Tenente quis se vingar por desacato
Redação SRZD
Os militares do Exército acusados de terem seqüestrado e entregado três jovens do Morro da Providência, no Centro, a uma quadrilha de traficantes do Morro da Mineira, no Catumbi, dominado por uma facção rival, foram indiciados por triplo homicídio e presos. Os jovens Marcos Paulo Rodrigues, de 17 anos, Wellinghton da Costa, de 19 anos e David da Silva, de 24 anos, foram assassinados depois de terem sido entregues aos traficantes.
Segundo reportagem do jornal "O Globo", o tenente do Exército Vinícius Ghidetti de Moraes Andrade, de 25 anos, suspeito de ter comandado a entrega dos jovens, admitiu ter ameaçado escrever as iniciais da facção que controla o tráfico na Providência na testa dos detidos, antes de deixá-los na outra favela. Segundo os próprios militares indiciados, a idéia do oficial era aplicar um "corretivo" nos jovens por desacato, que por isso foram levados para traficantes de uma favela de facção rival.
Para o delegado Ricardo Dominguez (4ª DP - Central) e a promotora Márcia Velasco, que pediram a prisão dos onze envolvidos, os militares sabiam que os jovens seriam mortos, já que dois dos acusados vivem em áreas dominadas por traficantes e, portanto, teriam conhecimento dos castigos que costumam ser aplicados contra membros de facções rivais. Dominguez e Velasco também afirmaram acreditar que os militares não demonstraram arrependimento depois do ocorrido.
O Ministro da Defesa, Nelson Jobim, considerou inadmissível a conduta dos militares, mas afirmou que o Exército não deve deixar o Morro da Providência, onde desde 2007 faz a segurança de uma obra de urbanização.