Madrasta admite que tinha ciúmes da mãe de Isabella
Em depoimento à polícia, Anna Carolina Trotta Jatobá, madrasta de Isabella, de 5 anos, que morreu após cair do 6º andar de prédio na zona norte de São Paulo, confessou que já teve muitos desentendimentos com a mãe da menina, que inicialmente tinha ciúmes desta com seu marido, sendo que alguns desentendimentos terminaram há pouco tempo, quando seu filho Pietro passou a freqüentar a mesma escola que Isabella. Anna Carolina disse que seu relacionamento com a menina era "ótimo". É o que se confirma com a leitura da íntegra dos depoimentos aos quais o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso.
Veja trechos do depoimento:
Declarou que (...) quando conheceu Alexandre, ele não mantinha qualquer relacionamento com Ana Carolina, com a qual teve uma filha, Isabella (...) Que tem conhecimento que Alexandre efetuava o pagamento da pensão alimentícia a Isabella, cujo valor não sabe informar, entretanto recorda-se que houve uma revisão de pensão na Justiça, para aumento do valor da pensão (...) Informa que conhecia Ana Carolina, mãe de Isabella, e confessa que já teve muitos desentendimentos com esta no decorrer da relação com Alexandre, visto que inicialmente tinha ciúmes desta com seu marido, sendo que alguns desentendimentos e intrigas terminaram pouco tempo atrás, quando seu filho Pietro passou a freqüentar a mesma escola que Isabella e então ligava para Ana Carolina perguntando se poderia apanhar Isabella, inclusive para levá-la para sua casa às sextas-feiras.
(... )Informa que o relacionamento com Isabella era ótimo, informando que eram apaixonadas (...) Que Isabella era calma, bastante boazinha e meiguinha, e nunca precisou repreendê-la e que ela dizia que gostava de ficar com a as criança porque fazia tudo o que ela queria, inclusive era querida pelos irmãos, que a amavam (...) Confessa que Alexandre já lhe deu palmadas a fim de repreendê-los (...) Alexandre era bom esposo e não tem comportamento agressivo, e parece-lhe calmo até demais e que não gosta de discussões (...) Que, na sexta-feira, Isabella não foi para a escola e por volta das 14h30 apanhou a menina na casa dos avós maternos; que não houve qualquer problema naquele dia; que Alexandre tinha conhecimento que a declarante estava naquela tarde com Isabella; que freqüentaram a piscina do prédio; que Isabella estava bem e nada de anormal aconteceu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
Caso Isabella: polícia estranha depoimentos do casal
“Alexandre e Anna Carolina, os quais em tudo concordam e possuem a mesma opinião acerca do ocorrido, não apresentaram em momento algum, desde o primeiro contato que tiveram com as autoridades, horas depois do fato, qualquer dúvida, qualquer questionamento, tampouco sensação de estranheza diante das circunstâncias da cena do crime, diferentemente de todas as demais pessoas”. É a opinião da delegada-assistente do 9º Distrito Policial (Carandiru), Renata Helena da Silva Pontes, sobre o assassinato de Isabela Nardoni, de 5 anos. É o que se confirma com a leitura da íntegra dos depoimentos aos quais o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso.
A polícia diz não ter dúvidas que Alexandre Alves Nardoni, de 29 anos, pai, e Anna Carolina Jatobá, de 24, madrasta da menina, mataram Isabella. Falta concluir “quanto à motivação e individualizar a conduta” do casal. A menina morreu no dia 29 de março, após cair do 6º andar do apartamento em que vivem seu pai, a madrasta e dois meio-irmãos, na zona norte de São Paulo.
