Funcionários da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) de 19 Estados e do Distrito Federal entraram em greve nesta terça-feira por tempo indeterminado. Os Correios informaram que a diretoria da empresa está reunida com o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e com autoridades do governo para tentar resolver o impasse. A intenção é solucionar o caso até quarta-feira.
Segundo a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares), 22 sindicatos aderiram à paralisação. Os servidores reivindicam um adicional de periculosidade equivalente a 30% do salário por mês, aumento no percentual da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), mais contratações, a implementação de um plano de carreira e a retomada do antigo plano de pensão, Postalis, que está sendo substituído pelo Postalprev.
De acordo com a assessoria de imprensa dos Correios, o bônus de 30% exigido pelos servidores foi pago por três meses, após acordo fechado em novembro, mas foi suspenso porque era de caráter emergencial. Para que o abono volte a ser incorporado ao salário dos carteiros é preciso que o governo autorize. Os Correios informaram ainda que a legislação não permite que eles recebam adicional por periculosidade --segundo a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), só tem direito a esse adicional quem tem contato permanente com inflamáveis ou explosivos.
Segundo José Gonçalves, um dos representantes da Fentect no comando de greve, entre 80% e 90% dos carteiros --grupo em que está a maior parte dos grevistas-- estão de braços cruzados. Os Correios devem divulgar um balanço da greve no fim da tarde desta terça-feira.
Gonçalves informou que já aderiram à paralisação Alagoas, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Sul, Goiás, Tocantins, Ceará, Rondônia, Acre, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Paraná, Pará, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Minas Gerais e São Paulo (incluindo a capital, Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, que têm sindicatos separados).
De acordo com o secretário-geral da federação, Manoel Cantoara, "o nível de insatisfação com relação ao não-cumprimento de acordo feito com o Ministério das Comunicações sobre um adicional de periculosidade deixou muita gente indignada".
"Queremos reunião com o ministro [Hélio Costa], com o presidente Lula. Eles prometeram e deixaram de cumprir", afirmou Gonçalves à Folha Online. Ele participa de passeata da categoria em Brasília na manhã desta terça.
Durante o período de greve, as agências dos Correios funcionam normalmente, mas não há garantia de entrega das correspondências. Assim, os serviços que garantem a entrega em prazo pré-estipulado --Sedex 10 e Sedex Hoje, por exemplo, além do Disque Coleta-- não funcionam. Em São Paulo, os Correios têm 22 mil funcionários.
2007
No ano passado, os Correios ficaram em greve por nove dias. Os empregados da estatal decidiram voltar ao trabalho após receber reajuste de 3,74% (ante reivindicação inicial de 47,77%), abono de R$ 500, aumento linear de R$ 60 em janeiro, vale-alimentação extra de R$ 391 em dezembro, inclusão dos pais de novos funcionários no plano de saúde e auxílio-creche para até 7 anos de idade, além da não-reposição dos dias de paralisação.