Interpol no Brasil recebeu denúncias sobre o caso Madeleine
MARIANA CAMPOS
da Folha Online
O delegado da Polícia Federal e chefe da Interpol no Brasil, Jorge Pontes, confirmou ter recebido denúncias sobre a possibilidade de a menina Madeleine McCann, que desapareceu há mais de um ano no sul de Portugal, ter sido vista no Brasil. Apesar disso, Pontes afirmou que nenhuma das informações pôde ser confirmada.
"Esse caso é intrigante e mexeu com o imaginário das pessoas. O caso sensibilizou de uma maneira geral. Recebemos algumas denúncias de que ela poderia ter sido vista em alguns locais do Rio de Janeiro", disse Pontes em entrevista à Folha Online.
"O que chamou atenção é que duas denúncias foram feitas em um lapso [muito curto de tempo], por volta do maio e junho de 2007, no Rio de Janeiro, em locais diferentes", afirmou o delegado.
Apesar disso, nenhuma delas foi confirmada. "A polícia foi ao local, fez entrevistas, mas não encontrou nada", disse o delegado. Segundo ele, não foram encontradas testemunhas que confirmassem as informações e também não havia câmeras perto dos locais citados cujas imagens pudessem ser usadas em uma averiguação mais detalhada.
"Como o caso é rumoroso, as denúncias são feitas tanto por pessoas mal-intencionadas, querendo tumultuar, como por pessoas que ficam sugestionadas a ver a menina porque estão impressionadas com o sumiço", afirmou ele.
Apesar disso, completou o delegado, "não podemos virar as costas nem subestimar [as informações]". "A polícia é paga para acreditar. E o canal Interpol se vale disso", completou Pontes.
O delegado afirmou também que polícias de vários países da Europa e América do Sul receberam milhares de denúncias semelhantes. "O mundo globalizado faz com que todos tomem conhecimento do drama", disse. Segundo Pontes, não houve necessidade de passar as informações à polícia portuguesa, que concentra a investigação.
Denúncias
De acordo com a delegada da PF e chefe do setor de gerenciamento operacional da Interpol, Marília Moreira Marques, foram recebidas cinco denúncias sobre o caso da menina Madeleine. Dentre elas, três diziam que uma menina com as características de Madeleine havia sido vista no Rio de Janeiro.
A primeira delas, no entanto, foi de um brasileiro que ligou para a Interpol em Londres dizendo ter visto uma menina parecida com a Madeleine em uma feira de livros na Cinelândia, no Rio de Janeiro. A informação foi retransmitida para a Interpol no Brasil. "Os policiais foram ao local, verificaram para ver se conseguiam algum indício, mas nada foi confirmado", disse ela.
A delegada afirma que a polícia também entrou em contato com o brasileiro e ele confirmou ter ligado para a Interpol em Londres pois havia conseguido um telefone do disque-denúncia da capital britânica.
Outra denúncia dizia que uma criança parecida com a Madeleine foi vista na companhia de três homens na rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro. "Os policiais também foram ao local, mas não conseguiram constatar nada", disse.
O outro relato foi de um médico aposentado que informou ter visto uma garota com as características da Madeleine em um bar, também no Rio de Janeiro. Nada foi constatado.
Além dessas denúncias, a delegada afirma que houve também uma informação de que a menina poderia estar na ilha de Malta. A informação foi transmitida para a Interpol de Londres.
A última denúncia foi feita ainda neste ano. "Uma senhora ligou para uma embaixada aqui em Brasília relatando que teria visto, no dia 18 de fevereiro de 2008, em um vôo nacional, uma criança parecida com Madeleine", disse Marques, ressaltando que a averiguação ainda está em curso.
A menina britânica Madeleine McCann sumiu do quarto do apartamento alugado por seus pais, Katherine e Gerry McCann, no complexo turístico de Ocean Club, na praia da Luz, na região do Algarve, em Portugal, no dia 3 de maio de 2007.
O caso veio à tona dois dias depois, em 5 de maio, quando a polícia noticiou as buscas pela menina. Um ano após o desaparecimento da menina, a investigação feita pela polícia portuguesa continua estagnada. Ontem (12), os pais da menina comemoraram o quinto aniversário da filha com uma "reunião particular" entre familiares.