Os depoimentos do inquérito revelam os momentos de pânico no Edifício London pouco depois da queda da menina. Alexandre contou que ao chegar ao edifício os três filhos dormiam no carro quando ele subiu com Isabella, enquanto a mulher aguardava no veículo para que pudesse auxiliá-la com as demais crianças. Segundo a polícia, entre o momento em que o pai diz ter chegado ao prédio e a queda da menina passaram-se 19 minutos. Alexandre afirmou que deixou Isabella e foi à garagem apanhar seus outros dois filhos e Anna Carolina. Quando voltou ao apartamento, a porta ainda estava trancada. A polícia constatou que não havia sinais de arrombamento ou invasão no prédio.
Ao chegar ao quarto da Isabella, Alexandre contou que “viu que esta não se encontrava na cama”. Então, com o filho no braço, entrou no quarto dos meninos e viu “pingos de sangue no chão”. A janela estava aberta e havia um corte na tela de proteção. Ao olhar pela janela, ele viu que sua filha estava caída lá embaixo.
O quadro começou a mudar quando a polícia ouviu testemunhas que disseram que, antes da queda, ouviram uma criança gritar: “Papai, papai, papai, pára, pára!” Outras duas relataram uma discussão entre o casal. Os médicos-legistas constataram que “a vítima tinha sinais claros de asfixia”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo (AE)
Polícia deseja fazer novos exames para esclarecer a causa da morte e quantas pessoas participaram do assassinato
São Paulo – Investigadores e peritos que trabalham para esclarecer a morte de Isabella Nardoni, de 5 anos, não descartam a possibilidade de exumar o corpo da menina, que há 17 dias foi jogada de uma janela do apartamento do pai, Alexandre Nardoni, de 29, e da madrasta, Anna Carolina Jatobá, de 24, no sexto andar de um prédio da Zona Norte de São Paulo. Os exames feitos no cadáver seriam necessários para individualizar o crime, já que a polícia acredita que Isabella foi agredida e morta por mais de uma pessoa. O corpo está enterrado no Cemitério Parque dos Pinheiros, na Serra da Cantareira.
Segundo uma fonte policial, o exame seria fundamental para confirmar de quem é a mão que esganou o pescoço de Isabella e para determinar com precisão a causa da morte: asfixia, espancamento ou a queda. O pedido de exumação está sendo analisado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público e depende do resultado de uma das perícias, que ficarão prontas até sexta-feira.
Especialistas do Instituto de Criminalística (IC) e do Núcleo de Física da Polícia Científica voltaram ontem ao apartamento de Alexandre e Anna Carolina para realizar a oitava perícia no local. Os técnicos passaram uma hora e meia no imóvel, bateram várias fotos e usaram novamente uma boneca no jardim do prédio para simular a posição em que Isabella caiu. No fim de semana, os técnicos do IC descobriram, por meio de exames, que a garota teria sido carregada do chão até a janela em um tecido, provavelmente uma toalha, sendo arremessada em seguida. Os peritos fizeram a simulação com uma toalha vermelha e outra azul, pertencentes ao casal suspeito. Os investigadores acreditam que o tecido teria servido para proteger os agressores do sangue da vítima.
Inquérito
Dois vizinhos que depuseram na segunda confirmaram que Alexandre e Anna Carolina discutiram momentos antes de Isabella ser encontrada no jardim do prédio. “O inquérito já tem 600 páginas, distribuídas em dois volumes, e nós vamos concluí-lo dentro do prazo legal”, disse a delegada Renata Helena Pontes. Ainda nesta semana, deverá ser ouvida a irmã de Alexandre, Cristiane Nardoni, de 26, que teria recebido um telefonema do pai, Antônio Nardoni, comunicando que Isabella havia sofrido um acidente. A ligação, segundo a polícia, teria ocorrido antes mesmo de o Corpo de Bombeiros ser acionado.
