreu e muitas outras foram postas em perigo potencial".
O juiz acrescentou que a pesada multa poderia causar perdas para os cofres públicos e para os custos da polícia.