Maurren Maggi já morou na Cava, em Ribeirão Preto

‘Tartaruga Ninja’ já morou na Cava
Jornal A Cidade

F.L.PITON

‘Tartaruga Ninja’ já morou na Cava
EM SÃO CARLOS Família toda reunida para ver a conquista da medalha, à direita o pai William e a neta

A carreira de Maurren Maggi foi marcada por dificuldades e superação. E um destes momentos a campeã olímpica viveu na Cava do Bosque, em Ribeirão Preto, quando ainda era uma iniciante no atletismo.

Maurren chegou a morar durante um ano nos alojamentos do Complexo Esportivo localizado nos Campos Elíseos. A sua vinda para Ribeirão aconteceu em 1993. Na época a menina de apenas 17 anos deixou a sua cidade natal, São Carlos, e veio treinar na Cava do Bosque a convite de Sidnei Avelino, 46 anos, na época coordenador de um projeto para crianças e adolescentes.

“Um amigo meu de São Carlos, o João Joaquim dos Santos, falou dela e me apresentou em uma competição. Ela tinha o perfil para o projeto e passou a treinar com a gente”, conta Avelino.


O projeto, que anos depois foi batizado de Atletismo e Cidadania, atendia crianças de quatro núcleos (Cava, Vila Virgínia, Unaerp e USP).

“A Maurren deixou São Carlos em busca de uma oportunidade de desenvolver o talento que era inerente nela. Ela tinha capacidade, era uma menina e a cidade dela tinha uma dificuldade em oferecer algo mais e durante o período que ela passou por aqui já mostrava que iria longe”, relembra o treinador, que na época dividia as funções com o monitor de atletismo Paulo Sérgio Rodrigues e auxiliava Maurren e outros adolescentes no salto com barreiras.

“Ela fazia atletismo e até ginástica olímpica em São Carlos. Mas nada era específico. Foi em Ribeirão que o salto em distância apareceu mais”, disse o pai de Maurren, Willian Maggi.

No início da carreira, Maurren competia no salto em distância e nos 100 metros com barreira e precocemente despontou nas competições.

“Na época surpreendeu muita gente conseguindo marcas nacionais e em 1993 ela classificou-se para a competição adulta do salto triplo”, relembra Avelino, emocionado ao falar da sua ex-atleta.

“Hoje estou muito feliz com esta medalha. Mas feliz mesmo por ela. Se Deus nos deu esta missão de participar e contribuir temos que cumpri-la. Eu gosto muito da Maurren e a minha alegria é enorme com a vitória dela”, emendou com a voz embargada.

Tartaruga Ninja

No período em que morou nos alojamentos da Cava do Bosque, Maurren Maggi recebia ajuda da Secretaria Municipal de Esportes (SME). Curiosamente parte da alimentação da atleta vinha de uma pizzaria da cidade, que se dispôs a patrocinar a refeição diária de alguns atletas do alojamento. Felizmente para ela, as pizzas diárias não deram calorias a mais, mas renderam brincadeiras e um apelido entre os colegas. Maggi era conhecida como Tartaruga Ninja, em alusão ao desenho animado das quatro tartarugas que adoram comer pizza.

“Ela recebia uma pizza por dia. Por isso a gente chamava ela de tartaruga ninja. Foi uma fase muito sofrida para ela, mas deu resultado”, lembrou o pai.

“Não é a alimentação perfeita para atletas. Mas tem bastante carboidratos. Às vezes isso ajudou ela a saltar como as tartarugas ninjas”, brincou o orgulhoso pai.

Família unida sofreu e vibrou diante da TV

Ontem, a família esteve reunida na casa dos pais da atleta, na Vila São Caetano, em São Carlos, desde às 6 horas. Até as 14 horas a emoção era muito grande. O pai Willian se emocionava a cada imagem da filha que aparecia nos diversos programas de TV. Cerca de 15 familiares ainda estavam na casa.

A emoção foi ainda maior quando Maurren ligou de Pequim, por volta das 13h30. A mãe Ruth foi a única a falar com a filha. “São Carlos parou para te ver, filha. Você foi linda hoje”, disse a mãe, também muito emocionada. A conversa durou menos de um minuto, pois a filha ainda atendia a imprensa em Pequim. Porém, Maurren não esqueceu de mandar um beijo para a filha Sofia, de três anos.

Segundo o pai, o amor de Maurren pela filha foi determinante para o sucesso. “Tudo que ela passou desde 2000 ela só conseguiu vencer pelo amor que ela tem na família. Em primeiro lugar para ela sempre vem a Sofia, depois os pais e os irmãos. Ela sempre fala que o lugar que ela mais gosta é a nossa casa. Por isso que hoje todos vieram torcer aqui”, disse Willian, que é fã dos Beatles e resolveu dar à filha o mesmo nome da primeira mulher de Ringo Starr, baterista da banda inglesa.

Willian contou sobre o sofrimento no início da prova. “Quando a russa vice-campeã saltou 6,97 no começo, deu um frio na barriga. Mas logo em seguida a Maurren foi perfeita”.

São Carlos promete grandefesta

A cidade de São Carlos promete uma grande festa para a campeã. “Quando ela chegou de Sydney, fizemos uma grande festa. Agora tenho certeza que além do nosso carinho, o público vai recebê-la muito bem”, disse o pai. Maurren deve chegar no Brasil na próxima segunda ou terça-feira.

Tudo porque ela ficará em Pequim até o final dos Jogos. Ontem Maurren foi convidada pelo COB a conduzir a bandeira brasileira na cerimônia de encerramento dos Jogos no estádio Ninho de Pássaro.

JEAN VICENTE E IGOR RAMOS