A pedido do delegado Calixto Calil Filho, o advogado Ricardo Martins levou, no início da tarde, as roupas que Isabella e a sua madrasta usaram no dia do crime. Ele esclareceu que duas peças estão manchadas de refrigerante, mas não foram lavadas. As duas teriam derramado Coca-Cola quando lanchavam no supermercado em que foram feitas as últimas imagens da vítima. Só Isabella teria trocado de roupa por causa da mancha, segundo o advogado. “Trouxemos uma camiseta verde de mangas longas e uma blusa vermelha com gola alta, ambas de Anna. E uma blusa estilo bata que pertencia a Isabella”, explicou.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) vai analisar o mérito do pedido de habeas corpus que libertou Alexandre e Anna Carolina só no início de maio. Na segunda-feira, foi definida a pauta do tribunal e a liberdade do casal, que conseguiu soltura graças a uma liminar concedida pelo desembargador Caio Canguçu, não entrou na relação das matérias que a corte julgará este mês. Como a Polícia Civil tem pressa para esclarecer o caso, é possível que os suspeitos de matarem Isabella sejam indiciados antes da análise do TJ-SP.
Segundo uma fonte policial, o exame seria fundamental para confirmar de quem é a mão que esganou o pescoço de Isabella e para determinar com precisão a causa da morte: asfixia, espancamento ou a queda. O pedido de exumação está sendo analisado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público e depende do resultado de uma das perícias, que ficarão prontas até sexta-feira.
Especialistas do Instituto de Criminalística (IC) e do Núcleo de Física da Polícia Científica voltaram ontem ao apartamento de Alexandre e Anna Carolina para realizar a oitava perícia no local. Os técnicos passaram uma hora e meia no imóvel, bateram várias fotos e usaram novamente uma boneca no jardim do prédio para simular a posição em que Isabella caiu. No fim de semana, os técnicos do IC descobriram, por meio de exames, que a garota teria sido carregada do chão até a janela em um tecido, provavelmente uma toalha, sendo arremessada em seguida. Os peritos fizeram a simulação com uma toalha vermelha e outra azul, pertencentes ao casal suspeito. Os investigadores acreditam que o tecido teria servido para proteger os agressores do sangue da vítima.
Inquérito
Dois vizinhos que depuseram na segunda confirmaram que Alexandre e Anna Carolina discutiram momentos antes de Isabella ser encontrada no jardim do prédio. “O inquérito já tem 600 páginas, distribuídas em dois volumes, e nós vamos concluí-lo dentro do prazo legal”, disse a delegada Renata Helena Pontes. Ainda nesta semana, deverá ser ouvida a irmã de Alexandre, Cristiane Nardoni, de 26, que teria recebido um telefonema do pai, Antônio Nardoni, comunicando que Isabella havia sofrido um acidente. A ligação, segundo a polícia, teria ocorrido antes mesmo de o Corpo de Bombeiros ser acionado.
A pedido do delegado Calixto Calil Filho, o advogado Ricardo Martins levou, no início da tarde, as roupas que Isabella e a sua madrasta usaram no dia do crime. Ele esclareceu que duas peças estão manchadas de refrigerante, mas não foram lavadas. As duas teriam derramado Coca-Cola quando lanchavam no supermercado em que foram feitas as últimas imagens da vítima. Só Isabella teria trocado de roupa por causa da mancha, segundo o advogado. “Trouxemos uma camiseta verde de mangas longas e uma blusa vermelha com gola alta, ambas de Anna. E uma blusa estilo bata que pertencia a Isabella”, explicou.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) vai analisar o mérito do pedido de habeas corpus que libertou Alexandre e Anna Carolina só no início de maio. Na segunda-feira, foi definida a pauta do tribunal e a liberdade do casal, que conseguiu soltura graças a uma liminar concedida pelo desembargador Caio Canguçu, não entrou na relação das matérias que a corte julgará este mês. Como a Polícia Civil tem pressa para esclarecer o caso, é possível que os suspeitos de matarem Isabella sejam indiciados antes da análise do TJ-SP.
Inquérito de caso Isabella mostra diferentes versões da noite
O inquérito policial do assassinato da menina Isabella Nardoni, obtido com exclusividade pelo "Jornal Nacional" nesta segunda-feira (14), contém depoimentos de testemunhas com versões divergentes da maneira como os pais da vítima narraram os fatos.
