Laje de shopping cai e mata operário em RP

Sexta-Feira, 29 de Agosto 2008
Laje de shopping cai e mata operário em RP
CAROLINA ALVES/ESPECIAL

Jornal A Cidade

Laje de shopping cai e mata operário em RP
DEBAIXO DE LAJE
Bombeiros tentam retirar o corpo do operário Carlos Alberto de Oliveira

A queda de uma laje e de uma viga em obra de ampliação do Ribeirão Shopping matou o operário Carlos Alberto de Oliveira, 44 anos, e feriu outros quatro trabalhadores. Oliveira foi esmagado pela estrutura, que pesava 22 toneladas. O acidente ocorreu na tarde de ontem. A assessoria do shopping disse que as causas estão sendo investigadas.

Os feridos Manoel Rodrigues de Jesus, 34, José Talvane Teixeira, 21, José Hélio Faustino Victor, 27, e Levi Martins, 47, foram socorridos no P.S. Central com fraturas nas costelas e escoriações e estão fora de perigo.

Segundo o capitão Jean Carlos de Araújo, do Corpo de Bombeiros, o mestre-de-obras Fábio Willian Cardoso, da construtora Inova TS, responsável pela obra, teria percebido um barulho na viga que dava sustentação à laje antes da queda. “Ele nos disse que, ao ouvir o barulho, gritou para que os operários que estavam debaixo da laje corressem”.

Foi necessária recontagem dos 30 trabalhadores. Só depois veio a confirmação de que Oliveira estava sob a laje. “Utilizamos alavancas e cunhas hidráulicas, com o auxílio do guindaste da obra para retirarmos a laje e a viga de cima do copo”, disse o capitão Araújo. Oliveira teve a cabeça esmagada com impacto da laje.

A assessoria do shopping divulgou nota à imprensa dizendo que a Inova TS Engenharia confirmava o acidente. A nota diz que “as causas estão sendo apuradas e as obras no local do ocorrido estão completamente paralisadas até que se conclua a apuração”. A polícia civil investiga o acidente.

O trânsito na entrada do RibeirãoShopping foi desviado. Os seguranças foram orientados a não comentar o ocorrido nem com imprensa nem com o público que estava no shopping.

A imprensa não teve acesso ao local do acidente, isolado pelos bombeiros.

Ao perceber que os jornalistas tiveram acesso à sacada de um prédio próximo, a construtora improvisou um plástico preto para revestir os andaimes que circundam o canteiro de obras.

Terremoto

Funcionários de uma loja de decoração ao lado da obra disseram que o chão estremeceu quando a laje veio ao chão.

“O barulho foi muito forte. Os objetos dentro da loja chegaram a tremer. Depois subiu uma poeira de terra que foi baixando devagar”, disse o montador André Luis Gabriel.

“Foi uma grande correria. Vi a enfermeira do shopping fazendo massagem cardíaca em um dos feridos”, disse o motorista Luis Carlos Araújo.

Ampliação

A obra onde houve o acidente é para ampliar a praça de alimentação do shopping. O projeto está sob responsabilidade dos engenheiros Carlos Eduardo de Mello e Antonio Carlos de Oliveira.

A empresa Encoplan Engenharia e Planejamento Ltda. é contratada da Multiplan, administradora do RibeirãoShopping, para gerenciar e fiscalizar a obra.

A reportagem tentou contato com a empresa por telefone, ontem à noite, mas ninguém foi encontrado para comentar o acidente.

Além da laje que caiu, há outra estrutura semelhante sustentada por quatro pilastras de concreto. Elas não foram afetadas. Segundo os bombeiros, a obra estava na fase de colocação dessas lajes de cobertura. Elas teriam isopor em seu interior.

“Isso ajudou na quebra do concreto para retirarmos a vítima”, disse o capitão Araújo.

Tudo caiu de repente, diz operário

“A laje já estava no lugar. De repente, desabou tudo. Eu só escutei um grito de ‘corre, corre’. Foi só por Deus mesmo que a gente escapou”, disse o operário José Hélio Faustino Victor, de 27 anos.

Ele conversou com a reportagem ainda na maca do Pronto-Socorro Municipal da avenida Jerônimo Gonçalves, no início da noite de ontem, quando recebia os primeiros cuidados médicos.

“Só vi quando a laje veio arriando em cima da gente. A laje pegou na minha cabeça e no meu pé. Na hora, pensei que ia morrer”, disse o operário José Talvane Teixeira, de 21 anos.

Confusão

Às 19h40, o médico Rodrigo Múcio Bandeira Vilela e o mestre-de-obras da Inova TS, Fábio William Cardoso, acionaram a Polícia Militar (PM) para impedir o fotógrafo de A Cidade, J.F. Pimenta, de registrar imagens do atendimento aos feridos no P.S. Central.

A PM registrou o caso como desentendimento. O repórter Euclides Oliveira, que foi ao P.S. obter informações sobre o estado de saúde dos operaríos, também foi citado na ocorrência. O fotógrafo e o repórter só voltaram para a redação duas horas depois.

RICARDO CANAVEZE E EUCLIDES OLIVEIRA