ALTAMIRO BORGES
A disputa deste ano do Prêmio iBest – baseado no voto direto dos internautas e considerado por muitos como “o Oscar da internet brasileira” – revela que a sociedade também está dividida entre a esquerda e a direita no ciberespaço. Nos primeiros lugares na categoria de “cidadania-política” encontram-se três sites identificados com as idéias progressistas – Conversa Afiada, Vermelho e PT. Mas já na quarta colocação, com estreita diferença, está a página de ultradireita “Mídia Sem Máscara”. Isto não significa que o site seja “cachorro morto”, até porque a votação vai até maio e ele já levou o prêmio no ano passado, quando os critérios do iBest eram bem mais restritivos.
Alucinações do “filósofo”
Para quem tiver estômago, vale à pena conhecer as teses ultra-reacionárias do site, que é editado pelo “filósofo” Olavo de Carvalho. Já na apresentação da página, o fascistóide escancara a sua esquizofrenia. “Mídia Sem Máscara é um website destinado a publicar idéias e notícias que são sistematicamente escondidas, desprezadas e distorcidas em virtude do viés esquerdista da grande mídia brasileira”. Para este lunático, que teme o perigo comunista até na sobra, a revista Veja, os jornais Folha e Estadão e a TV Globo dão espaço em demasia para a “manipulação esquerdista”. Olavo de Carvalho gostaria que estes veículos, que já são direitistas, pregassem abertamente um novo golpe militar, novas prisões e torturas e o retorno à ditadura, e bradassem: “Hai, Hitler!”.
Ridicularizado até por setores conservadores mais hábeis e sutis, ele se ressente do isolamento. “No Brasil, os poucos que tentam enfrentar essa situação são vítimas do ódio, da covardia e da mesquinhez de expedientes a que homens poderosos têm recorrido para nos calar. A má vontade surda e cega – quando não a ironia e a chacota – que os indiferentes e alienados opõem são indescritíveis. O que torna as coisas ainda mais difíceis é que nos últimos anos o estimulo geral à expressão de crenças esquerdistas encorajou todos os analfabetos do país”, resmunga o fascista num linguajar preconceituoso. Mas o fundamentalista é bem persistente: “Pouco nos importa a desproporção de forças. Quando os grandes se acovardam, os pequenos têm de dar o exemplo”.