Nos registros fotográficos das investigações, o quarto de Isabella é visto com um baú da personagem Hello Kitty, um velocípede e brinquedos nas estantes. A cama aparece revirada, coberta com um edredon branco que, aparentemente, não tem nenhuma mancha de sangue.
O provável quarto dos meninos aparece sem a rede de proteção cortada, já removida pela perícia.
Decorado em azul, com brinquedos nas estantes, o que mais chama a atenção é esta mancha sobre a cama — de cor compatível com uma mancha de sangue. Um dos banheiros aparece desarrumado nas fotos.
As fotos mostram ainda a cozinha do apartamento da família Nardoni. E o carro de Alexandre, um Ford Ka de cor prata, que foi lacrado pela polícia. Por fim, o gramado, com vestígios da palmeira que, antes de ser cortada, amorteceu a queda de Isabella.
O "Jornal da Globo" revelou na madrugada desta segunda, em primeira mão, outros detalhes do mesmo inquérito. Vizinhos ouvidos pela polícia relataram gritos desesperados de uma criança e uma forte discussão do casal instantes antes do crime.
As diferentes versões do que aconteceu na noite de 29 de março são contadas em 237 páginas.
Um depoimento fundamental é de um vizinho do 1º andar, o primeiro a ser avisado pelo porteiro sobre a queda da menina Isabella, e o primeiro a chamar o resgate.
Ele diz que assistia TV na sala com a porta de vidro da varanda aberta, como de costume, e que, por volta das 23h35, ouviu gritos ao longe de criança dizendo três vezes seguidas: "Papai, papai, papai... pára, pára".
A impressão que ele teve foi de que a criança gritava de um dos apartamentos e não da rua ou dos corredores e elevadores. Passados alguns minutos, cerca de cinco aproximadamente, ele ouviu um estrondo. Era Isabella caindo.
Outra vizinha, uma advogada moradora de uma casa próxima ao prédio, também relata ter ouvido os gritos. Ela tinha cochilado enquanto assistia TV e acordou, não sabe precisar a que horas, ouvindo gritos de criança – que não soube determinar o sexo - dizendo "papai, papai, papai".
A moradora diz que o grito era alto e dava a impressão de ser um grito de chamado pelo pai, como se ele não estivesse ao lado da criança. Era um grito confiante, no sentido de saber que o pai iria ouví-la e atendê-la. Os dois últimos gritos foram mais débeis, mais distanciados, como se a criança tivesse se distanciando para o interior do apartamento. Tratava-se de gritos mais abafados, como se ela tivesse sido repreendida para calar a boca.
A vizinha afirmou ainda que, depois de cessarem os gritos, passaram-se de cinco a oito minutos até que ela começou a ouvir uma mulher gritando. Provavelmente era Anna Carolina Jatobá, depois que Isabella já tinha caído.
Além das testemunhas que relataram ter ouvido os gritos de uma criança, o inquérito também revela algumas inconsistências. Alexandre e Anna Carolina narram uma história muito parecida sobre a seqüência de eventos no apartamento da família. Mas, há diferenças entre os testemunhos do casal e o do porteiro do prédio sobre o que se passou logo depois da queda de Isabella. Também existem diferenças sobre o que o casal disse quanto ao horário da chegada ao Edifício London, na Zona Norte de São Paulo.
Anna Carolina diz que, quando estava voltando da casa do pai, ainda na rua, percebeu que o celular vibrou. Eram 23h29 ou 23h30 e o carro ainda estava a alguns minutos de casa. Já Alexandre diz que entrou na garagem às 23h10 ou 23h20.
Segundo o porteiro, depois que Isabella caiu, Alexandre desceu primeiro e, depois de alguns poucos minutos, a esposa dele chegou ao jardim do prédio. Nos depoimentos de Alexandre e Anna Carolina, ambos dizem que desceram o elevador juntos.
