Transerp quer tirar vagas de estacionamento para criar via de ônibus

Transerp quer tirar vagas para criar via de ônibus

Simei Morais

CAROLINA ALVES/ESPECIAL
Transerp quer tirar vagas para criar via de ônibus
BARÃO DO AMAZONAS
Rua da região central é uma das candidatas a receber corredor de ônibus

A Transerp estuda eliminar vagas de estacionamento de carros em algumas ruas do quadrilátero central para criar vias exclusivas para a circulação de ônibus.

O estudo, ainda em andamento, propõe que carros não invadam as vias dos ônibus, sob risco de penalidade. Há possibilidade de delimitar esses corredores com os chamados tachões, peças de argamassa semelhante a tijolos.

A autarquia deve entregar a proposta técnica ao Executivo ainda este ano, estima o superintendente Antonio Carlos Muniz.

“A velocidade dos coletivos aumentaria, fazendo cair de 20% a 30% o tempo do percurso dos ônibus que passam no Centro”, calcula Muniz.

Depois do estudo pronto, haverá os trâmites políticos para analisar a viabilidade de implantar as medidas, acrescenta o superintendente. O governo deve abrir diálogo com o comércio e a sociedade, diz Muniz.

“A Transerp, que é órgão técnico, faz o estudo. Aí a parte política fica com o prefeito”.

Vagas

A região tem 1.560 vagas de estacionamento, só de área azul. Ainda não há especificação de quais ruas seriam atingidas pelo remanejamento. No entanto, as vias que mais concentram linhas de ônibus estão na mira do estudo.

A Américo Brasiliense, com 35 linhas, e Barão do Amazonas, com 20, são as ruas que mais recebem os coletivos. Elas concentram 30% e 17% das 115 linhas da cidade, respectivamente.

Outras, como Duque de Caxias, Florêncio de Abreu e Lafaiete também são concorridas, comenta o engenheiro Reynaldo Lapate, responsável pelo transporte coletivo, na Transerp.

“Nessas ruas, estão os pontos nevrálgicos, e remanejar estacionamento dará mais espaço para circulação tanto de carros como de ônibus”, diz Lapate.

As linhas mais curtas, que cortam ou margeiam a área central, são as que permanecem mais tempo na região, aponta o engenheiro.

“A linha Sumarezinho, que dura ao todo 40 minutos, fica dez minutos no Centro”, exemplifica.

Nº de pagantes vem caindo

A Transerp aposta no corredor exclusivo para melhorar o transporte coletivo e atrair mais usuários pagantes.

O número de passageiros pagantes caiu 3,5%, de janeiro a agosto de 2008, sobre 2007. No ano anterior, a queda foi de 3,25%, no mesmo período. Enquanto isso, o transporte de não-pagantes (idosos e pessoas portadoras de alguma deficiência) cresceu 4,5%, neste ano, e 6,4%, em 2007.

Mas a possível criação do corredor não aumentará o número de carros nas 115 linhas. “Só se houver demanda”, diz Antonio Carlos Muniz, superintendente da Transerp.

Comerciantes temem queda no movimento

A proposta de retirar o estacionamento nas ruas para criar o corredor de ônibus no Centro, ainda em estudo, não agradou os comerciantes.

Pedro Além Neto, presidente do Sincovarp (Sindicato do Comércio Varejista), diz que a medida pode “criar confusão”. “Já está faltando estacionamento, que serve para a sobrevivência do comércio”, disse.

Ele comenta que o sindicato começou a pedir aos lojistas que recebam caminhões de transporte apenas entre as 7 e 9 horas da manhã, para melhorar o trânsito na região. “Começamos a distribuir a circular na segunda-feira”, afirma.

Lino Strambi, diretor da distrital Centro da Acirp (Associação Comercial e Industrial), disse que quer o projeto concluído para se manifestar.

A vendedora de loja Vanessa Bellagamba diz que o trânsito influencia na decisão de compra. “Há quem passe de carro e decida parar quando vê a vitrine. Sem poder estacionar, isso não vai acontecer”, avalia.

Para a gerente de farmácia Tânia Mil Homens, a restrição não será benéfica. “O problema do trânsito é cultural”, acredita.

O especialista em trânsito Coca Ferraz, da USP, diz que a medida tem que ter um estudo de impacto. “Pode haver degradação do comércio, se as lojas ficarem sem acessibilidade”, alerta.