CASO ISABELLA - MOTIVO SERÁ APONTADO

Policia vai pedir mais prazo para concluir caso Isabella



Termina no início da semana que vem o prazo para a polícia concluir as investigações sobre a morte da menina Isabella. Ela morreu no dia 29 de março no prédio onde moravam o pai e a madrasta, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá - considerados suspeitos do crime. O prazo para o encerramento dos trabalhos da polícia é de 30 dias, mas pode ser prorrogado. De acordo com o promotor responsável pelo caso, Francisco Cembranelli, não está descartada a hipótese de a polícia pedir mais tempo para a conclusão.

Assim que os seis volumes e mais de 1,2 mil páginas do inquérito forem entregues ao promotor, ele tem 15 dias para oferecer a denúncia à Justiça. Se o juiz aceitar, Alexandre Nardoni e Anna Carolina passam a ser réus e podem ir a júri popular.

Até quarta-feira, 64 pessoas haviam sido ouvidas pela Polícia, entre elas estão pai e madrasta de Isabella, os únicos que falaram na condição de suspeitos.

Os dois últimos a prestarem depoimento foram o do avô e da tia de Isabella, Antonio e Cristiane Nardoni. Pai e filha afirmaram a inocência do casal suspeito e negaram ter destruído provas do crime no período em que o apartamento não estava lacrado pela perícia.

Agora que terminou de colher os depoimentos, a polícia pretende estabelecer a seqüência de fatos que terminaram na morte da menina. A reconstituição do crime está marcada para as 9 horas de domingo.

Alexandre Nardoni e Anna Carolina vão participar, assim como a mãe de Isabella, Ana Carolina de Oliveira. Também participarão o avô e a tia da menina, dois vizinhos, o porteiro do prédio, os funcionários do resgate e a mulher do subsíndico.

A polícia vai reconstituir a cena do crime baseada nas informações apuradas pelos investigadores, mas também na versão apresentada pelo casal. Além disso, vai cronometrar toda a seqüência narrada pelo pai e pela madrasta da menina.

O promotor Francisco Cembranelli, que acompanha o caso Isabella, afirmou na noite desta quinta-feira (24) que as investigações da Polícia Civil apontarão a motivação do assassinato da menina. O pai e a madrasta, Alexandre e Anna Carolina Jatobá, foram indiciados pelo crime. "Temos idéia da motivação. Isso vai ser anunciado no momento oportuno. Tudo foi bem documentado", disse.

Ele afirmou ainda que uma tentativa de remover os vestígios do assassinato da menina de 5 anos "quase prejudicou" o trabalho da perícia. "O Instituto de Criminalística comprovou por meio de laudo que houve remoção do sangue com produtos que quase prejudicaram a perícia", disse.

Sem adiantar detalhes dos laudos, ele disse que o
inquérito será concluído dentro do tempo previsto e os responsáveis por alterar o local serão indicados "no momento oportuno". "Não se sabe exatamente em que momento, mas a perícia comprovou que houve, sim, manipulação", afirmou. Além disso, ao ser indagado se Anna Carolina Jatobá, a madrasta de Isabella, teria lavado roupas para esconder manchas de sangue, o promotor afirmou: "tudo indica que sim".

O promotor reafirmou que Isabella já estava ferida dentro do carro do casal e que alguém tentou esconder as marcas. "Não há dúvida disso", afirmou. Segundo ele, havia três manchas de sangue no carro e apenas uma apresentava condições para fazer exame de DNA.

"É preciso ressaltar que essas manchas foram capturadas com muito sacrifício, elas também foram lavadas e só foram obtidas com luminol. As próprias circunstâncias indicam que eram da Isabella. Nós temos a posição de Isabella, confirmada pelo próprio casal e são marcas bastante significativas", declarou.

O promotor contestou as declarações dos advogados de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, que afirmaram não haver sangue no veículo. "Parece que o laudo não foi lido, então. Evidente que foi feito o exame relacionado a isso e a conclusão é clara, absolutamente clara. Só não vê quem não quer", disse.

Em depoimentos, o avô e a tia da garota, Antônio e Cristiane Nardoni, confirmaram ter passado no apartamento após o crime, mas negaram ter removido provas. "As pessoas que entraram [no apartamento] negaram. Não existe qualquer elemento que determine qualquer responsabilidade pela alteração do local. Isso também vai ser considerado em um contexto e os responsáveis serão indicados no momento oportuno", concluiu.