Outra contradição acontece entre Alexandre e um vizinho que mora no prédio ao lado do edifício London. Ele relata ter ouvido, com a mulher, uma briga entre um casal, por volta das 23h, vinda do prédio ao lado. A discussão durou cerca de 15 minutos. Às 23h23, o casal de vizinhos se preparava para dormir, quando ouviu a voz de uma mulher dizendo: "jogaram a Isabella do sexto andar".
Depois, o vizinho diz que abriu a janela do apartamento e viu uma mulher com uma criança no colo, andando de um lado para o outro, falando alto pelo celular — a voz da mulher, que era Ana Carolina Jatobá, era a mesma ouvida na briga, diz a testemunha.
O casal desceu, e ouviu Alexandre Nardoni dizer que tinha visto um desconhecido armado dentro do apartamento dele. Em nenhum de seus depoimentos oficiais, Alexandre disse ter visto um ladrão.
Pegada é compatível com calçado da madrasta
Conclusão é do IC; polícia procura relacionar marca no lençol a demais indícios recolhidos no local do crime
Peritos do Instituto de Criminalística (IC) concluíram que a pegada encontrada no lençol do quarto em que Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, foi jogada, na noite de 29 de março, é compatível com calçado de Anna Carolina Jatobá, de 24, madrasta da garota. Em depoimento, ela declarou que usava tamancos naquela noite e tirou-os assim que entrou no apartamento, deixando-os na cozinha.
Os policiais sabem que, isoladamente, a prova é frágil, mas o objetivo é relacionar essa informação aos indícios recolhidos no apartamento da Rua Santa Leocádia para tentar reconstituir a cena do crime e descobrir quem esteve no local quando a criança foi arremessada.
Duas informações são consideradas fundamentais: a mancha de sangue no lençol e as detectadas na calça jeans e numa camisa da madrasta. ''O cruzamento dessas provas será útil no momento em que tivermos de indicar quem possivelmente estava no quarto no momento em que a menina foi arremessada'', disse um perito ao Estado.
Na avaliação do IC, a distância entre as gotas de sangue encontradas no quarto condiz com os passos de uma pessoa adulta. Como Isabella apresentava profundo corte na testa, os peritos desconfiam que alguém a carregou no colo.
Amanhã à tarde, as equipes do IC e do Instituto Médico-Legal (IML) destacadas para elucidar o caso vão se reunir para tirar as primeiras conclusões que constarão do laudo final. A previsão é de que o documento seja finalizado até sexta-feira, quando os exames de DNA deverão estar prontos.
Ontem à tarde, o advogado Ricardo Martins, um dos defensores de Anna Carolina e Alexandre Alves Nardoni, de 29 anos, esteve no 9º Distrito Policial (Carandiru) para entregar três peças de roupa: uma bata de Isabella, uma camisa verde de manga comprida da madrasta e uma camisa vermelha de gola alta e manga comprida, também de Anna Carolina. Segundo Martins, essas são as roupas que a madrasta e a menina vestiam quando estiveram no supermercado, em Guarulhos, cinco horas antes do crime.
De acordo com o advogado, Isabella trocou de roupa naquele sábado porque teria derramado refrigerante na bata, quando estava na casa dos pais da madrasta. Ao ser socorrida por bombeiros, a garota vestia camiseta de manga curta azul escura e calcinha branca e rosa.
A polícia também já sabe que Anna Carolina trocou a camisa verde por uma blusa preta no dia do crime. A peça foi apreendida na última quinta-feira. O advogado do casal não soube dizer em que momento ou porque Anna Carolina mudou de roupa. ''Estamos entregando essas roupas hoje (ontem), porque só agora a polícia requisitou'', afirmou Martins. Ele assegurou que as peças não foram lavadas.
Rogério Neres de Souza, outro advogado de defesa, reclamou de a investigação focar apenas o casal e disse que pediria para a polícia buscar mais informações, como ouvir as cerca de 20 pessoas que a defesa quer como testemunhas.
