Rã sem pulmões intriga cientistas


JACARTA (AFP) - A descoberta, na Indonésia, de uma nova espécie de rã capaz de respirar sem pulmões poderá ajudar a desvendar novas questões sobre a evolução animal, explicou nesta sexta-feira o biólogo David Bickford, da Universidade Nacional de Cingapura.

A rã foi descoberta em agosto de 2007 na ilha de Bornéu. Sua dissecação demonstrou que ela podia respirar perfeitamente através da pele, explicou Bickford.

Inúmeras rãs respiram parcialmente pela pele, mas essa, batizada barbourula kalimantanensis, é a primeira a ter evoluído abandonando por completo os pulmões.

Essa característica se opõe ao curso habitual da evolução entendida atualmente, segundo a qual os animais desenvolveram os pulmões para passar da vida aquática ao ar livre, segundo Bickford.

"E aqui temos uma rã que inverteu a tendência, a contracorrente do saber tradicional que se tem sobre os milhões de anos da evolução", declarou o especialista.

A rã perdeu, supostamente, seus pulmões ao longo de milhões de anos com o objetivo de se adaptar as correntes frias e rápidas dos rios dos Bosques de Bornéu. A água fria contém mais oxigênio, argumentou Bickford.

Apenas outras três espécies de anfíbios, entre elas dois tipos de salamandras, são conhecidas por ter evoluído sem pulmões.

A rã sem pulmões de Bornéu tem uma aparência muito particular. "É como uma torta, praticamente plana", descreveu. "É bonita, da mesma foram que um buldogue é bonito. É uma dessas criaturas que de tão feias ficam lindas".

Dezenas de espécies animal e vegetal são descobertas no Bornéo todo o ano, uma das áreas mais ricas em diversidade.