"O mar devolveu ele para a gente e a gente vai devolver ele para o mar"
Tony Vilela entrou no mar do Guarujá para salvar quatro jovens no domingo (14).
São 9h30 de um domingo chuvoso no Guarujá, e as câmeras da orla procuram quatro surfistas em apuros no mar. Os bombeiros são acionados para socorrer as vítimas.
"Já encontrei um saindo na Praia da Enseada. Ele perguntou sobre o rapaz que o ajudou, como é ele estava. Eu falei: "Infelizmente, afundou nas águas". Foi muito triste", lamenta o bombeiro Joel Ribeiro.
Tony Vilella era um surfista experiente e entrou no mar para tentar salvar os rapazes. Os jovens não conseguiam escapar da correnteza em um dos pontos mais perigosos do Guarujá. O surfista “furou” mais ou menos dez, 15 ondas para passar. Vilella conseguiu tirar os surfistas que estavam de prancha na área de risco. Só que ele perdeu a prancha. Em seguida, a correnteza o jogou nas pedras.O surfista não teve forças para vencer as ondas, que o arremessavam contra o paredão conhecido como Morro do Maluf.
Os bombeiros contam que na manhã do afogamento o mar estava bem agitado, com ondas fortes, que se chocavam com violência contra o paredão. Mesmo assim, um salva-vidas conseguiu chegar bem perto de Vilela, cerca de dois metros. Joel Ribeiro pilotava um jet ski e chegou a ficar a dois metros de distância de Vilela.
"Eu disse: ‘Vem para mim, nada para mim’”, relembra o salva-vidas, que teve apenas cinco segundos para tentar o resgate. "Infelizmente, tive de sair porque veio uma onda muito grande. Tive de fazer a manobra e sair para tentar fazer a reaproximação de novo", recorda.
Amigos e moradores da região acompanharam a tentativa de resgate, que durou 15 minutos. Um helicóptero também foi usado. Eles tentaram, mas estavam muito perto da pedra, e a corda do Corpo de Bombeiros não chegou até o surfista.
"Ele usava só as mãos para subir nas pedras, que têm muito limo, aquele negócio escorregadio. Nos 15 minutos em que eu estava lá, ele tentou se salvar", conta um surfista, que assistiu ao resgate.
O jet ski foi obrigado a sair do local para não ser lançado contra as pedras. Tony foi vencido pelo cansaço. "Ele submergia, subia, até uma hora em que não apareceu mais. Então, vimos que não havia mais nada para fazer", disse Ângela Mancini, uma das testemunhas.
O corpo de Tony só foi encontrado três dias depois, a 5 km do local. Os surfistas que foram salvos não foram identificados.
"Quando entrei na água, não sabia que era Tony quem estava se afogando. Eu sabia que era uma pessoa, um banhista. O que muda? Muda é que você perdeu um amigo, perdeu uma pessoa que corria junto com você para salvamento, perdeu uma pessoa que era muito especial não só para a família dele, para os amigos também", lamenta Ribeiro.
No verão, Tony costumava trabalhar como salva-vidas, e resgates faziam parte da sua rotina de surfista. "Ele sempre foi um herói e mostrou isso para o mundo inteiro. Mas, para a gente, ele não precisava disso para ser herói", diz a irmã Gisele Dutra.
O Tony da Feirinha, como era conhecido, recebeu várias homenagens na internet. Era uma das figuras mais populares no Guarujá. Fazia tatuagens de henna, mas suas duas paixões eram o surfe e a filha, que ontem completou 12 anos. O corpo de Tony foi cremado, e as cinzas serão jogadas no mar.
"O mar devolveu ele para a gente e a gente vai devolver ele para o mar", finaliza de prima dele, Marina Borges.
Tony Vilela entrou no mar do Guarujá para salvar quatro jovens no domingo (14).
Globo.com - G1
Imagens mostram salva-vidas tentando resgatar o surfista Tony Vilella, de 32 anos, no Litoral Sul de São Paulo, antes de ele desaparecer no mar no domingo (14). O surfista entrou na água para salvar quatro jovens. Eles escaparam, mas Vilela foi levado pela correnteza. Uma história dramática que durou 15 minutos.São 9h30 de um domingo chuvoso no Guarujá, e as câmeras da orla procuram quatro surfistas em apuros no mar. Os bombeiros são acionados para socorrer as vítimas.
"Já encontrei um saindo na Praia da Enseada. Ele perguntou sobre o rapaz que o ajudou, como é ele estava. Eu falei: "Infelizmente, afundou nas águas". Foi muito triste", lamenta o bombeiro Joel Ribeiro.
Tony Vilella era um surfista experiente e entrou no mar para tentar salvar os rapazes. Os jovens não conseguiam escapar da correnteza em um dos pontos mais perigosos do Guarujá. O surfista “furou” mais ou menos dez, 15 ondas para passar. Vilella conseguiu tirar os surfistas que estavam de prancha na área de risco. Só que ele perdeu a prancha. Em seguida, a correnteza o jogou nas pedras.O surfista não teve forças para vencer as ondas, que o arremessavam contra o paredão conhecido como Morro do Maluf.
Os bombeiros contam que na manhã do afogamento o mar estava bem agitado, com ondas fortes, que se chocavam com violência contra o paredão. Mesmo assim, um salva-vidas conseguiu chegar bem perto de Vilela, cerca de dois metros. Joel Ribeiro pilotava um jet ski e chegou a ficar a dois metros de distância de Vilela.
"Eu disse: ‘Vem para mim, nada para mim’”, relembra o salva-vidas, que teve apenas cinco segundos para tentar o resgate. "Infelizmente, tive de sair porque veio uma onda muito grande. Tive de fazer a manobra e sair para tentar fazer a reaproximação de novo", recorda.
Amigos e moradores da região acompanharam a tentativa de resgate, que durou 15 minutos. Um helicóptero também foi usado. Eles tentaram, mas estavam muito perto da pedra, e a corda do Corpo de Bombeiros não chegou até o surfista.
"Ele usava só as mãos para subir nas pedras, que têm muito limo, aquele negócio escorregadio. Nos 15 minutos em que eu estava lá, ele tentou se salvar", conta um surfista, que assistiu ao resgate.
O jet ski foi obrigado a sair do local para não ser lançado contra as pedras. Tony foi vencido pelo cansaço. "Ele submergia, subia, até uma hora em que não apareceu mais. Então, vimos que não havia mais nada para fazer", disse Ângela Mancini, uma das testemunhas.
O corpo de Tony só foi encontrado três dias depois, a 5 km do local. Os surfistas que foram salvos não foram identificados.
"Quando entrei na água, não sabia que era Tony quem estava se afogando. Eu sabia que era uma pessoa, um banhista. O que muda? Muda é que você perdeu um amigo, perdeu uma pessoa que corria junto com você para salvamento, perdeu uma pessoa que era muito especial não só para a família dele, para os amigos também", lamenta Ribeiro.
No verão, Tony costumava trabalhar como salva-vidas, e resgates faziam parte da sua rotina de surfista. "Ele sempre foi um herói e mostrou isso para o mundo inteiro. Mas, para a gente, ele não precisava disso para ser herói", diz a irmã Gisele Dutra.
O Tony da Feirinha, como era conhecido, recebeu várias homenagens na internet. Era uma das figuras mais populares no Guarujá. Fazia tatuagens de henna, mas suas duas paixões eram o surfe e a filha, que ontem completou 12 anos. O corpo de Tony foi cremado, e as cinzas serão jogadas no mar.
"O mar devolveu ele para a gente e a gente vai devolver ele para o mar", finaliza de prima dele, Marina Borges.