Veja o que falta ser esclarecido no caso Isabella
Polícia aguarda conclusão de laudos do IML e IC para realizar reconstituição do crime.
Expectativa é que resultados dos exames de peritos sejam divulgados nesta semana.
Os laudos do Instituto Médico-Legal (IML) e do Instituto de Criminalística (IC) sobre a morte de Isabella Nardoni ainda não foram concluídos e podem ser divulgados nesta semana, segundo a polícia.
Entretanto, resultados preliminares foram publicados pela imprensa. Peritos criminais e médicos-legistas envolvidos na apuração do caso acreditam que há indícios de que a menina Isabella Nardoni, de 5 anos, foi espancada antes de ser arremessada do 6º andar.
Asfixia
Peritos da Polícia Civil de São Paulo concluíram que a criança foi espancada e asfixiada dentro do apartamento, antes de ser jogada pela janela do sexto andar na noite do dia 29 de março, segundo apurou o Jornal Nacional.
Manchas de sangue
Os peritos não encontraram sangue fora do apartamento: as análises apontaram que marcas na porta da residência, na maçaneta e no banco traseiro do carro de Alexandre Nardoni não são de sangue.
A equipe do IC que trabalha no caso também aponta que Anna Carolina Jatobá trocou de blusa na noite da morte da menina de 5 anos. Imagens da câmera de segurança de um supermercado, onde a família foi antes da morte de Isabella, mostra que ela usava na ocasião uma blusa preta, peça que seria diferente da que vestia após o crime.
Os policiais encontraram manchas semelhantes a sangue tanto na calça jeans que a madrasta usava como na blusa. Testemunhas disseram que Anna Carolina não se aproximou de Isabella depois da queda. Os peritos suspeitam que a blusa foi lavada depois do crime.
O casal nega envolvimento na morte da menina. Cristiane Nardoni, tia de Isabella, afasta a hipótese de ter tido qualquer reação que comprometesse seu irmão, após receber a notícia da morte de Isabella por telefone celular, quando estava em um bar da Zona Norte. A polícia pretende intimar a partir desta semana Cristiane Nardoni para prestar depoimento.
Testemunhas
Em entrevista ao Jornal Hoje, o porteiro do edifício residencial London, na Zona Norte da capital, disse que, pela câmera de segurança do prédio, viu que a família Nardoni entrou na garagem “na faixa das 23h10, 23h15”.
Um vídeo, gravado pelo circuito de segurança de um prédio vizinho, registrou o momento em que o casal chegou ao prédio. A polícia analisa o vídeo para saber o horário exato que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá chegaram ao edifício.
A Polícia Civil de São Paulo ouviu até esta segunda-feira (14) 53 testemunhas (de acordo com a Secretaria de Segurança Pública) no caso que apura a morte de Isabella.
Habeas-corpus de casal deve ser definido dia 22
Advogados de defesa entregam roupas de Isabella e da madrasta à polícia
O Tribunal de Justiça de São Paulo deve julgar na próxima terça, dia 22, o mérito do habeas-corpus concedido ao casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina Isabella. Na sexta-feira, o desembargador do tribunal, Caio Eduardo Canguçu de Almeida, concedeu liminar libertando os dois. O mérito será julgado por Canguçu e mais dois desembargadores. Caso os outros dois desembargadores votem contra, o casal pode voltar para a cadeia.
Na manhã de ontem, mais dois vizinhos do casal Nardoni prestaram depoimento no 9º Distrito Policial (Carandiru). Outras testemunhas devem ser ouvidas, mas não se confirmou quantas nem quando. Até o momento, 53 pessoas já prestaram depoimento.
À tarde, os advogados do casal, Ricardo Martins e Rogério Neris, foram ao 9º DP para entregar peças de roupas usadas por Anna Carolina e Isabella durante o dia de 29 de março, data em que a criança morreu, depois de ser supostamente jogada do 6º andar do edifício onde o pai mora.
