Dólar sobe pela 1ª vez no mês e fecha a R$ 1,69


O mercado cambial doméstico rendeu-se hoje à piora do sentimento dos investidores sobre os Estados Unidos e subiu, após operar em queda nas oito sessões anteriores deste mês. Parte da correção resultou da piora da aversão a risco no mercado, que se refletiu na queda generalizada das bolsas de valores, recuo do dólar ante o euro e o iene e aumento da demanda por títulos do Tesouro dos EUA.

Outra parcela de pressão derivou de comentários de que o uma empresa nacional do setor de papel e celulose deve fazer na segunda-feira uma remessa financeira de cerca de US$ 1 bilhão, para honrar compromissos assumidos no exterior. Essa expectativa e a previsão de uma agenda rica em eventos e indicadores aqui e lá fora na próxima semana estimularam a alta da moeda americana em relação ao real.

O dólar comercial subiu 0,30% e terminou o dia a R$ 1,69. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar negociado à vista avançou 0,39%, para R$ 1,6905. Com a continuidade do fluxo cambial positivo, o giro financeiro total à vista aumentou 32%, para cerca de US$ 4,153 bilhões.

Desde cedo, o resultado ruim da General Electric no primeiro trimestre, a queda do índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan e o aumento dos preços de importação em março nos Estados Unidos elevaram as preocupações do mercado com o enfraquecimento da economia real americana em meio à pressão inflacionária. Como na próxima semana serão divulgados nos EUA dados relacionados à demanda no comércio e os índices de inflação no atacado e no varejo, os investidores ajustaram posições defensivas dado o temor de que os próximos dados reforcem a possibilidade de uma estagflação no país.

"Algumas tesourarias e investidores estrangeiros reduziram um pouco suas posições vendidas (de aposta de queda do dólar) diante do aumento da cautela com a economia americana", disse um operador.

No início da tarde, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou em Washington, que não acredita que o estabelecimento de controle para entrada de capital seja a solução para o Brasil, com objetivo de abrandar a valorização da moeda brasileira. O comentário foi feito em relação à ponderação do economista-chefe do Banco Mundial para América Latina e Caribe, Augusto de la Torre, que citou, nesta semana, o controle de capitais como uma opção para amenizar a valorização das moedas na região.