SÃO PAULO - A versão de Alexandre Nardoni, 29, de ter deixado Isabella Nardoni, 5, no quarto enquanto voltava ao carro para buscar a mulher e os dois filhos, que dormiam, pode estar perto de ser totalmente desmontada pela polícia. O promotor Francisco Cembranelli afirmou que há elementos que provam que a família subiu junta para o apartamento ao chegar no edifício London na noite do crime.

- Há elementos de provas de que a família toda subiu junta e estava no apartamento no momento em que Isabella foi atirada - disse o promotor.

Segundo ele, o inquérito será encerrado dentro do prazo, na segunda-feira, após a reconstituição do crime marcada para este domingo. O promotor confirmou que algumas provas do crime foram apagadas do apartamento com a finalidade de encobrir os assassinos.

- Tentaram remover e removeram algumas. O trabalho da perícia indica que o local foi alterado. Se tentou maquiar a versão verdadeira - afirmou Cembranellli.

Antonio Nardoni e Cristiane Nardoni, avô paterno e tia de Isabella, estão sendo investigados pela polícia, que quer saber se foram eles que alteraram a cena do crime. Nardoni foi ao apartamento nos dois dias seguintes ao crime, o domingo e a segunda-feira, e afirmou à polícia que esteve lá para pegar roupas. Cristiane disse que entrou apenas para apagar as luzes e a polícia investiga a compra de uma tintura para cabelo, um dia após a tragédia, feita numa farmácia. A tintura vem com luva.

O promotor afirmou que a perícia confirmou a existência de sangue de Isabella no carro do casal e que sabe exatamente até qual a posição da menina no carro e que isso será importante para aliar a outras informações.


Caso Isabella: Menina foi jogada no gramado para que não se machucasse, disse promotor

O promotor responsável pelo caso Isabella Nardoni, Francisco Cembranelli, disse nessa quinta-feira em entrevista coletiva, que o assassino da menina desejou que ela não se machucasse muito e, por isso, a jogou do quarto dos irmãos, pois, assim, ela cairia sobre o gramado e não sobre o piso de granito do prédio.

Cembranelli afirmou que há provas no inquérito que comprovam que Alexandre Nardoni e Anna Jatobá estavam no apartamento do casal no momento do crime.

Durante a entrevista, o promotor deixou transparecer sua convicção de que o casal Nardoni participou do crime, dizendo que há indícios suficientes que indicam que Anna, Alexandre e os dois filhos subiram juntos e estavam no apartamento no momento em que a menina foi lançada.

Além disso, ele contestou a afirmação dos advogados do casal de que os laudos do inquérito são inclusivos sobre a existência de sangue de Isabella no carro da família. Para o promotor, a conclusão é clara e o sangue presente no veículo é mesmo da garota.

Questionado sobre a possibilidade de um dos indiciados ser acusado apenas por lesão corporal grave, em virtude do asfixiamento da Isabella, Cembranelli disse que não considera esta hipótese pois há apenas um delito cometido, o de homicídio doloso, ou seja, com a intenção de matar.

O promotor afirmou ainda que a cena do crime foi modificada para tentar maquiar a versão verdadeira dos fatos.

(FP)


Até agora, só casal foi convocado para reconstituição

A Polícia Civil de São Paulo não havia convocado até o início da tarde a mãe de Isabella Nardoni, Ana Carolina Oliveira, ou o avô e a tia da menina, Antônio e Cristiane Nardoni, para a reconstituição do crime, que acontece domingo no Edifício London, na Vila Isolina Mazzei, zona norte da capital paulista. Todos estiveram no local do assassinato na noite de 29 de março, quando ela foi agredida e jogada do sexto andar do prédio. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) confirma apenas a convocação dos dois indiciados no inquérito policial, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da criança.

Estarão na reconstituição, para confrontar a versão do casal e da polícia, os delegados do 9º Distrito Policial (DP) que investigam o caso, peritos do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico Legal (IML) e os advogados. O promotor de Justiça Francisco Cembranelli confirmou ontem que também estará na reconstituição.

Fonte: Agência Estado