A preocupação da defesa é com a informação de que, pouco antes de Isabella morrer, Anna Carolina e Alexandre teriam tido uma forte discussão. “Eles (o casal) negam veementemente que tenha havido briga entre eles”, diz Martins.
Saiba o que o pai e a madrasta de Isabella disseram à polícia
Em depoimento, Anna Carolina Jatobá, a madrasta de Isabella, morta aos 5 anos de idade no dia 29 de abril, diz que já teve muitos desentendimentos com a mãe da menina, Ana Carolina de Oliveira, durante a relação com Alexandre.
O motivo, segundo ela, seriam ciúmes. Anna Carolina Jatobá disse que os desentendimentos e as intrigas terminaram pouco tempo atrás. Sobre o relacionamento que mantinha com a menina, ela disse que a convivência era ótima, que elas eram “apaixonadas” e que nunca precisou repreender a criança.
Retrospectiva dos depoimentos:
Com relação ao dia do crime, Anna Carolina Jatobá revelou que eram 23h30, quando ela e Alexandre chegaram ao prédio com Isabella e os dois irmãos. Alexandre estacionou o carro. As três crianças dormiam. Alexandre levou primeiro Isabella para o apartamento, no 6º andar.
A madrasta conta que ficou esperando na garagem, dentro do carro. Ela disse que não sabe ao certo quanto tempo Alexandre demorou no apartamento com Isabella, mas acredita que foi entre 10 e 12 minutos.
Em seguida, ele voltou à garagem e os dois subiram com os irmãos de Isabella. Quando chegaram ao apartamento, Alexandre colocou a chave para abrir a fechadura e notou que a luz do corredor estava acesa, ao contrário do que ele havia deixado.
Alexandre então teria perguntado por Isabella. Anna Carolina teria respondido que a menina deveria ter caído da cama. Os dois viram que a menina não estava no local e perceberam um rasgo na tela de proteção do quarto dos meninos.
Alexandre se aproximou e, ao olhar para baixo, viu a menina caída. Anna Carolina Jatobá diz que viu uma mancha de sangue na cama de um dos filhos e começou a gritar.
As crianças acordaram. Ela também foi até a janela e viu Isabella no jardim. Alexandre teria pedido, então, para que ela telefonasse imediatamente para o pai dele. Os dois desceram com as crianças e, ao chegar ao jardim, a madrasta gritou por socorro.
Segundo Anna Carolina, naquele dia, ela não notou a falta de nenhum objeto no apartamento. No dia seguinte, percebeu que uma câmera digital havia desaparecido, mas não sabe se foi roubo ou não.
Versão de Alexandre
No depoimento, Alexandre Nardoni contou à polícia que o casal chegou ao Edifício London entre 23h10 e 23h20.
Os filhos já estavam dormindo no carro.
Ele subiu primeiro com Isabella.
A mulher ficou no carro, com os outros dois filhos.
Ele abriu a porta do apartamento, que estava trancada.
Acendeu as luzes da entrada, do corredor e do quarto de Isabella.
Ele contou ter colocado a menina na cama e acendeu o abajour.
Arrumou o quarto dos meninos, ao lado, e trancou a janela, que estava semi-aberta.
Ele viu que a rede de proteção da janela estava intacta.
Ficou cinco minutos dentro do apartamento.
Trancou a porta e voltou à garagem.
Pegou os meninos e, junto com a mulher, voltou ao apartamento.
Ao chegar novamente ao apartamento, ele abriu a porta que estava trancada.
Contou aos policiais que, entre descer e subir novamente, passaram-se quatro minutos. Percebeu que as luzes dos quartos de Isabella e dos meninos estavam acesas.
Viu que Isabella não estava na cama.
Entrou no quarto dos meninos, reparou que havia pingos de sangue no chão e que a janela estava totalmente aberta.
A tela de proteção estava cortada em forma de circulo.
Alexandre contou que foi até a janela e viu a filha caída lá embaixo.
Levou um choque e começou a gritar.
Desceu pelo elevador social com Anna Carolina.
Lá embaixo, tentou escutar o coração da filha e percebeu que ela respirava, mas não respondia. Então, ele pediu aos vizinhos que chamassem o Resgate.
G1
Perícia revela detalhes da morte de Isabella
Peritos do Instituto de Criminalística concluíram que o assassino de Isabella Nardoni, 5, a segurou com os braços esticados antes de soltá-la, desacordada e de cabeça para cima, do 6º andar do edifício London, na Vila Isolina Mazzei, zona norte de São Paulo.
Segundo a perícia, ela já havia sido asfixiada antes de ser jogada, mas não estava morta. Foi jogada por um buraco cortado às pressas na tela de proteção da janela do quarto dos irmãos, com uma faca ou tesoura. As novas conclusões da perícia sobre como Isabella foi jogada da janela não determinam quem ou quantas pessoas participaram do crime.
A perícia encontrou na parte externa do edifício -logo abaixo do parapeito da janela- marcas feitas pelas mãos da menina. Como ela estava desacordada, durante a queda, suas mãos bateram na parede. As marcas levaram a perícia a concluir que Isabella estava com a face voltada para o prédio.
Os peritos só não têm certeza sobre um detalhe da queda: o assassino pode ter passado primeiro as pernas da menina pelo buraco da tela, sempre segurando-a pelos braços, ou inserido primeiro seu quadril pelo furo na tela. Na segunda opção, Isabella estaria com o corpo dobrado ao passar pelo buraco.
Esse processo deixou vestígios de sangue na tela e uma gota no parapeito. Os peritos supõe que o sangue tenha saído de um corte de dois centímetros que a menina tinha na testa. A gota indicaria que a cabeça de Isabella passou bem próxima ao parapeito da janela.
Contudo, ainda não está concluído o laudo que confirmará ou não a hipótese da polícia de que o sangue achado é de Isabella. Ele deve ser apresentados pelo IC à polícia na próxima quinta-feira.
Caso Isabella: avô desconfia de cabo ligado à casa
Antônio Nardoni, pai de Alexandre Nardoni, afirmou hoje que vai acionar a polícia para saber quem instalou um cabo que sai de poste na rua e vai para a casa dele. O cabo preto sai do poste de telefone.
"Nós achamos que pode ser alguém que tenha colocado, mas não vou aqui acusar ninguém. Mas nós já ligamos, inclusive, para a polícia para verificar se alguém colocou aí", disse ao Jornal Hoje.
Segundo um vizinho da família Nardoni, o fio seria da net e ele já teria pedido para o pai de Alexandre arrumar o fio, pois está frouxo e passa pela frente da sua sacada.
Antônio Nardoni chegou em casa no início da tarde de hoje e falou rapidamente com os jornalistas. Cristiane, irmã de Alexandre, atendeu a imprensa pelo interfone, mas não quis dar declarações. Ela disse que poderá falar à tarde.
Como o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Trotta Jatobá foi libertado da prisão temporária, na sexta-feira, por ausência de indícios de que iriam obstruir o trabalho da polícia, um outro pedido de prisão teria de se basear em fatos novos.
O desembargador Caio Canguçu de Almeida, da 4ª Câmara Criminal de São Paulo, que concedeu a liminar em habeas-corpus a Alexandre e Anna Carolina, alegou em seu despacho que eles não deram até o momento prova de comprometer, dificultar ou impedir a apuração.
Isabella foi encontrada ferida, no sábado, dia 29 de março, no jardim do prédio onde moram o pai e a madrasta, na zona norte de São Paulo. Segundo os Bombeiros, a menina chegou a ser socorrida e levada ao Pronto-Socorro da Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu por volta da 0h. Há suspeitas de que ela tenha sido atirada da janela do apartamento, no 6º andar do edifício.
por Terra